As lições econômicas de Ceará e Fortaleza

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

O futebol, como diria Wilton Bezerra, sempre espelha alguns aspectos da vida. Não falo apenas das coisas que acontecem dentro de campo, dos momentos de alegria ou tristeza que os clubes proporcionam pelos resultados no universo de um estádio, mas de pequenas lições que ficam para a vida, desde às relações sociais à gestão das finanças pessoais.

Os imprevistos são uma frequente na vida de qualquer pessoa. Vez ou outra somos surpreendidos por situações que não estavam no script. O que acontece na sequência dos fatos inesperados é o que diferencia o que explanarei mais à frente e que acredito que times como Ceará e Fortaleza trazem de lição para todos.

Pensar à longo prazo é algo difícil de se fazer, principalmente financeiramente. Equilibrar receitas e gastos, necessidade e lazer, momento e futuro, é uma fórmula nada fácil de se cumprir. Mas o que Ceará e Fortaleza ensinam? Pelo menos, o mínimo de organização hoje pode fazer com que você atravesse tormentas lá na frente sem grandes traumas.

"Ah, você fala como se ganhássemos o que esses clubes ganham?". Eu respondo: jamais. Times como Ceará e Fortaleza faturam o que faturam HOJE, mas sabemos bem que não era assim. No caso Alvinegro, os frutos que se colhem hoje foram plantados há 12 anos. De uma massa falida, o time de Porangubuçu passou a uma organização que fatura algo em torno de R$ 100 milhões anuais. Mas não foi da noite do dia que aconteceu. Foi preciso "chorar sangue" para chegar onde se chegou. Muito planejamento, metas a longo prazo, como a compra de um centro de treinamento, renegociações de dívidas e política "pé no chão" para não se complicar mais. Tudo sob críticas dos que querem resultados rápidos e fórmulas milagrosas.

Foi preciso estancar a sangria e começar a construir um novo futuro. Da mesma forma, o Fortaleza teve ainda uma ascensão ainda mais meteórica, investindo profundamente no futebol. Os acertos nos processos dentro de campo possibilitaram uma reorganização financeira rápida, mas também muito trabalhosa e eficiente.

Em um momento de pandemia como este, alguns clubes de futebol, antes exaltados por serem potências históricas, não sabem sequer como enfrentarão a próxima semana. Embora com dificuldade, Ceará e Fortaleza encaram o problema de frente e sabem onde têm de agir.

Fica aqui esse reconhecimento do trabalho realizado pelos presidentes Robinson de Castro e Marcelo Paz. O exemplo do futebol certamente virará case para anos futuros. Essa referência é fundamental para novos líderes, tanto no futebol como fora deles. 



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