Porto do Pecém arruma as malas: vai a Roterdã
O presidente e diretores do Complexo Industrial e Portuário participarão, em maio, na Holanda, de um grande evento sobre o Hidrogênio Verde
Diretores da Companhia do Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) arrumam as malas para viajar, no próximo mês de maio, com destino a Roterdã, onde está o porto de mesmo nome, cuja Autoridade detém 30% do capital da empresa cearense. O que fará na Holanda a comitiva da CIPP?
Fonte do setor portuário informa que Max Quintino, o seu presidente, e alguns dos seus colegas de diretoria terão ativa participação no World Hydrogen 2025 Summit & Exibition, evento que tratará da fase atual do projeto mundial de produção, transporte, armazenamento e distribuição do Hidrogênio Verde (H2V), que, pelo ano 2030, entrará na Europa pelo porto de Roterdã, de onde será distribuído no continente por uma rede de dutos já projetada.
A mesma fonte aproveitou para destacar o que ele chamou de “novos ares que se respiram em Pecém”, destacando a habilidade de Max Quintino de conversar, sempre que demandado, com os operadores do porto e com as empresas instaladas e em operação no seu Complexo Industrial.
“Infelizmente, na gestão anterior de Hugo Figueiredo, não houve esse diálogo, e isso dificultou a solução de alguns percalços. Hoje, o novo presidente atende de pronto a um pedido de reunião, aceita sugestões, ideias e acelera providências. Posso dizer que a produtividade do Pecém melhorou, assim como melhorou a relação da CIPP com os operadores do porto”, disse a fonte.
Todavia, da gestão de Hugo Figueiredo ficou uma providência importante: o projeto da nova ampliação do Porto do Pecém, que ganhará um píer exclusivo para a movimentação do Hidrogênio Verde, além da extensão, no sentido Leste, do Terminal de Múltiplo Uso (TMUT), que terá mais um berço de atracação.
A mesma fonte, porém, emitiu um comentário sobre a presença da Autoridade do Porto de Roterdã na composição da diretoria da CIPP. Na sua opinião, os holandeses deveriam participar, também, da área comercial da empresa, “pois têm larga e comprovada expertise, com o que ganharia Pecém por meio da conquista de novos clientes, levando-se em conta que no mercado da navegação marítima a concorrência é uma briga de cachorro grande”.
Mas, ainda segundo a fonte, “as coisas vão bem no Pecém, pois ganharam impulso todas as áreas de sua atividade; preocupa, contudo, a demora do início da efetiva implantação dos projetos de produção do hidrogênio verde”.
Esta coluna pode afirmar que, neste caso, a CIPP tem nenhuma culpa, pois esse atraso mostra a digital do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a do Ministério de Minas e Energia; o primeiro, porque negou acesso das empresas à rede elétrica, o segundo porque ainda não marcou leilões para a construção de novas Linhas de Transmissão de Energia, sem o que, por exemplo, o sonhado Hub do Hidrogênio Verde do Pecém não se viabilizará.
Como esta coluna divulgou ontem, a Casa dos Ventos – maior empresa desenvolvedora de projetos de energia renovável do país, fundada e comandada pelo cearense Mário Araripe – tem, além do seu projeto de produção do H2V, outro, ainda maior, de construção de um gigantesco DataCenter, consumidor intensivo de energia. Esse projeto depende, literalmente, da instalação de novas Linhas de Transmissão, algo que demanda prazo de, no mínimo, três a quatro anos.
O futuro do Porto do Pecém será ainda mais promissor a partir de quando estiver concluída a Ferrovia Transnordestina, que levará para ele toda a carga oriunda da produção agrícola, mineral e agroindustrial do Sudeste do Piauí e da fruticultura de Juazeiro (BA) e de Petrolina (PE), sem se falar no terminal de armazenamento e distribuição de combustíveis em construção na geografia do seu Complexo Industrial.
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