Declaração de Richarlyson é importante e questionamento sobre preconceito também

Ele é o primeiro ex-atleta de ponta do esporte mais famoso do País a falar publicamente sobre a sexualidade

Escrito por
Gustavo de Negreiros gustavo.negreiros@svm.com.br
(Atualizado às 13:53)
Legenda: Rycharlison tem longa carreira em grandes clubes do futebol brasileiro
Foto: Martins Neto/ Cianorte FC

O ex-jogador e atualmente comentarista esportivo do grupo Globo, Richarlyson, ao assumir bissexualidade, deu um importante passo para a discussão sobre a homofobia no futebol brasileiro.

Primeiro ex-atleta de ponta do esporte mais famoso do País a falar publicamente sobre a sua sexualidade, Richarlyson também atacou fortemente a cultura homofóbica do esporte no Brasil na entrevista ao podcast "Nos Armários dos Vestiários", do ge.globo.

Este trecho da revelação do jogador é importante. Confira:

"A vida inteira me perguntaram se sou gay. Eu já me relacionei com homem e já me relacionei com mulher também. Só que aí eu falo hoje aqui e daqui a pouco estará estampada a notícia: "Richarlyson é bissexual". E o meme já vem pronto. Dirão: "Nossa, mas jura? Eu nem imaginava". Cara, eu sou normal, eu tenho vontades e desejos. Já namorei homem, já namorei mulher, mas e aí? Vai fazer o quê? Nada. Vai pintar uma manchete que o Richarlyson falou em um podcast que é bissexual. Legal. E aí vai chover de reportagens, e o mais importante, que é pauta, não vai mudar, que é a questão da homofobia. Infelizmente, o mundo não está preparado para ter essa discussão e lidar com naturalidade com isso".

E aí, o que vai mudar?

Richarlyson tem razão ao questionar que tipo de efeito a declaração pessoal dele vai ter. E aí que entra a sociedade e o mundo do futebol em cena, porque ele fez a parte dele ao se expor e também revelar o quanto sofreu na carreira vitoriosa de jogador.

Preconceito precisa ser combatido. Atletas não podem mais serem perseguidos, excluídos pela opção sexual. Torcedores precisam parar de entoar cânticos homofóbicos que, em nada, engrandecem suas equipes ou apoiam atletas em campo.

Dentro das próprias torcidas existem núcleos que abordam o tema e cada vez mais os torcedores com orientações sexuais distintas se revelam no contexto da paixão a um clube do futebol.

Futebol não é mais coisa só pra macho. Ao frequentar estádios, é visível uma massa cada vez mais plural, seja com a presença feminina mais forte, crianças e da população LGBTQIA+. Todos sob o mesmo local e com a mesma paixão.

Por que essa pluralidade não se reflete no oficial? Nos elencos, nas abordagens dos clubes? Todos são iguais. Essa é a mensagem de Richarlyson. Que, de fato, represente um marco para o esporte.

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