Selic mais alta manda os juros da dívida a R$ 1 trilhão

É a estimativa do deputado Mauro Benevides Filho, que acusa o sistema financeiro de ser o beneficiado pela política monetária

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 09:26)
Legenda: Na opinião do deputado Mauro Benevides Filho, o sistema financeiro é o grande beneficiado pelos juros altos
Foto: Shutterstock

Desde quarta-feira, o Brasil tem a segunda maior taxa real de juros do mundo, ou seja, descontada a inflação: 9,53% ao ano – atrás apenas da taxa da Turquia, que é de 14,44%. É produto da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que subiu a Selic em 0,25% ponto percentual para 15% ao ano.

No comunicado que transmitiu ao público após sua reunião, o Copom – pela unanimidade dos seus 9 integrantes, quase todos indicados pelo presidente Lula – assinala, com outras palavras, que seguem díspares a política fiscal, que trata dos crescentes gastos do governo, e a política monetária, que é gerenciada pelo Banco Central.

O mesmo comunicado indica, no seu linguajar economês, que a nova taxa básica de juros da economia brasileira perdurará por longo tempo, isto é, até o mês de dezembro deste ano, pelo menos, se a inflação declivar.

O deputado federal cearense Mauro Benevides Filho, em mensagem de vídeo que encaminhou na noite da mesma quarta-feira a este colunista, acusa o sistema financeiro – os grandes bancos – de ser o maior beneficiado pelos juros altos praticados no Brasil.

Ele acrescentou que, no fim deste ano, o governo brasileiro terá gastado, somente com o pagamento dos juros de sua dívida, um Evereste do tamanho de R$ 1 trilhão. Vale repetir: R$ 1 trilhão.

Tem mais: na opinião do deputado Mauro Filho, as despesas do governo – ao contrário do que dizem a oposição, a maioria dos economistas e dos comentaristas de economia – não cresceram; pelo contrário, foram reduzidas. O parlamentar cearense insiste na defesa de sua tese, segundo a qual por trás de tudo isso está o sistema financeiro. Ele tem razão.

Mas, neste momento de agravamento das contas públicas, há de se responsabilizar, também, o Congresso Nacional, que passou a operar no modo “gastança”. Nesta semana, o Parlamento, de costas para o interesse nacional, ou seja, o interesse do povo brasileiro, derrubou vários vetos presidenciais, em consequência do que o contribuinte será apenado com o aumento de sua conta de luz, enquanto o meio ambiente será castigado por causa da construção e operação – em várias regiões do país – de novas usinas termelétricas movidas a carvão mineral, óleo diesel e gás natural – combustíveis poluentes e emissores de gases que causam o aquecimento do planeta.

Não há, por enquanto, qualquer movimentação no Congresso Nacional pelo fim, por exemplo, dos altos salários dos servidores públicos dos três poderes nas esferas federal, estadual municipal. O governo está, digamos assim, no mato sem cachorro: do seu orçamento anual nada lhe sobra para investimento. Reparem: cerca de 70% da receita do governo são destinados ao pagamento dos proventos dos aposentados e pensionistas (a chamada conta da Previdência) e dos funcionários públicos em atividade. Devem ser somados a isso os juros da dívida e a despesa de manutenção da máquina (aluguel de imóveis, conta de água e luz, gasolina para os veículos oficiais e querosene para os aviões da FAB, por exemplo).

Depois de tudo somado e de tudo descontado, aparece o déficit assustador para cuja cobertura o governo recorre aos agiotas (os bancos, que usam dinheiro dos seus depositantes), que estão agora cobrando juros cada vez maiores.

Por enquanto, não há sinal de que o Brasil deixará de cumprir sua obrigação de pagar, em dia, os juros aos seus credores. Mas para que a dívida não cresça e se mantenha em patamar compatível com o PIB do país, o governo é e será obrigado a adotar duras providências, para as quais terá de contar com o apoio do Parlamento, em cujas duas casas não tem maioria. Este problema é acirrado pela baixa popularidade do presidente da República. Destaque-se que no próximo ano haverá eleição presidencial. De olho em 2026 e pensando apenas no seu próprio interesse, senadores e deputados pressionam o Palácio do Planalto pela liberação das emendas parlamentares, um dos males desta República. Essas emendas chegam a perto de R$ 60 bilhões neste 2025.

Nesse toma lá dá cá em que se transformou a relação Governo-Parlamento, o contribuinte segue perdendo: tem de pagar mais impostos para sustentar a máquina governamental, que é grande e ineficiente. Mas a vida continua.

MEDALHA PARA O PRESIDENTE DA FAEC, AMÍLCAR SILVEIRA

A Câmara Municipal de Quixadá aprovou, em sessão ordinária na terça-feira, 17, a concessão da Medalha Cedro ao agropecuarista e atual presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira. A medalha é a maior honraria do Legislativo municipal quixadaense.

Desde que assumiu a presidência da Faec, em 2022, Amílcar Silveira tem atuado para tornar a agropecuária protagonista da economia cearense. Em 2024, o PIB do setor registrou crescimento superior a 25%, impulsionando o PIB estadual, que avançou 6,5% no período. Em 2025, transformou o PEC Nordeste no maior evento de negócios do Estado.

Nascido em Quixadá, Amílcar Silveira acumula mais de 30 anos de experiência como produtor rural e de dedicação ao setor agropecuário cearense. No município, tem liderado importantes programas sociais, como o “Programa Saúde em Ação”, que oferece atendimento médico e exames a moradores da zona rural dos distritos de Cipó dos Anjos, Custódio e outros, em parceria com a Prefeitura Municipal.

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