O futebol é uma representação social importante no Brasil. Ele reverbera o que há de bom e também o que temos de ruim com amplitude relevante.
A formação intelectual do ser humano carrega preconceitos e conceitos formados durante a vida. Normalmente os conceitos advêm do estudo, da leitura e da informação minimamente qualificada.
O contrário é como a escuridão. O preconceito é a informação desencontrada, que carrega estigmas, ranço e revela o que de pior pode emergir do sentimento humano em escala social.
Dentre os piores sentimentos humanos, o de se sentir superior ao outro, sem qualquer elemento que o justifique, é o que normalmente se encontra em comportamentos xenófobos e racistas. Um ser humano que se sente acima do outro, mesmo que não admita publicamente, tende a desmerecer o sucesso do grupo que considera inferior.
Voltando ao futebol, eis que quatro anos após participações consecutivas de Ceará e Fortaleza (4 do Ceará e 3 do Fortaleza) na Série A do Brasileiro, com clubes como Cruzeiro amargando o segundo ano de Série B, surge, vez ou outra, algum personagem com surpresa ou incômodo pelo início de uma estabilidade de nordestinos na primeira divisão.
Na cabeça do xenófobo, só pelo fato de ser nordestino, região que ficou historicamente afastada do futebol brasileiro e das suas organizações de exclusividade, como o Clube dos 13, o futebol não merece prosperar.
Pois, bem. A boa notícia é que o futebol nordestino não precisa de opiniões de figuras estranhas, que não acompanham o que acontece por aqui, para prosseguir na sua escalada. Precisa de organização financeira e futebolística, de divisão de recursos meritocrática e de arbitragens imparciais.
Tendo isso, vão ter de nos aturar por muito tempo.