Avião da Latam aborta decolagem com freada brusca no Aeroporto de Fortaleza

A Coluna apurou que o piloto teria reportado alta temperatura do motor. Entenda o que é o Rejected Take-Off

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(Atualizado às 20:05)
Legenda: O acontecido acima é chamado de decolagem abortada ou Rejected take-off-RTO e é procedimento normal da aviação
Foto: Renato Bezerra / Diário do Nordeste

Um Airbus 321-231 da Latam abortou a decolagem hoje no Fortaleza Airport. 

Segundo informação de leitores, o voo 3741 da LATAM com decolagem prevista para às 14h15 desse domingo (8), cumprindo o trecho Fortaleza-Brasília, em corrida de decolagem, freou bruscamente até a parada do avião. 

Após um tempo, uma mensagem da cabine de comando teria avisado aos passageiros que, devido a um superaquecimento do motor da asa esquerda (motor número 01) do avião, retornaria ao portão de embarque (finger) para averiguações.

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Decolagem abortada

O acontecido acima é chamado de decolagem abortada ou Rejected take-off-RTO e é procedimento normal da aviação. Acontece quando algum dos pilotos decidem descontinuar a decolagem, desde que abaixo de uma velocidade crítica, chamada V1.

A V1 é a máxima velocidade a qual uma aeronave atinge e poderá ser trazida a repouso dentro da chamada distância disponível de aceleração e parada de um aeroporto (ASDA). Acima da V1, a aeronave deverá ser retirada do solo, dado que o avião, potencialmente, não deverá parar até o final da área disponível de ASDA.

Até mesmo antes da decolagem, os pilotos já preparam o avião para o freio máximo disponível nas rodas justamente para o caso de decolagem abortada. No RTO, o freio é aplicado nas rodas automaticamente pelo computador do avião.

Setlist de ações para antes do Taxi da aeronave (após partida de motores)
Legenda: Setlist de ações para antes do Taxi da aeronave (após partida de motores)
Foto: Reprodução / Airbus

O freio máximo é aplicado justamente para que o avião, em RTO venha a repouso (velocidade 0) com o mínimo de pista possível. Por isso, a importância de os aeroportos possuírem pistas com comprimentos relevantes. Em Fortaleza mesmo o comprimento de ASDA é relevante, com 2.755 metros.

Razões para o RTO

São várias as razões que podem levar à necessidade de abandono de decolagem (antes da V1) dentre elas, avisos visuais emitidos pela decolagem, aviso de fogo, perda de potência, falha de motor. No caso em tela, há informações de que o piloto teria reportado alta temperatura do motor, assim, tendo motivado o RTO.

O RTO de forma alguma é raro nem inseguro.

O que acontece durante uma decolagem abortada?

A decisão de abortar a decolagem e parar o avião é feita pelo comandante, que mantém as mãos nas manetes de potência durante todo o período de decolagem, antes da V1, naturalmente. Assim que o comandante decide abortar a decolagem, reporta a parada com um “STOP” e realiza o procedimento de decolagem abortada:

  1. Anuncia STOP
  2. Traz as manetes para a posição “idle” – ponto morto
  3. Aplica reversores (máximo disponível) (Os reversores invertem a saída de ar dos motores para frente, servindo para frear mais ainda o avião)
  4. Monitora a desaceleração da aeronave.

Com a atuação do procedimento de RTO, são ativadas ainda os Ground Spoilers, superfícies nas asas que defletem para cima, ajudando a frear a aeronave. Assim, conseguimos notar pelo menos 3 mecanismos que ajudam no freio da aeronave em RTO: freios a disco de carbono nas rodas, reversores de empuxo e ground spoilers nas asas.

Por isso, e para a segurança de todos, os passageiros devem ter sentido uma freada brusca de fato.

Voo cancelado

Em contato com a Coluna, a Latam informou que: “o voo LA3741 (Fortaleza-Brasília) deste domingo foi cancelado devido à necessidade de manutenção na aeronave. A companhia está oferecendo a assistência necessária aos passageiros, que serão reacomodados em voos do itinerário. Por fim, a LATAM lamenta os transtornos causados e reitera que adota todas as medidas de segurança técnicas e operacionais para garantir uma viagem segura para todos.”

E se algo estranho for notado após a V1?

E se, nesse caso, algo fosse notado no motor pelo piloto após a V1? Para aeronaves multimotoras, ou seja, com mais de um motor, todas são certificadas para poderem decolar com apenas um motor operante.

Nesse caso, a aeronave decolaria normalmente (nem houve reporte de total falha do motor, mas aquecimento) e em voo controlado, a tripulação avaliaria se continuaria o voo ou se retornaria ao aeroporto de decolagem.

 

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