Na economia, quem fará mais entregas ao governador Elmano?
SDE, Adece, ZPE e CIPP S/A estão desafiadas a fazer mais do que estão fazendo, e esta cobrança será feita de forma permanente pelo novo secretário da Casa Civil, Chagas Vieira

Do ponto de vista do setor produtivo, ou seja, dos atores das diferentes áreas da economia cearense, a gestão do governador Elmano de Freitas pode ser repartida em dois estágios: o primeiro, iniciado no dia 1º de janeiro de 2023 e a expirar-se à meia noite da próxima terça-feira, 31, e o segundo a começar no dia 1º de janeiro de 2025 – a próxima quarta-feira – e a terminar no dia 31 de dezembro de 2026.
No primeiro estágio, contou o governador com um time de auxiliares de primeiro escalão para a execução de uma tarefa – a de dar continuidade aos programas herdados da administração anterior – os quais, prestes da conclusão, precisavam de ser acelerados – e a de começar seus próprios projetos.
Agora, com natural foco em 2026, Elmano de Freitas quer mais, muito mais. E para isto exigirá dos novos secretários um crível calendário de entregas não só na área social, sua prioridade, mas, também e principalmente, nos diferentes setores da economia.
Esta coluna pode adiantar que, para a cobrança permanente dessas exigências, foi escalado o novo secretário da Casa Civil, Chagas Vieira, cujas lealdade e competência estão acima de qualquer suspeita.
No Complexo Industrial e Portuário do Pecém há gargalos que precisam de ser superados, e para isto Max Quintino, novo presidente da empresa que o administra – a CIPP S/A, da qual é sócia a Autoridade Portuária de Roterdã – terá de, no mais curto espaço de tempo possível, localizar os pontos fracos da gestão da empresa e cobrar resultados dos seus gestores. (O Porto pernambucano de Suape vem crescendo na boleia da passividade de Pecém).
O mesmo pode ser dito da Zona de Processamento para Exportação (ZPE), que já deveria ter outras empresas operando em sua geografia. Dá a impressão de que o comando da ZPE do Pecém vive apenas a sonhar com as indústrias do Hidrogênio Verde (H2V) que ainda demorarão a ser implantadas. Sua direção precisa sair à caça de investidores. Estas são observações que a coluna ouve de empresários exportadores da indústria e da agricultura.
Domingos Filho, novo secretário do Desenvolvimento Econômico (SDE), tem boas relações com os líderes das federações das Indústrias (Fiec) e da Agricultura e Pecuária (Faec), mas só isto não basta.
Ele não poderá encantar-se com a vidinha modorrenta do seu gabinete no Pavilhão Leste do Centro de Eventos, mas deve impor uma agenda de viagens previamente bem planejada com o Itamaraty, pelo Brasil e pelo exterior, para contatos diretos com diretores e executivos de grandes empresas, aos quais deverá apresentar o cardápio de oportunidades que oferece a economia do Ceará e o menu de incentivos que seu governo disponibiliza.
Deve, prioritariamente, reunir-se com os chefões das empresas que já têm projetos prontos para a construção de indústrias de produção do H2V no Pecém, entre elas a australiana Furtescue e a brasileira Casa dos Ventos, para o que pode ter a ajuda imediata e próxima do presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante.
Como esta coluna disse ontem, é preciso dar uma chacoalhada nos organismos que têm a ver com o desenvolvimento da economia cearense, e é com este objetivo, exatamente, que o governador Elmano de Freitas está fazendo uma modificação profunda no seu time de auxiliares.
Elmano quer em 2025 – véspera de um ano de eleição (ou reeleição) – visitar as obras de construção de pelo menos duas das primeiras empresas industriais que produzirão H2V no Pecém; quer inaugurar novos parques privados de geração de energia eólica e solar fotovoltaica; quer inaugurar o prometido Centro de Excelência de Cultivo Protegido em Barbalha, algo que, por enquanto, é só um sonho sonhado da SDE e que precisa de ser entregue; quer ver o Ceará retomando a produção e a exportação de melão a partir do próximo mês de maio; quer testemunhar a expansão da carcinicultura no estado; quer visitar as obras da nova ampliação do Porto do Pecém.
Elmano tem, ainda, um sonho ainda maior: quer, em 2025, ver instaladas as primeiras montadoras do Polo Automobilístico de Horizonte, uma tarefa que vem sendo tocada a todo o pano pela Agência do Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece).
Resumo: 2025 será o ano de uma virada na área da economia, mas para que essa virada aconteça serão necessários 1) rápido conhecimento da área de atuação de cada um, 2) disposição do novo time para o trabalho, 3) competência dos seus executivos, 4) mais foco nos objetivos e menos foco no interesse político paroquial, que deve ficar reservado para o exercício de 2026, quando será colhido o que foi plantado.
Para emular os novos responsáveis pelos setores da indústria, do comércio exterior, do agro e da infraestrutura de logística de transporte do Ceará, esta coluna pergunta hoje: qual dos novos auxiliares de Elmano de Freitas entregará mais ao Ceará e aos cearenses? A CIPP S/A, a ZPE, a Adece ou a SDE?
Foi dada a largada. Respostas no fim de 2025.
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