Sonho da Transnordestina está mais perto da realidade

Novo aditivo ao contrato do BNB com a Transnordestina Logística, no valor de R$ 3,6 bilhões, aprovado pela Sudene, foi recebido com alegria pela indústria e pelo agro cearenses

Legenda: Com os novos recursos de R$ 3,6 bilhões, as obras da Transnordestina, executadas pela Marquise Infraestrutura, ganharão mais velocidade
Foto: Kid Júnior / SVM

Matéria assinada pelo repórter Luciano Rodrigues e publicada ontem no Diário do Nordeste anuncia que a Sudene autorizou o Banco do Nordeste (BNB) a celebrar aditivo ao contrato vigente com a Transnordestina Logística S/A (TLSA) cujo objetivo é a conclusão das obras de construção da Ferrovia Transnordestina.

Essa medida aproxima da realidade um dos sonhos centenários de quem trabalha e produz nesta banda ocidental da geografia do Nordeste. Os trilhos dessa importantíssima estrada de ferro transportarão o que produzem a agropecuária, a indústria e o setor da mineração dos estados do Piauí, Bahia, Pernambuco e Ceará.

Com essa nova injeção financeira – avaliada em R 3,6 bilhões, e mais a parcela de recursos próprios a ser aportada pela empresa – a Sudene, o BNB e todos nós, nordestinos do Ceará, esperamos que, em 2027, os trens da Transnordestina estejam em circulação, levando e trazendo do e para o Porto do Pecém todo tipo de mercadoria gerada pela economia regional. Foi a promessa feita há três meses pelo presidente da TLSA, Tufi Daher, ao presidente Lula.

Os serviços de construção da infraestrutura da ferrovia seguirão, agora, em ritmo de frevo e, dependendo do cumprimento do calendário de liberação pelo BNB das parcelas previstas no aditivo, poderão ganhar a velocidade da Space X, do Elon Musk. Esses serviços são executados pela cearense Marquise Infraestrututra, empresa de projeção nacional – foi ela que construiu os aeroportos de Natal (RN) e Cofins, em Belo Hozizonte (MG), e as duas pontes de acesso ao Porto do Pecém – cada uma com 2 quilômetros de extensão, dentro do mar.

Os trabalhos de infraestrutura de uma ferrovia compreendem a terraplenagem, a drenagem e a imprimação do leito da estrada de ferro, de abertura de túneis e a construção de pontes e viadutos. Esta é a parte mais difícil de um projeto ferroviário. A parte mais fácil é a relativa à chamada via permanente, que compreende a instalação dos dormentes, dos trilhos e da sinalização e, finalmente, o içamento das locomotivas e vagões, o que é feito por equipamentos fornecidos por empresas de locação especializadas.

A nova notícia sobre a garantia dos recursos financeiros para a conclusão da Transnordestina teve excelente repercussão na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), cujo presidente, Ricardo Cavalcante, não escondeu seu entusiasmo ao falar à coluna. Ele disse:

“A Ferrovia Transnordestina terá papel central na economia do Nordeste, sendo fundamental para a redução dos custos de transporte da região, incrementando sua produtividade e competitividade. Em um primeiro exercício, a partir de um raio de 300km, estima-se um impacto em cerca de 1.007 municípios da região, que representam aproximadamente 26,2 milhões de pessoas e 39,0% (3,5 milhões) dos empregos formais gerados no Nordeste. Além de tramitar em uma área de fundamental importância econômica, há ainda uma estimativa de geração adicional de mais de 4 mil empregos, somente no Ceará, segundo o Governo Federal. 

“A importância econômica da conclusão da ferrovia pode ser destacada a partir dos possíveis setores a serem impactados, como grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minérios, favorecendo a logística e o acesso a insumos essenciais.”

Por sua vez, o engenheiro Heitor Studart, coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Fiec e, também, membro do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), emitiu a seguinte opinião:

“A Transnordestina é um eixo estruturante fundamental para o desenvolvimento industrial do Ceará. Tanto é assim que essa ferrovia integra o “Panorama da Infraestrutura da Região Nordeste”, elaborado pela CNI, de cuja elaboração participou direta e ativamente a Fiec, por orientação do seu presidente Ricardo Cavalcante. O documento contém o planejamento estratégico para a integração da Ferrovia Transnordestina à malha ferroviária nacional.

“Além de ser fundamental para o desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, a Transnordestina permitirá a ligação da área de produção agrícola desde Eliseu Resende, no Piauí, a Balsas, no Maranhão; a integração com a Ferrovia Norte-Sul, que, por sua vez, integra o Nordeste ao polo produtor de grãos do Centro Oeste.

“A Transnordestina terá impacto direto na produção industrial do Ceará, em consequência do que o Porto do Pecém duplicará sua capacidade de movimentação de carga. A ferrovia permitirá, ainda, o desenvolvimento de polos intermodais, como a integração com a BR-020, que tem sua origem em Barreiras, no Oeste da Bahia, que por sua vez se integra ao polo agrícola de Luiz Eduardo Magalhães. E, também, a integração intermodal com a BR-116 e a BR-222, o que certamente causará a redução do preço dos fretes”.

A opinião de Ricardo Cavalcante e de Heitor Studart coincide com a do presidente do BNB, Paulo Câmara, que disse à coluna o que se segue:

“A conclusão da Transnordestina é uma das principais ações do Novo PAC e uma prioridade para o Governo Federal. A ferrovia é uma obra estruturadora que vai estabelecer um novo patamar logístico para a Região Nordeste. É um projeto prioritário também para o BNB que mobilizou uma equipe exclusiva para acompanhar a tramitação dos desembolsos, sob coordenação da Diretoria Financeira e de Crédito.”

Também repercutiu junto aos empresários da agropecuária. Tom Prado, CEO da Itaueira e coordenador do Comitê Técnico Fitossanitário da Confederação Nacional da Agricultura (CNA),  emitiu, manifestou-se da seguinte maneira sobre o tema:

“Em minha opinião considero a obra importantíssima pois une o interior de vários estados com o porto do Pecém. Permitirá fluxos de exportação e importação com criação e expansão de emprego e renda por onde passar. Conforme houver maior demanda e fluxo de uso, a tendência será de maior competitividade e atração de novos negócios em um ciclo positivo de crescimento econômico com benefícios para todos pois haverá inclusive aumento de arrecadação de impostos com os novos negócios e empregos/consumo.”

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