A correlação de forças entre os principais partidos de olho na sucessão municipal de 2024

O embate em Fortaleza deve ter reflexos do racha entre PDT e PT ocorrido na pré-campanha da eleição de 2022

Legenda: Na foto do segundo turno da eleição de 2020, Sarto, Roberto Cláudio, Camilo Santana e Cid Gomes aparecem juntos. O grupo se dividiu após o racha ocorrido em 2022
Foto: Natinho Rodrigues

A um ano e meio das eleições municipais de 2024, os partidos políticos de peso no cenário estadual começam a se movimentar para a sucessão nas maiores cidades, principalmente em Fortaleza. Diante de uma nova composição partidária desenhada após o racha entre PT e PDT na eleição do ano passado e das incertezas do cenário, lideranças de forma muito antecipada já estão em busca de informações e de contatos para delinear o cenário de disputa. 

Em 2020, o prefeito José Sarto foi eleito por uma coligação que tinha, formalmente, 10 partidos. Mais do que isso, ele contou com a força do comando de duas máquinas administrativas, caso da Prefeitura de Fortaleza, sob comando de Roberto Cláudio, e do Governo do Estado, sob a gestão de Camilo Santana. 

O apoio do então governador – hoje ministro do governo Lula – só foi declarado no segundo turno, quando o próprio PT anunciou apoio a Sarto, mas a ausência de Camilo nos palanques do primeiro turno e os embates que travou diretamente contra o candidato de oposição, Capitão Wagner (então filiado ao Pros), acabaram, indiretamente, contribuindo para a campanha do PDT. 

Pouco mais de três anos depois, a correlação de forças foi completamente modificada, tanto do ponto de vista partidário como do mapa de lideranças e o peso que terão no próximo confronto. Tudo isso contribui para o cenário de incertezas. 

Mais do que a relação entre os dois maiores partidos do Estado, o racha entre PT e PDT dividiu legendas e lideranças, embaralhando as cartas do jogo sucessório. 

O prefeito, que teve o apoio de 10 partidos em 2020, terá que fazer uma engenharia política bem maior para manter uma boa base. A lógica do apoio partidário, dentro da bagunça que é o sistema político brasileiro, muitas vezes, não se reflete no apoio legislativo à gestão. 

Em tese, neste momento, Sarto tem consigo o PDT, conforme ficou evidente no evento do último fim de semana, e uma grande proximidade com tendência de coligação com a federação PSDB/Cidadania. Élcio Batista, por exemplo, acaba de se filiar ao tucanato.

O PSD, por sua vez, partiu coligado com o PDT na eleição estadual do ano passado, segue próximo da gestão, mas conversa com outras correntes.  

O PL foi agregado ao governo Sarto, mas o próprio prefeito já disse que o partido tem planos de ter uma candidatura própria. 

Grupo ligado ao Governo do Estado 

A corrente política dissidente da eleição de 2020, comandada por Camilo Santana, e que tem agora o Estado sob comando de Elmano de Freitas, conta com os partidos da federação PT, PCdoB e PV, além de PP e MDB.

O Psol se aproximou de Elmano na eleição estadual, mas é uma legenda que procura ter candidato próprio na Capital. 

Oposição à direita 

A oposição à direita, liderada por Capitão Wagner, tem a força do União Brasil, nascido da fusão entre DEM e PSL. Somam-se a esses quadros, as lideranças bolsonaristas cearenses que estão filiadas ao PL. Entrentanto, legendas de menor peso que orbitabam ao redor do grupo se desfizeram, como é o caso do PSC, incorporado pelo Podemos. 

Partidos estão flutuando 

Além das tendências apontadas neste momento, alguns partidos são vistos como centrais na disputa pelos apoios. Um dos casos é o PSB. Na última eleição, o partido indicou o candidato a vice na chapa vencedora com Élcio Batista, mas nem ele mesmo integra mais o partido.  

Nos bastidores, há uma tendência de que o partido se aproxime do grupo governista estadual, mas ainda há articulações em andamento. Outro caso é o do Republicanos. O partido passou a ser comandado, recentemente, por Chiquinho Feitosa em âmbito estadual. É outra legenda que tende a ficar próxima ao grupo aliado de Elmano. 

Outras duas siglas estão flutuando: Podemos e Solidariedade. O primeiro experimentou uma mudança após a desfiliação do senador Eduardo Girão, que foi para o Partido Novo. Há uma tendência de que as lideranças locais dos diversos grupos disputem essas duas legendas. 

Apoios partidários 

Grupo ligado a Camilo Santana e Elmano de Freitas  

  • PT
  • PCdoB
  • PV
  • PP
  • MDB
  • Avante

Oposição à direita  

  • União Brasil
  • PL  

Oposição à esquerda  

  • PDT
  • PSDB/CIDADANIA  

Flutuando  

  • PSD (tende a estar mais próximo do PDT)
  • PSB (Pode ir ao grupo governista estadual)
  • Republicanos (próximo do grupo governista estadual)
  • Podemos (incorporou o PSC)
  • Solidariedade (incorporou o Pros)
  • Psol  (Está próximo do grupo governista estadual, mas pode ter candidato próprio)