No discurso de improviso com que saudou ontem as centenas de funcionários do Senai-Ceará cujos 80 anos de atividade foram celebrados na Casa da Indústria, o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, aproveitou para refletir acerca do que chamou de “revolução” pela qual o mundo – o Brasil no meio – começa a viver na área da energia.
Ele disse, com outras palavras, que a transição energética que se registra hoje no planeta colocará o Nordeste brasileiro – “e o Ceará de modo protagonista” – em posição de muito destaque.
Na opinião de Ricardo Cavalcante, o mundo desenvolvido – nomeadamente a Europa, além dos Estados Unidos – enfrenta um problema que não é simples: o caro preço da energia renovável que moverá a indústria do Hidrogênio Verde (H2V).
O preço de hoje, para os europeus, inviabiliza os altos investimentos necessários ao êxito dos empreendimentos.
O Brasil, principalmente o Nordeste – disse ele ao silencioso e atento auditório – “não tem em abundância, como nós temos, o que a natureza nos concedeu”, que são muitas terras; ventos fortes e constantes; alto índice de insolação; e um litoral virgem e próprio para a geração de energia eólica offshore: entre o Rio Grande do Norte e o Maranhão, a profundidade do mar é a ideal para a implantação de torres eólicas.
(Neste momento, mais de 10 projetos de usinas eólicas dentro do mar cearense estão em análise pelo Ibama, em Brasília. Eles representam investimento de mais de US$ 30 bilhões (R$ 150 milhões). Mas, infelizmente, falta a regulação da atividade de geração de energia offshore).
Na linha de frente do esforço conjunto do governo do Ceará, da Fiec, da UFC e de grandes empresas com as quais se celebraram mais de 30 Memorandos de Entendimento – todos com o fim de produzir Hidrogênio no futuro Hub do H2V no Complexo do Pecém – Ricardo Cavalcante tornou-se, digamos assim, um requisitado consultor de organismos públicos e de empresas privadas interessados em investir nesse novo e atraente negócio que, até 2050, mudará a economia regional nordestina.
Ele lembrou, na sua fala, que, no começo do próximo ano, o Senai-Ceará inaugurará seu Centro de Excelência para a Transição Energética, com foco na extensa cadeia produtiva do Hidrogênio Verde, da qual fazem parte as empresas que produzem energias renováveis, cujos times técnicos precisam de ser reforçados por maior número de especialistas e com mais e moderna tecnologia.
“É essa tecnologia que o Senai-Ceará aportará nas salas de aula prática, nos laboratórios e nas áreas externas do seu Centro de Excelência para a Transição Energética, em instalação na Barra do Ceará, onde as aulas práticas serão ministradas”, disse Ricardo Cavalcante com todo o entusiasmo que o caracteriza.
Ricardo Cavalcante pediu aplausos – e foi prontamente atendido – para o diretor regional do Senai-Ceará, engenheiro Paulo André Holanda, pelos êxitos alcançados pela instituição nos últimos anos. Ele lembrou que o Senai cearense é hoje um dos três mais eficientes do país, o que se prova pelos resultados das últimas pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI).