Têxteis do Ceará 'perdem o bonde da inovação', diz Maia Júnior

Para o secretário do Desenvolvimento Econômico, está na hora de trocar o discurso tradicional pela anistia de débitos "por uma atitude inovadora", e citou empresas que já fazem isto.

Legenda: Foto de uma área de produção da Santana Têxtiles, em Horizonte (CE)
Foto: Santana Textiles / Divulgação

No momento em que a inovação, a digitalização e a logística orientam o futuro próximo da atividade econômica no Brasil e no resto do mundo, a indústria têxtil cearense – “com pouquíssimas exceções que cabem nos dedos de uma mão” – enfrenta as consequências do atraso tecnológico, da falta de investimento em produtividade, da perda de mercado e da raquítica exportação, segundo diagnostica o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Governo do Ceará (Sedet), engenheiro Maia Júnior.

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Empenhado, pessoalmente e com sua equipe, na internacionalização da economia cearense, de que são exemplo a recente missão a Portugal e as duas que se realizam nesta semana na Dinamarca e na Holanda e Reino Unido, o titular da Sedet lamenta que, 60 anos depois da criação do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), fábricas de fiação, tecelagem e de confecções do Ceará estejam perdendo “o bonde da inovação tecnológica”.

Ele cita como exceções dessa regra do atraso a Vicunha Têxtil, a Santana Textiles, a Têxtil União, a Têxtil Bezerra de Menezes e a Del Rio que, investindo na inovação, na apropriação de tecnologia de ponta, na melhoria da logística de distribuição, na abertura de novos mercados e no uso eficiente do crédito e dos incentivos que o estado oferece, mantêm-se competitivas.

Maia Júnior também destaca a posição da Arco e do Hapvida, que, buscando financiamento no mercado de capitais via Bosa de Valores, desprezaram os incentivos governamentais. 

“São as novas economias substituindo as velhas”, sentencia o secretário Maia Júnior, para quem já está na hora de substituir o tradicional discurso da anistia ou da renegociação de dívidas e de mais crédito subsidiado por uma atitude inovadora, “e aqui mesmo no Ceará há exemplos perfeitos e acabados de empresas e empresários que já fizeram isso, e hoje colhem os frutos dessas decisões”.

Maia Júnior adverte que estão chegando ao Ceará “economias dinâmicas e diversificadas, como a do Hub Tecnológico, que já trouxe para cá gigantes mundiais como Google e Amazon, e como a do Hub do Hidrogênio Verde, que estão buscando outro tipo de incentivo, que é da ZPE do Pecém, voltado para a exportação”.

Ele aponta ainda o exemplo da gigante multinacional dinamarquesa Vestas, maior do mundo na fabricação de turbinas de geração de energia eólica onshore e offshore, e da cearense Aeris Energy, que fabrica pás eólicas no Pecém. 

“Os maiores clientes da Vestas e da Aeris não são cearenses, mas estrangeiros, razão por que elas produzem com o olho voltado para a exportação do que fabricam”, assinala Maia Júnior.