Camilo diz estimular Chagas e dá um passo a mais no xadrez eleitoral governista de 2026
Ministro da Educação demonstrou preferência pelo chefe da Casa Civil e ainda sinalizou: "o PT não pode querer ter tudo"

A entrevista concedida pelo ministro da Educação, Camilo Santana (PT), aos repórteres Bruno Leite e Nícolas Paulino, do Diário do Nordeste, nesta segunda-feira (26), não deixa dúvidas sobre sua preferência na montagem da chapa majoritária governista que deve ter o governador Elmano como candidato à reeleição em 2026.
Ao comentar o cenário com a habitual cautela diante de forte disputa pelas vagas no Senado, Camilo deu um passo a mais: fez a defesa do nome de Chagas Vieira, secretário da Casa Civil do governo Elmano. A declaração, ainda que embrulhada no discurso de diálogo com os partidos, embute uma mensagem política.
A sinalização pública do ministro revela a intenção de preparar Chagas para assumir um protagonismo eleitoral que ele próprio, segundo Camilo, reluta em aceitar.
Em política, quando um nome é “estimulado” em público por quem tem liderança e capital político, a pré-campanha já está no horizonte.
A fala expõe outro ponto relevante do arranjo interno do grupo governista: o reconhecimento de que o PT precisa ceder espaços em nome da manutenção da aliança. Ao dizer que “o PT não pode ter tudo” e que “precisamos dividir os espaços com nossos aliados”, o ministro reforça a ideia de que a disputa pelo Senado pode – e talvez deva – estar fora da legenda. Isso também agita os bastidores porque há pretenções de petistas e porque o próprio chefe da Casa Civil ainda não está filiado.
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A coluna analisou
Em março deste ano, em análise, esta coluna antecipou esse movimento. À época, destacamos o papel de Chagas no governo Elmano, a nova postura dele no exercício da Casa Civil, com mais visibilidade, e sua condição de elo direto com o ministro Camilo. A entrevista recente cristaliza esse processo.
Nos próximos meses, naturalmente, a evolução do cenário dependerá da capacidade das lideranças de alinhar interesses, construir consensos e evitar fissuras. Mas uma coisa é certa: Chagas Vieira já está no jogo – e com a bênção de Camilo.