Pecém pode resolver problema do congestionamento do Mucuripe

Para um grande exportador, Pecém precisa de um armador mais comprometido do que a MSC com a fruticultura cearense -- seus navios vêm numa semana e não vêm na outra. E toda a exportação vai para os navios da CMA-CGM que atracam semanalmente no Mucuripe.

Legenda: Porto do Pecém precisa de um armador mais comprometido com a fruticultura cearense, sugere um grande exportador
Foto: Ismael Soares

Um grande exportador cearense, que usa mais o Porto do Mucuripe, em Fortaleza, do que o do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, para embarcar suas mercadorias, disse ontem a esta coluna que estão corretas as informações aqui transmitidas a respeito de novo congestionamento de caminhões de carga no portão de acesso ao Terminal de Contêineres do terminal portuário fortalezense. 

Ele disse, porém, que a direção do Porto do Pecém poderá “dar uma ajuda substancial e importante” para a solução o problema que o Mucuripe enfrenta. 

(O que enfrenta o Mucuripe é consequência da decisão da antiga administração da Companhia Docas do Ceará de transferir, por meio de licitação, para a iniciativa privada a operação do seu Terminal de Contêineres. A empresa ganhadora do certame, a francesa CMA Terminals, que tem atuação mundial no setor, não mostrou, até agora, competência para gerenciar o grande fluxo de caminhões pesados que entram e saem do porto carregados, principalmente, de melões que se destinam ao mercado europeu).

O exportador explicou que, para agravar o problema, falta ao Mucuripe uma outra empresa de navegação, “que seja séria, que cumpra os compromissos de escala semanal”. Por enquanto, apenas a CMA-CGM – uma gigante dos mares – faz escala uma vez por semana em Fortaleza para transportar mercadorias cearenses para a Europa.

Neste momento, acontece o pico da colheita e da exportação da safra cearense e potiguar de melões, “uma safra recorde”, salientou a fonte. 

Como a CMA-Terminals ainda não conseguiu estabelecer uma rotina no porto do Mucuripe para o processo de entrada e saída de caminhões com contêineres frigoríficos carregados de melão, “o que se observa agora é esse novo congestionamento, que causa prejuízo aos exportadores e às empresas donas dos caminhões que transportam as frutas”.

O Porto do Pecém, salientou o mesmo exportador, opera com outra gigante da navegação marítima – a MSC, “que tem atrapalhado muito o setor exportador do Ceará, pois uma semana seu navio vem, outra semana não vem”. 

Por causa disto, “os produtores e exportadores de melão do Ceará e do Rio Grande estão concentrando seus embarques de frutas na CMA-CGM, cujos navios escalam o Mucuripe pontual e semanalmente, diga-se a bem da verdade”. 

Falando bem devagar, para que sua mensagem alcance o objetivo de despertar a concorrência, a fonte diz que “um dos caminhos para a superação desse gargalo é que o Porto do Pecém obtenha o interesse de um armador que seja mais comprometido do que a MSC com a fruticultura do Ceará e do Rio Grande do Norte e que cumpra os calendários de atracagem, com o que os exportadores passarão a ter, também, o Porto do Pecém como ponto de embarque de suas frutas”.  

No final, ele disse: 

“Do jeito que está hoje, isto é, sem opção de navio em Pecém, o Porto do Mucuripe continuará com esse quadro de congestionamento, porque todos os embarques de frutas seguirão concentrados na CMA-CGM”.

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