Ontem, segunda-feira, foi mais um dia ruim para a Bolsa de Valores brasileira, a B3.
Ela teve uma queda forte provocada por informações vindas da China, onde aumentaram os casos de Covid, e dos Estados Unidos, onde tudo indica que haverá novo aumento da taxa de juros e onde crescem as desconfianças de que a economia norte-americana entrará em recessão em 2023.
Mas o que causou mesmo a queda da Bolsa ontem foi a notícia de que o economista e ex-senador Aloísio Mercadante, uma das estrelas nacionais do PT, poderá vir a ser presidente da Petrobras ou do BNDES.
No mercado, a informação não foi bem recebida, uma vez que a indicação de Mercadante ferirá a chamada Lei das Estatais, que impõe severas regras para o acesso de políticos a cargos de direção de empresas controladas pelo estado, como é o caso da Petrobras e do BNDES. Essa Lei foi aprovada no governo Michel Temer.
E para agravar o quadro, no meio da tarde, quando a Bolsa reduzia suas perdas, surgiu outra informação negativa, a de que o futuro governo vai mudar a Lei das Estatais para permitir a nomeação de Mercadante ou do senador Jean Paul Prates, do PT do Rio Grande do Norte, para a Petrobras ou o BNDES.
A Lei das Estatais, entre outras coisas, estabelece que é proibida a indicação, para o Conselho de Administração ou para a diretoria executiva de empresa estatal DE queM, nos últimos 36 meses, tenha atuado na estrutura decisória de partido político ou participado da estrutura de organização de campanha eleitoral.
É o caso de Mercadante, que integrou o núcleo central da campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Este detalhe afetou as operações da Bolsa e ajudou na queda do índice Ibovespa:
As ações ordinárias da Petrobras caíram, 2,70; as preferenciais recuaram 3,23, apesar de o preço internacional do petróleo ter subido 2,77%, cotado ontem a US$ 78,27 por barril para entrega em fevereiro.
Na opinião dos analistas, se a Lei das Estatais vier a ser mudada, o governo Lula mandará um péssimo recado ao mercado, pois reabrirá as portas das empresas controladas pela União, como a Petrobras, o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, para a presença de políticos, o que poderá repetir o desastre que se registrou nos anteriores governos do PT.
Ontem, porém, o próprio senador Aloísio Mercadante disse que desconhece, no núcleo da equipe de transição de Lula, qualquer iniciativa de mudança na Lei das Estatais.
Mas, como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo.