Semana de IPCA, Crise fiscal nos EUA e mais rombo na Americanas

Haddad volta de Davos e o mercado espera medidas de política fiscal. Dívida dos EUA bate no teto de US$ 31,4 trilhões. Trio de acionistas da Americanas divulga nota e diz que de nada sabia do rombo

Legenda: Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil, um dos três acionistas majoritários da Americanas
Foto: Divulgação / Fundaçao Lemann

Esta é uma semana cuja agenda econômica e política promete fortes emoções. Para começar, amanhã será divulgado o IPCA relativo a este mês de janeiro. O mercado espera uma inflação de 0,48%, que, se anualizada, ou seja, de janeiro do ano passado a janeiro de 2023, levará a taxa para 5,8%.
 
De acordo com a previsão, subiram os preços de produtos industrializados, como os de higiene e limpeza, mas permaneceram estáveis os administrados, como os de energia e combustíveis.

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Na quinta-feira, o Banco Central divulgará o balanço de dezembro das contas externas, esperando-se um déficit US$ 6,44 bilhões, menor do que o de US$ 7,7 bilhões registrado no mesmo dezembro de 2021. No que diz respeito à balança comercial de dezembro passado, a expectativa é de um superávit de US$ 3.5 bilhões.

No front externo, o que mais preocupa é a questão fiscal dos Estados Unidos, que deverão alcançar, na quinta-feira, o teto do seu endividamento. A dívida norte-americana baterá na casa dos UD$ 31,4 trilhões, o que significa dizer que o governo de Joe Biden estará impedido, legalmente, de contrair novos financiamentos. 

Será uma crise fiscal, que só se resolverá com a autorização do Congresso para alterar o teto da dívida, mas por enquanto isso é uma hipótese difícil porque democratas e republicanos estão cada vez mais divididos. Uma crise fiscal nos Estados Unidos terá reflexos na economia mundial. É para os títulos do Tesouro norte-americano que correm os governos, inclusive o da China. 

Na mesma quinta-feira, será conhecido o PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre de 2022, e a previsão é de um crescimento de 2,6%, indicando que a economia norte-americana segue crescendo apesar dos juros altos.
 
Aqui no Brasil, com a volta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que passou a semana no Fórum Econômico Mundial de Davos, na suíça, serão retomadas as negociações sobre as medidas de ajuste fiscal prometidas pelo governo. O mercado aguarda que Haddad tome iniciativas junto ao Congresso Nacional no sentido de que se acelere a tramitação da proposta de reforma tributária.

Também está na agenda a substituição do economista Bruno Serra, diretor de Política Monetária do Banco Central, que anunciou que deixará o cargo no próximo mês de fevereiro. Essa decisão veio na boleia da declaração do presidente Lula, que se mostrou contrário à independência do Banco Central e a favor de um aumento da meta de inflação, o que deixou o mercado nervoso, fazendo cair a Bolsa e subir o dólar. 

Parece que a questão fiscal não está, até agora, nas prioridades do governo, e isto deixa preocupados os investidores, que também podem ser chamados de especuladores.

E ontem à noite, o trio de acionistas que detém 30% do capital da rede de lojas Americanas, formado pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, distribuiu uma nota, na qual asseguram que jamais tiveram conhecimento das inconsistências contáveis que levaram a um rombo de R$ 40 bilhões nas contas da empresa.

Os três afirmam que a Americanas sempre foi administrada por competentes profissionais do mercado. Eis um trecho da nota:

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.”

É difícil para um acionista minoritário da Americanas acreditar no que os três acionistas majoritários da empresa dizem na nota. São empresários com negócios em diferentes áreas da atividade econômica e em diferentes países do mundo. Mas esta é apenas uma suposição. 

Só as apurações da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, e um levantamento minucioso da contabilidade da Americanas poderão esclarecer o que realmente aconteceu nas contas da empresa.

O certo é que, hoje, as ações da Americanas estão valendo o mesmo que um bombom e menos do que um pão carioquinha.
 
Mas, na nota ontem divulgada, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira manifestam o seu empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível. E dizem que focados em “garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores”.