Na transição energética, o metano que sai do lixo é importante

Segundo o presidente da Marquise Ambiental, Hugo Nery, para transformar lixo em biometano é preciso ter soluções inteligentes nos aterros sanitários.

Legenda: Foto da usina de biometano da Marquise Ambiental em Caucaia (CE)
Foto: Divulgação

Promovido pela agência de notícias EPBR, especializada em energia, está sendo realizado um ciclo de diálogos sobre a transição energética. Ontem, quarta-feira, 2, o tema da pauta foi o biometano, sobre o qual falaram Hugo Nery, diretor presidente da cearense Marquise Ambiental; Gabriel Kropsch, da Abiogás; e Giovane Rosa, da Consultoria Gás Orgânico. 

O debate foi mediado pelo jornalista Felipe Maciel, da EPBR.

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Como a transição energética é uma tendência mundial, os executivos mostraram como o Brasil deve avançar nessa agenda. Um ponto crucial é o investimento em aterros sanitários inteligentes para que o biometano seja mais bem aproveitado. 

Os números explicam a tendência: as 14 plantas que produzem biometano em aterros sanitários no Brasil são responsáveis por 74% de todo o biogás produzido no país atualmente.
 
Nos aterros sanitários, os resíduos sólidos geram, naturalmente, metano e gás carbônico, dois gases de efeito estufa (GEE) que, sem tratamento, são lançados na atmosfera e contribuem para o aquecimento global. 

O metano, por exemplo, é 28 vezes mais nocivo ao meio ambiente do que o CO2 (dióxido de carbono).
 
“Para conseguir transformar lixo em biometano é preciso ter soluções inteligentes nos aterros sanitários. Neste quesito, nós temos um case de sucesso: a GNR Fortaleza é a primeira planta de biometano do Norte e Nordeste e a única a injetar biometano na rede de distribuição. Em cinco anos de operação, ela já produziu mais de 132 milhões de metros cúbicos (m³) de biometano, o que representa mais de 306 milhões de m³ de biogás. O volume produzido nesses cinco anos seria suficiente para suprir o consumo residencial de uma cidade inteira com 2,5 milhões de habitantes por um ano ou abastecer a frota brasileira de 1,6 milhões de veículos GNV por 2 semanas”, explicou Hugo Nery.
 
Outro ponto abordado pelo executivo da Marquise Ambiental foi a questão cultural. Em sua explanação, ele falpou sobre a importância da separação correta na origem do resíduo. 

“Acreditamos que este é o futuro, e passa, em especial, por uma mudança de comportamento dos geradores de resíduos. Por exemplo, se a separação do lixo - não apenas reciclável, mas também do material orgânico - for feita pelas pessoas em casa, certamente esta produção seria ainda mais expressiva. A transição energética é uma mudança de conceito que envolve não só a geração de energia, mas também como a gente lida com o consumo e o reaproveitamento dos resíduos”, lembra Nery.