O mercado e o ministro Haddad estão de olho na ata do Copom

O que levou os nove integrantes do Comitê de Política Monetária do Banco Central ao voto unânime pela manutenção da taxa Selic? Esta semana promete emoções na economia

Legenda: Roberto Campos Neto (foto), presidente do Banco Central e do Copom, falando em Fortaleza em recente evento na Unifor
Foto: Thiago Gadelha

Esta semana promete emoções na política e na economia. Para começar, amanhã, terça-feira, será divulgada a ata da última reunião do Copom, que manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros Selic no patamar de 10,50% ao ano. O que vai interessar nessa ata do Copom são os detalhes de como o colegiado tomou essa decisão por unanimidade. 

O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, prometeu que só falaria sobre o assunto depois de conhecer a íntegra da ata da reunião. É que, dos 9 integrantes do Copom, 4 foram indicados pelo presidente Lula, e por isto mesmo esperava-se que o placar da última reunião fosse igual ao da penúltima, que foi de 5x4 na decisão que reduziu a taxa Selic em apenas 0,25 ponto percentual, ou seja, os 5 indicados pelo ex-presidente Bolsonaro votaram alinhados com o presidente do Banco Central, Roberto Campos; os 4 indicados por Lula foram contra.
 
O mercado quer saber que razões levaram os 9 membros do Copom a votar, agora, a favor da proposta de manutenção da taxa Selic. E a resposta é fácil: a decisão foi técnica e não política. 

O ministro Fernando Haddad terá de concordar com ela, embora todo o governo esteja batendo na tecla de que é preciso abaixar os juros, e este é um clamor geral, mas isto não pode ser feito inopinadamente. A inflação, principalmente na área dos serviços, mantém-se elevada e com viés de alta. O câmbio neste momento é um problema que tonifica a curva inflacionária.
 
O presidente Lula, que parece não querer entender o elementar da economia, disse e repetiu que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é adversário do governo e ainda acrescentou que ele que trabalha contra os interesses do país, numa acusação grave e sem precedentes. Não é verdade. É só perguntar ao economista Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, nomeado por Lula e provável futuro presidente do BC. As decisões do Copom, que é um organismo técnico, são técnicas, como devem ser.

A agenda econômica da semana prosseguirá na quarta-feira, depois de amanhã, quando será divulgado o IPCA-15, que é a prévia da inflação oficial do país. Os economistas do Bradesco estão prevendo uma alta de 0,45%, o que não causará surpresa, pois ela trará os efeitos do desastre ambiental, social, econômico e financeiro que se registra no Rio Grande do Sul por causa das enchentes.

Hoje, segunda-feira, o Banco Central divulgará dados relativos aos Investimentos Diretores no país no mês de maio, que, de acordo com projeções dos economistas do Bradesco, citados pelo site Infomoney, foram de US$ 4,8 bilhões.

Nos EUA, a grande informação será divulgada na quinta-feira e será sobre o PIB norte-americano do primeiro trimestre deste ano. O mercado espera uma alta de 1,5%.

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