Renováveis:70% dos projetos prostituem o mercado, diz engenheiro
José Carlos Braga, desenvolvedor de projetos de energia eólica e solar, sugere que entidades empresariais se unam pelo setor. E mais: 1) Produtores rurais reúnem-se no Cariri; 2) Os sócios do Projeto Uruquê; 3) Na Europa, bolsas em alta
Sobre o comentário desta coluna, publicado no sábado passado, 19, o engenheiro José Carlos Braga – desenvolvedor do projeto Uruquê, que prevê a implantação de um gigantesco parque de geração de energia solar no Vale do Jaguaribe (2.509 MW), aqui no Ceará – pede espaço para expor seu contundente ponto de vista, que é o seguinte:
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“Conflitos e informações desencontradas envolvendo associações do setor energético bem como colocações ufanistas regionais e nacionais, espalhadas pela imprensa e pelas redes sociais, estabelecem uma questão fulcral a ser abordada e pouco difundida:
“Qual o verdadeiro volume de projetos e potências exequíveis a serem efetivamente implantados no país até 2030, atinentes às energias limpas e renováveis, sejam eles ‘onshore’ ou ‘offshore’, eólicos ou fotovoltaicos e até do Hidrogênio Verde?
“Esta é uma daquelas questões de US$ 1 milhão.
“Arrisco afirmar que mais de 70% dos projetos anunciados não passam daquilo que eu qualifico de ‘invertebrados gasosos’, promovidos por especuladores ou ‘agentes duvidosos’ e que seriam refutados caso submetidos a um mínimo processo de ‘Due Diligence’, que investiga a empresa como um todo, ou seja, questões financeiras, questões legais, aspectos envolvendo o negócio e suas operações, gestão, questões ambientais, visão de futuro, condições e disponibilidade de conexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN) ou diretamente a consumidores ou ainda aos Hub's de energias renováveis, a exemplo do Pecém.
“Essa ‘massa’ de projetos anunciados e sem fundamentação pragmática prostitui o mercado, suscita variações de preços, prazos e condições de pagamento através de uma falsa realidade paralela, que confunde consumidores e players nacionais e estrangeiros interessados e carentes de projetos telúricos e efetivamente exequíveis a serem concretizados.
“Advogo que, em vez, de pendengas desprezíveis promovidas por entidades de classe realmente interessadas na evolução do setor, sejam técnicas, industriais ou comerciais, deveriam elas preocupar-se em chancelar publicamente os projetos que realmente levarão o Ceará, o Nordeste e o Brasil ao topo mundial como produtores e exportadores das energias verdes, aproveitando este quadrante de mudança da matriz energética mundial rumo à sustentabilidade do planeta.”
José Carlos Braga conclui, parafrasseando um velho ditado sertanejo, que, na versão original, é impublicável:
“Muita bufa é sinal de pouca essência, isto para ser minimamente educado.”
OS SOCIOS DO PROJETO URUQUÊ
Aproveitando o fio da meada das energias renováveis, esta coluna revela o nome dos sócios que constam do contrato social da Uruquê, que são estes:
Maíra Braga, Igor Dias, Marcelino Carvalho, Luís Eugênio Pontes, Jorge Lima, Sérgio Bayas e Chrisanto Lincol.
Na semana passada o Coema (Conselho Estadual do Meio Ambiente do Ceará) aprovou a concessão de licença para o projeto da Uruquê, cuja potência foi atualizada: saiu de 2 mil MW para 2.509 MW.
“Os módulos fotovoltaicos foram atualizados”, disse à coluna o engenheiro José Maria Braga.
SINDICATOS RURAIS REUNIRAM-SE NO CARIRI
Na semana que passou, os presidentes dos Sindicatos Rurais da Região do Cariri, filiados à Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) reuniram-se com o presidente da entidade, Amílcar Silveira, e com a diretora técnica do Senar-CE, Ana Kelly Cláudio.
Trataram dos cursos que, ao longo deste ano, serão ministrados pelo Senar aos produtores rurais caririenses. Esses cursos agregarão conhecimento sobre as novas tecnologias e as melhores práticas agrícolas.
A propósito: o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, informa que a previsão para os meses de março, abril e maio é de chuvas acima da média.
Mas este fevereiro, que entra hoje na sua última semana, é mesmo, como estava previsto, de poucas chuvas.
SUDENE LANÇA MAIS UM PROJETO
Novidade na Sudene. Ela acaba de lançar o “Projeto de Desenvolvimento Federativo”, cujo objetivo é promover maior desenvolvimento econômico e melhoria da gestão pública em municípios que apresentam indicadores mais carentes nessas áreas.
A ideia da Sudene é atuar de maneira mais intensa e próxima dos municípios que apresentam baixos índices sociais e, ao mesmo tempo, registram dificuldades na administração pública, principalmente na área de finanças, desenvolvimento de pessoal e elaboração de projetos.
Para o início do Projeto de Desenvolvimento Federativo foram selecionados 66 municípios – cinco de cada um dos estados de atuação da Sudene.
Em um deles, cujo nome também não foi revelado, será implementado um projeto-piloto.
Entre os critérios estabelecidos para a seleção dos 66 municípios, a Sudene levou em conta a proximidade territorial entre os eles, a existência de associações e cooperativas que podem funcionar como agentes de promoção de projetos e a possibilidade de apoio da Sudene por meio dos fundos regionais FDNE e FNE, além dos incentivos fiscais.
Agora, é esperar para ver se mais esse novo plano dará certo.
NA EUROPA, BOLSAS ABREM EM ALTA
A notícia de que o presidente dos EUA, Joe Biden, e o da Rússia, Vladimir Puti, poderão reunir-se nos próximos dias para tratar do conflito com a Ucrânia está positivamente repercutindo nas bolsas de valores europeias, que operam em alta na manhã desta segunda-feira.
O dólar perde fora em relação ao euro e à libra esterlina, ao mesmo tempo em que o preço do petróleo tem leve queda, cotado a US$ 93,40 o óleo do tipo Brent, que serve de referência para a Perobras.