Uma semana de inflação, Petrobras, Caged e balanços

Na sexta-feira, será divulgado o IPCA de fevereiro. Um dia antes, será conhecido o número do desemprego em janeiro. O mercado desconfia do governo em relação à Petrobras

Legenda: A taxa de inflação de fevereiro, medida pelo IPCA, será divulgada sexta-feira
Foto: Fabiane de Paula / Diário do Nordeste

Esta semana tem uma agenda econômica interessante. Será divulgado na próxima sexta-feira o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) relativo ao mês de fevereiro passado. O IPCA é o índice oficial da inflação brasileira.

Os economistas dos principais bancos estão projetando uma inflação de 0,78%, o que, se acontecer, levará o IPCA anualizado para 5,54%. 

Mas há uma divergência: os economistas do Banco Itaú estão prevendo um IPCA maior em fevereiro, de 0,87%, puxando o índice anualizado para 5,56%.

Qualquer que venha a ser o expressivo aumento do IPCA de fevereiro, ele terá sido causado pela elevação dos preços das mensalidades escolares e da energia. No caso da energia, vale dizer que seus preços voltaram a ser taxados com ICMSn na distribuição e na transmissão.

Na quinta-feira, será divulgado o Caged, que é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, referente ao mês de janeiro.

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No fim do ano passado, as contratações no mercado formal do emprego desaceleraram, mas há dúvidas sobre se ele se manteve em janeiro.

Os economistas do Banco Itaú estimam, porém, que o Caged deverá apontar um balanço positivo, com a criação de 73 mil novos postos de trabalho formais.

Nos Estados Unidos, serão conhecidos quarta-feira os dados do emprego no país no mês de fevereiro. A previsão é de que foram criados 195 mil novos empregos, mantendo em 3,4% a taxa de desemprego, o que é um forte sinal de que a economia norte-americano continua bombando. E também é um sinal de que o Federal Reserve, o Banco Central de lá, deverá subir novamente as taxas de juros da economia dos EUA.

O presidente do FED, Jerome Powel, falará amanhã, terça-feira, e depois no Congresso norte-americano. Ele será questionado sobre a possibilidade de recessão na economia do país diante de uma política de juros altos.
 
Aqui no Brasil, nesta semana, serão divulgados os balanços financeiros de várias empresas com ações na Bolsa de Valores.

Hoje, será divulgado, depois do fechamento do pregão da B3, o resultado da Azul Linhas Aéreas; amanhã, sairá o balanço da Gol Linhas Aéreas Inteligentes.

As duas estão com prejuízos que vêm desde a época da pandemia. Mesmo com a recuperação da demanda por voos, as duas empresas aéreas enfrentam dificuldades que serão detalhadas nos relatórios que acompanharão os seus balanços.

Ao longo desta semana, a Petrobras, maior estatal brasileira, estará em todos os noticiários e, principalmente, nas especulações do mercado financeiro. A empresa deverá esclarecer a respeito de sua política de preços e de distribuição de dividendos. 

Como se sabe, na semana passada o balanço da Petrobras relativo a 2022 mostrou um lucro recorde de R$ 188 bilhões, dos quais R$ 46 bilhões registraram-se no quarto trimestre do ano. Desse total, R$ 35,8 bilhões foram reservados para o pagamento de dividendos, o que beneficiará, principalmente, o próprio governo, que é o seu maior acionista.

Mas a nova direção da Petrobras reduzirá o montante dos dividendos a ser distribuído aos acionistas, sob o argumento de que é necessário reservar parte deles para investimentos em projetos de geração de energias eólica e solar e em empreendimentos de cunho social, uma vez que a própria Constituição do país estabelece que a empresa tem uma função social a cumprir, o que combina perfeitamente com os objetivos do PT, partido que está outra vez no poder.

O mercado desconfia das intenções do governo em relação à Petrobras. Essa desconfiança aumentou na semana passada, quando foi anunciada a cobrança de uma alíquota de 9,2% incidente sobre as exportações do petróleo cru brasileiro. Isto teve um imediato efeito negativo na Bolsa, onde as ações das petroleiras, incluindo a Petrobras, tiveram forte queda.

Esse imposto, que foi criado por Medida Provisória, deverá ter validade pelos próximos quatro meses, mas no Congresso Nacional já circula a hipótese de que ele será eterno.

Na percepção do mercado, o imposto cria uma sensação de insegurança jurídica, podendo reduzir os investimentos de empresas nacionais e estrangeiras na área de petróleo e gás, que foram elevados nos últimos três anos.

Além disso, o mercado também reagiu muito mal às novas declarações do presidente Lula contra a independência do Banco Central e contra o seu presidente, economista Roberto Campos Neto. 

Assim, esta semana, muito provavelmente, reservará novas emoções na área da Petrobras, afetando o mercado financeiro.

E como se não bastasse tanta confusão e dúvida, surgiu um novo complicador: a decisão do Ministério de Minas e Energia de pedir à Petrobras o adiamento por quatro meses da venda de ativos da Petrobras. Algumas dessas vendas já foram fechadas.

Essa decisão amplia a insegurança jurídica no mercado de petróleo e gás, contribuindo para as incertezas que começam a crescer no mercado, afastando investidores e inibindo investimentos.

E de Pequim, onde se reúne desde ontem o Congresso do Povo do Partido Comunista Chinês, chega a notícia de que o presidente Xi Jiping pediu que a indústria, a academia e os institutos de pesquisa do país se unam para a realização de pesquisas originais e pioneiras, a fim de garantir a sua hegemonia mundial na área tecnológica. 

Ele falou nesta segunda-feira no Congresso, a portas fechadas, na presença de 3.300 pessoas, todas do Partido Comunista da China, entre as quais empresários. 

Ontem, foi anunciada a meta de crescimento da economia chinesa em 2023, que é de 5%, a mesma estabelecida para o ano passado, e não cumprida.

Em 2022, a economia chinesa cresceu apenas 3%, um ponto percentual abaixo da taxa de crescimento do PIB brasileiro, que foi de 2,9%.

Em Lisboa, os jornais mancheteiam hoje que o governo português, liderado pelo Partido Socialista, decidiu privatizar a TAP, a grande empresa aérea do país. Mas há ainda uma dúvida sobre se o governo continuará participando da TAP de forma minoritária ou ele sairá de vez da condição de acionista.

A Comissão Europeia já recebeu a proposta do governo de Portugal e a examinará.

Se aprovada, a proposta, em forma de Projeto de Lei, será encaminhada à apreciação da Assembleia Nacional, que é o Parlento de Portugal.