Na Argentina, Milei ganha a eleição e como prêmio uma herança maldita

Inflação de 142% ao ano, desemprego recorde, sem dólar para sustentar importações, povo desesperançado e sem maioria no Parlamento, eis o que espera o novo presidente argentino: um trabalho de Hércules a executar em pouco tempo. E o Simec-Ceará apoia o Favela 3D

Legenda: Javier Milei, eleito presidente da Argentina, tomará posse no próximo dia 10 de dezembro. Ele promete dolarizar a economia do país
Foto: AFP

Foi uma vitória de lavada a que obteve ontem o libertário Javiewr Mileil, eleito ontem novo presidente da Argentina. Ele derrotou, por uma maioria jamais imaginada, o peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia do país. Uma vitória histórica, com repercussão mundial, principalmente aqui no Brasil. 

Mas que prêmio está recebendo o despenteado economista Javier Milei, cujo discurso radical contra tudo e contra todos encantou o eleitorado argentino? 

Milei assumirá no próximo dia 10 de dezembro uma terra arrasada do ponto de vista econômico, endividada, desesperançada socialmente e literalmente quebrada, sem dólares para bancar suas importações. 

É lastimável que a Argentina – uma das cinco economias mais fortes do mundo nas primeiras décadas dos anos 1900 – tenha chegado ao fundo do poço pela irresponsabilidade de políticos populistas, desde Juan Domingo Perón, que a governou em três oportunidades, na primeira e na segunda metades do Século XX, até os Kirchner, marido e mulher, que agravaram o quadro. 

O atual presidente Alberto Fernández e sua vice Cristina Kirchner jogaram a pá de cal: deixarão para o próximo presidente uma herança maldita que começa com uma inflação de 142% ao ano, com grande viés de alta, independentemente do resultado da eleição de ontem. |A Argentina tem, ainda, um desemprego recorde. 

Pela enésima vez, o nosso grande vizinho do Sul – no futuro governo de Javier Milei – terá de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual já deve mais de US$ 240 bilhões. 

(Nesta semana, a mídia informou que a China, que vem fazendo grandes investimentos na Argentina, está garantindo o pagamento dos juros dívida externa portenha.)

O mundo olha para a Argentina com uma pergunta: o que e como fará o futuro governo de Milei para recolocar a economia nos eixos e devolver a confiança à população e ao empresariado do país? 

Será necessária uma espécie de Plano Real para mudar tudo lá.  Milei enfrentará muitos e pesados desafios. 

Mas ele não tem maioria no Parlamento, e por isto mesmo desde ontem começou articulações com os partidos que o apoiaram, incluindo o Juntos pela Mudança, de Patrícia Bullrich, que foi a terceira colocada no primeiro turno da eleição e de Maurício Macri, ex-presidente da Argentina. 

Mas esse apoio será pouco. Milei precisará de mais partidos para dar sustentação ao seu governo, que proporá ao Parlamento uma série de reformas, a começar pela Administrativa, cujo objetivo é claro: reduzir o tamanho do estado, a começar pelo número de ministérios, que, segundo o jornal Clarin, o maior de Buenos Aires, diminuirá para apenas oito. Será?

O peronismo sofreu ontem sua mais acachapante derrota: das 23 províncias da Argentina, Milei ganhou em 19, incluindo Buenos Aires e Córdoba, onde ele obteve 90% dos votos. 

O Partido de Milei, o Liberdade Avança, não elegeu um só governador, e na Argentina são os governadores que têm mais influência sobre os senadores e deputados. Esta será outra dificuldade que ele enfrentará para construir a sua governabilidade.

O governo brasileiro teve pública e aberta participação na campanha eleitoral argentina. 

E escolheu o lado de Sergio Massa, dando-lhe substancial colaboração na campanha: os marqueteiros do PT foram para Buenos Aires e estrearam, mundialmente, comerciais produzidos por eles que usaram, pela primeira vez numa eleição, a Inteligência Artificial, com forte impacto junto aos eleitores.
Mas esse impacto teve efeito contrário: as pesquisas indicavam que o resultado da eleição seria muito pequeno para qualquer um dos lados. 

Todavia, o institutos de pesquisas, e na Argentina há mais de 10 deles, erraram feio: Javier Milei ganhou com uma diferença nunca imaginada, de quase 12% de diferença. No seu discurso após o anúncio do resultado, Milei disse que está começando a reconstrução da Argentina.

SIMEC-CEARÁ ALIA-SE AO PROJETO FAVELA 3D 

Uniram-se as empresas filiadas ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no estado do Ceará (Simec) com o objetivo de discutir e implementar pautas para o Planejamento Estratégico da entidade, válido para os próximos quatro anos, do qual faz parte o Projeto Favela 3D.

Na semana passada, houve a última reunião de fechamento dos dois projetos, quando foram alinhadas e definidas as estratégias para 2024. O presidente do Simec, Cesar Barros, destaca o resultado da reunião:

"Tivemos pautas sociais, e inserimos a favela como um tema muito desenvolvido, elaborado pela equipe da Aço Cearense, além dos editais de inovação que anunciamos", diz ele. 
 
A vice-presidente comercial do Grupo Aço Cearense, Aline Ferreira, apresentou o Projeto Favela 3D, que incorpora a dignidade à tecnologia digital. O projeto é apoiado pela sua empresa, que, aliás, desenvolve na Favela Inferninho, em Fortaleza, o programa “Gerando Falcões”, uma iniciativa que promove, em três anos, uma mudança radical nessas comunidades, como ela afirma com todo o seu entusiasmo. 

Para Pedro Mendonça, diretor financeiro do Simec, o momento é muito estimulante.

O Projeto Favela 3D foi inspirado pela Associação Gerando Falcões, fundado em São Paulo, dirigido por Edu Lira e em expansão pelo Brasil. Em Fortaleza, está em execução, com pleno sucesso, um projeto piloto. 

O Favela 3D é um projeto de erradicação da pobreza de maneira sistêmica. Para isso, trabalha com base em um esforço de impacto que contempla moradia digna, acesso à saúde, direito à educação, cidadania e cultura de paz, primeira infância, meio ambiente, geração de renda e cultura, esporte e lazer. A iniciativa já foi bem-sucedida em várias outras cidades do país.

Guilherme Dermival Val Gondim Barreto, sócio e diretor da DGB Rolamentos e filiada ao Simec, destaca este momento como importante para associados e não-associados como muito motivador: 

"A reunião e as iniciativas nascida dela trouxeram muitas informações importantes para toda a indústria metalmecânica cearense”, diz ele.

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