Sucesso do ITA no Ceará dependerá do apoio dos empresários

Para o engenheiro Felipe Bonfim, graduado pelo ITA, hoje, de cada 3 internos na instituição, um é cearense, e isto “é um fenômeno”.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 04:30)
Legenda: Thales Sá Cavalcante, da Organização Educacional Farias Brito, fala na reunião de ontem do Lide Ceará
Foto: Egídio Serpa
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Dependerá do empresariado cearense e nordestino o sucesso da unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, em rápida implantação em Fortaleza, a primeira fora da geografia da cidade paulista de São José dos Campos, onde ele tem sede. Esta opinião foi emitida ontem pelo engenheiro Felipe Bonfim aos empresários do Lide Ceará. Ele é diretor regional Ceará da Associação dos Engenheiros do ITA, da qual é conselheiro. 

De acordo com Felipe Bonfim, as empresas cearenses precisam apoiar efetivamente as atividades da futura unidade do ITA em Fortaleza, algo que, aliás, já vêm fazendo. Ele disse que, hoje, um em cada três internos do ITA é cearense, e “isto é um caso fenomenal” que deve ser aproveitado da melhor maneira possível com a próxima presença física do ITA no Ceará. 

Na opinião de Bonfim, as causas desse fenômeno são três: primeira, a família cearense, que incentivou seus filhos ao estudo profundo das ciências exatas; segunda, a decisão, “tomada lá atrás”, da Universidade Federal do Ceará (UFC), que promoveu as olimpíadas de matemática, formando uma elite que se ampliou ao longo do tempo; terceira, a decisão dos empresários cearenses que estimularam os jovens a buscar conhecimento no ITA. 

Os empresários do Lide Ceará, liderados por sua presidente Emília Buarque, ouviram com atenção o que disse Felipe Bonfim, que citou como exemplo o engenheiro caririense Mário Araripe, fundador e controlador da Casa dos Ventos, cujo time de engenheiros foi e continua sendo recrutado entre os melhores do ITA. A Casa dos Ventos é a maior desenvolvedora de projetos de geração de energias renováveis no país. 

Uma das virtudes do ITA, citada por Bonfim, é a forma como os seus internos de São José dos Campos são alojados no campus da instituição: “Todo mundo junto no internato”, numa convivência saudável que contribui para a superação das dificuldades próprias de um centro de ensino do mais alto nível, onde todos batalham para conquistar os primeiros lugares.  

“A convivência no alojamento cria um ambiente de camaradagem, no qual todos se ajudam”, disse ele, acrescentando que isto acontecerá, também, na unidade do ITA em Fortaleza, cuja construção avança na velocidade do frevo. 

“Não existe ITA sem a integração com a sociedade e com as empresas”, disse Felipe Bonfim, que aposta tudo no êxito da unidade cearense “porque há o interesse dos jovens de chegar às suas salas de aula e há o interesse das empresas de apoiar e depois receber e admitir em seus quadros os engenheiros formados pelo ITA Ceará”. 

A fala de Felipe Bonfim aconteceu durante uma reunião do Lide Ceará, ontem, no Hotel Gran Marquise, na qual falaram, também, o ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque, e o presidente da Academia Cearense de Letras e comandante da Organização Educacional Farias Brito, Thales Sá Cavalcante, que é campeã nacional de aprovação de alunos nos vestibulares do ITA. 

Sá Cavalcante contou a história de sua organização, que hoje tem estreita ligação com o ITA, e Cristóvam Buarque fez uma análise da situação do ensino no Brasil, citando os bons exemplos que, pontualmente, o Ceará tem apresentado na área da educação, mas apontando problemas, como a falta de um ministério para a Educação de Base e de mais escolas militares, “sem o rigorismo dos militares, mas com as virtudes dos militares”. 

O ex-ministro disse, ainda, que é preciso melhorar a gestão do ensino, principalmente o fundamental, e para isso sugeriu que essa área, hoje de responsabilidade dos municípios, seja federalizada. Também sugeriu que os alunos da escola pública sejam incentivados a aprender pelo menos um idioma estrangeiro. E disse que, para melhorar o ensino público, será bom “espalhar pelo Brasil as experiências que deram certo nos estados, como a do Ceará”.

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