Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou em queda de 0,45%, aos 104.227 pontos. O dólar subiu 0,44%, encerrando o dia cotado a R$ 5,19.
A B3 acompanhou as bolsas norte-americanas, que fecharam com quedas expressivas. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova Iorque, por exemplo, caiu 1,78%, enquanto a Nasdaq, que negocia papeis das empresas de tecnologia, recuou 1,25%.
Tanto lá como aqui, a queda foi relacionada ao que disse Jerome Power, presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, segundo quem as recentes altas dos juros da economia dos Estados Unidos ainda não conseguiram reduzir os índices de inflação do país.
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Assim, é grande a possibilidade de o FED elevar novamente em 0,50 pontos percentuais os juros, ou deixar que a temporada de juros altos se prolongue por um tempo maior do que o previsto inicialmente.
Ora, se existe a possibilidade de subida dos juros nos EUA, isto quer dizer que é para os títulos do Tesouro norte-americano que correrão os investidores, e este movimento faz o dólar valorizar-se. Como se vê, quando os Estados Unidos espirram, a economia mundial fica gripada, e é o que está acontecendo.
A Bolsa brasileira operava em alta até o momento em que o presidente do FED iniciou sua fala no Senado norte-americano. Ele disse que a meta de inflação de 2% para este ano será mantida, mas acentuou que o consumo continua alto, deixando claro que a economia dos Estados Unidos segue aquecida, mantendo os índices inflacionários acima do que deseja o Federal Reserve.
A fala de Jerome Powel provocou a queda de 3,5% do preço do petróleo no mercado internacional, que foi negociado ontem na Bolsa de Londres a US$ 83,16. É esse petróleo, chamado de Brent, um óleo do tipo leve, que a Petrobras importa para as suas refinarias. O petróleo brasileiro, extraído do pré-sal, é quase todo exportado porque é de um tipo de óleo não processado pela maioria das unidades de refino do país.
Por causa da queda do preço internacional do petróleo, as ações preferenciais da Petrobras recuaram 3,31% no pregão de ontem da Bolsa B3, enquanto as ações preferenciais caíram 3,03%. Mas esses papeis da maior estatal brasileira perderam valor ontem por causa, também, da notícia de que a Petrobras fará altos investimentos em sete projetos de geração de energia eólica offshore, isto é, dentro do mar.
Um desses projetos – denominado Ibitucatu – está previsto para ser localizado no litoral Norte do Ceará.
Apesar de todas essas notícias, a curva de juros futuros da economia brasileira recuou, o que favoreceu as ações dos grandes bancos. Os papeis do Bradesco subiram 2,33%, enquanto as ações do Banco do Brasil cresceram 2,30% e as do Santander ganharam 1,33%.
E prossegue a novela da Americanas, uma das maiores redes do varejo nacional, que está diante de uma dívida de quase R$ 50 bilhões, depois da descoberta, no dia 11 de janeiro passado, de um rombo de R$ 20 bilhões em sua contabilidade, logo reajustado para R$ 40 bilhões, algo que o mercado também passou a chamar de fraude.
Ontem, a Americanas apresentou nova proposta aos seus credores, que são os grandes bancos na maioria. Essa proposta de aporte de R$ 10 bilhões foi recusada. Haverá novas reuniões.
Vale lembrar que os acionistas de referência da Americanas são Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que até o passado mês de janeiro eram citados com os grandes gênios brasileiros dos negócios. Hoje, os diretores dos bancos não escondem suas duras críticas aos três empresários.
Mas a boa notícia de ontem foi a divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado do grupo cearense Pague Menos, controlado pelo empresário Deusmar Queirós.
Entre os números macro desse balanço está o relativo ao faturamento da Pague Menos nos meses de outubro, novembro e dezembro: R$ 2,8 bilhões, com um lucro líquido no período de R$ 46 milhões. Esses números fizeram subir na B3 o valor de suas ações.
Enquanto isso, as ações do grupo cearense Hapvida, que é o maior do país na área dos planos de saúde, caíram novamente ontem, perdendo mais 1,47%, depois de haverem desabado 43,6% na semana passada.
A Agência Nacional de Saúde (ANS), que divulga dados mensais sobre o setor, informou ontem que o Hapvida perdeu, no último mês de janeiro, 46 mil beneficiários. Os analistas dos grandes bancos, porém, estão prevendo que o Hapvida vai recuperar-se, mas essa recuperação demorará.