Urânio de Itataia pode atrair Centro de Pesquisas Nucleares

Economista Célio Fernando, secretário Executivo de Modernização da Casa Civil do Governo do Ceará, diz que Economia da Saúde terá muito a ganhar na medicina nuclear

Legenda: Foto aérea da usina nuclear de Angra dos Reis
Foto: Divulgção

Secretário Executivo de Regionalização e Modernização da Casa Civil do Governo do Estado, o economista Célio Fernando Melo acredita que, se o projeto de uso ordenado da mina de urânio e fosfato de Itataia, no município de Santa Quitéria, no Sertão Central, for viável e respeitar as questões legais e ambientais, “o Ceará disporá de uma boa oportunidade para que se instale aqui pelo menos um centro de pesquisas nucleares, enaltecendo potencial cearense na área”. 

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De acordo com Célio Fernando, “a Economia da Saúde terá muito a ganhar na medicina nuclear, nas características de materiais em Raio X, nos laboratórios com propósitos de vida”. 

Afinal, estão na mina de Itataia 8,88 milhões de toneladas de fosfato e 79.319 toneladas de urânio, além de 32 milhões de toneladas de calcário associado ao minério. 

“Não queremos produzir bomba atômica, mas utilizar da melhor forma nossa jazida para, por exemplo, abastecermos uma ou mais unidades de medicina nuclear. A China está a construir mais de uma dezena de usinas de energia nuclear; a França, que não produz urânio, tem hoje 70% de sua matriz energética nuclear. Como o Brasil tem a sétima reserva mundial de urânio, esse minério necessita de um controle rígido e não poluente. Próxima à jazida, seria o ideal, pesquisa e controle", comenta Célio Fernando.
 
Além disso, ele continua, somado à amônia, “o Ceará poderá abastecer em boa parte os nutrientes necessários à maior produtividade de sua agricultura com fertilizantes de alta qualidade para essa necessidade de atendimento à segurança alimentar global”. 

O secretário lembra que “o debate se amplia ao papel do Brasil na ética global e atenção à ODS 2 de erradicação da fome e agricultura sustentável, estabelecida pela Organização das Nações Unidas”. 
Esta é a parte boa do projeto de exploração do urânio e do fosfato existentes na mina cearense, bem analisados e compreendidos pelo economista Célio Fernando.
Neste momento, contudo, a jazida de Itataia, para cuja exploração o consórcio Galvani Fertilizantes-Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) aguarda licenciamento ambiental, começa a transformar-se num pomo de discórdia – com claro viés ideológico – entre entidades ligadas a partidos de esquerda e o governo federal. 

Até agora, aguardava-se, apenas, o licenciamento ambiental, em análise pelo Ibama (é um empreendimento de âmbito federal), para o início dos trabalhos de extração do urânio fosfatado de Itataia. 

Com a proximidade das eleições, porém, grupos políticos, com o apoio de setores acadêmicos, também ideologicamente de tendência socialista, ergueram o discurso contrário ao projeto, alegando, entre outras coisas, que a exploração de Itataia poderá causar prejuízos à vida das populações indígenas residentes na região de Santa Quitéria e no seu entorno. 

“Desde meu tempo de menino, nunca ouvi falar na existência de índios em Santa Quitéria”, disse à coluna o deputado Danilo Forte, que garante conhecer “na palma da mão” a geografia da região onde se localiza a mina e por isto mesmo surpreso com a menção a comunidades indígenas naquele município. 

O secretário Célio Fernando manifesta sua opinião a respeito: 

“Claro que os povos originários e indígenas, como também as comunidades vulneráveis e circunvizinhas, devem estar abrigadas em plano com o olhar humano”, ele diz.
 
Os grupos ideológicos que se opõem à exploração da mina de Itataia estão a construir sua narrativa, com a qual pretendem conquistar votos junto ao eleitorado da zona rural de Santa Quitéria, num flagrante caso de oportunismo político, algo que se registra sempre em período pré-eleitoral.