A um ano e meio das eleições municipais de 2024, os partidos políticos de peso no cenário estadual começam a se movimentar para a sucessão nas maiores cidades, principalmente em Fortaleza. Diante de uma nova composição partidária desenhada após o racha entre PT e PDT na eleição do ano passado e das incertezas do cenário, lideranças de forma muito antecipada já estão em busca de informações e de contatos para delinear o cenário de disputa.
Em 2020, o prefeito José Sarto foi eleito por uma coligação que tinha, formalmente, 10 partidos. Mais do que isso, ele contou com a força do comando de duas máquinas administrativas, caso da Prefeitura de Fortaleza, sob comando de Roberto Cláudio, e do Governo do Estado, sob a gestão de Camilo Santana.
O apoio do então governador – hoje ministro do governo Lula – só foi declarado no segundo turno, quando o próprio PT anunciou apoio a Sarto, mas a ausência de Camilo nos palanques do primeiro turno e os embates que travou diretamente contra o candidato de oposição, Capitão Wagner (então filiado ao Pros), acabaram, indiretamente, contribuindo para a campanha do PDT.
Pouco mais de três anos depois, a correlação de forças foi completamente modificada, tanto do ponto de vista partidário como do mapa de lideranças e o peso que terão no próximo confronto. Tudo isso contribui para o cenário de incertezas.
Mais do que a relação entre os dois maiores partidos do Estado, o racha entre PT e PDT dividiu legendas e lideranças, embaralhando as cartas do jogo sucessório.
O prefeito, que teve o apoio de 10 partidos em 2020, terá que fazer uma engenharia política bem maior para manter uma boa base. A lógica do apoio partidário, dentro da bagunça que é o sistema político brasileiro, muitas vezes, não se reflete no apoio legislativo à gestão.
Em tese, neste momento, Sarto tem consigo o PDT, conforme ficou evidente no evento do último fim de semana, e uma grande proximidade com tendência de coligação com a federação PSDB/Cidadania. Élcio Batista, por exemplo, acaba de se filiar ao tucanato.
O PSD, por sua vez, partiu coligado com o PDT na eleição estadual do ano passado, segue próximo da gestão, mas conversa com outras correntes.
O PL foi agregado ao governo Sarto, mas o próprio prefeito já disse que o partido tem planos de ter uma candidatura própria.
A corrente política dissidente da eleição de 2020, comandada por Camilo Santana, e que tem agora o Estado sob comando de Elmano de Freitas, conta com os partidos da federação PT, PCdoB e PV, além de PP e MDB.
O Psol se aproximou de Elmano na eleição estadual, mas é uma legenda que procura ter candidato próprio na Capital.
A oposição à direita, liderada por Capitão Wagner, tem a força do União Brasil, nascido da fusão entre DEM e PSL. Somam-se a esses quadros, as lideranças bolsonaristas cearenses que estão filiadas ao PL. Entrentanto, legendas de menor peso que orbitabam ao redor do grupo se desfizeram, como é o caso do PSC, incorporado pelo Podemos.
Além das tendências apontadas neste momento, alguns partidos são vistos como centrais na disputa pelos apoios. Um dos casos é o PSB. Na última eleição, o partido indicou o candidato a vice na chapa vencedora com Élcio Batista, mas nem ele mesmo integra mais o partido.
Nos bastidores, há uma tendência de que o partido se aproxime do grupo governista estadual, mas ainda há articulações em andamento. Outro caso é o do Republicanos. O partido passou a ser comandado, recentemente, por Chiquinho Feitosa em âmbito estadual. É outra legenda que tende a ficar próxima ao grupo aliado de Elmano.
Outras duas siglas estão flutuando: Podemos e Solidariedade. O primeiro experimentou uma mudança após a desfiliação do senador Eduardo Girão, que foi para o Partido Novo. Há uma tendência de que as lideranças locais dos diversos grupos disputem essas duas legendas.