“O Brasil é grande demais para termos somente um campus do ITA”, com essa frase, o comandante do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), tenente-brigadeiro do Ar, Maurício Augusto Silveira de Medeiros, legitimava ainda mais a criação do novo campus Fortaleza do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O DCTA é o campus que abriga o ITA no estado de São Paulo.
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A frase foi dita numa apresentação feita em São José dos Campos-SP, no ITA, em um encontro organizado por engenheiros do instituto. A frase lembra a fala histórica do engenheiro aeronáutico, Ozires Silva, criador da Embraer: “O Brasil é grande demais para sonharmos pequeno”.
Hoje em dia, o Brasil tem a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a Embraer, consequência direta da implantação do ITA.
Os embriões da indústria aeronáutica do país foram lançados na década de 40, pelo cearense coronel aviador, Casimiro Montenegro Filho. “O coronel Casimiro foi até o Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) nos EUA e buscou junto à escola a expertise, com apoio dos americanos, as bases para fazer o ITA no Brasil, uma escola de engenharia aeronáutica”, contou o brigadeiro Medeiros. O sonho na época era construir o avião brasileiro.
“E se eles tivessem dito que não? Não, não vamos embarcar com vocês nesse ousado sonho? Nós ficaríamos como?”, indagou o tenente-brigadeiro da Aeronáutica.
“Naquela época, não produzíamos nada, além de montar bicicletas”.
Do sonho de Montenegro, decorreu o 1º avião brasileiro (Bandeirante) e todo um enorme complexo aeroespacial.
“Queremos fazer outras histórias de sucesso, por que não ampliar o ITA?”, perguntou Medeiros.
“Inovação faz parte do nosso DNA e é nessa linha que queremos criar mais um campus dessa instituição tão consagrada que é o ITA. O novo Campus Fortaleza será o mesmo ITA, terá a mesma estrutura, excelência, alunos do Brasil inteiro estudarão lá. Haverá apenas um Reitor para São Paulo e Ceará. A mesma autoridade que assina o diploma do engenheiro do ITA Campus São José, assina o diploma do Engenheiro do ITA Campus-Fortaleza. Não abriremos mão dessa qualidade. O McDonald’s é excelente em todo lugar do Brasil”, informou o Brigadeiro, com a mesma alegoria utilizada pelo Comandante da Aeronáutica no final de agosto
A apresentação no sábado passado detalhou o relatório que mostrou viabilidade para o projeto de implementação do ITA “Campus-FZ” (Campus Fortaleza), na Base Aérea de Fortaleza, já a partir de 2024, quando, como informamos com exclusividade, o vestibular já disponibilizará mais 50 vagas para o instituto: serão 200 vagas nacionais.
Essas 50 vagas adicionais se reunirão com as 150 existentes em São José dos Campos já em 2025, iniciando o ciclo fundamental do ITA: dois anos de estudo em ciências básicas.
Daí, findado o ciclo fundamental, em 2027, virão para o Campus-FZ 50 alunos dessas 200 vagas, iniciar a história do ITA em solo cearense, iniciando dois cursos novos inéditos:
Toda a contração de servidores, infraestrutura de alojamento, salas de aula já foi pensada e terá construção em parceria com o Governo do Estado do Ceará.
“Nós também não 'abriremos mão' de pós-graduação, mestrado, doutorado”. O brigadeiro aponta que a pesquisa na pós-graduação é maneira de atrair recursos de empresas e garantir a sustentabilidade financeira do projeto. A previsão é iniciar a pós em 2028.
Ao final de 2029, a primeira turma de engenheiros do Campus-FZ estará formada e estará à disposição do Ceará, do Nordeste e do Brasil para contribuir com o futuro do país com conhecimento disruptivo de excelência: um novo sonho se inicia, um “novo avião” poderá surgir, uma “nova Embraer”.
Como um fato novo na sua apresentação, o Tenente Brigadeiro Medeiros ainda mostrou que a Força Aérea Brasileira já pensa num terceiro novo curso para o Campus de Fortaleza.
Está previsto para 2030 o início do curso de Bioengenharia.
O Brasil é extremamente dependente da importação de meios diagnósticos: “A pandemia deixou muito clara a dependência do país em equipamentos médicos. É uma demanda que existe e, por que não, termos esse 3º curso?”, explicou Medeiros.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.