Enquanto os técnicos da indústria norte-americana Robbins, que as fabricaram, trabalham na manutenção das duas tuneladoras que abrem os túneis 1 e 2 da Linha Leste do Metrofor, prosseguem em ritmo acelerado os trabalhos de ampliação da Estação Chico da Silva, no centro da cidade, e de construção das outras três – Colégio Militar, Nunes Valente e Papicu.
Ao mesmo tempo, também avançam os serviços da fábrica de aduelas (estruturas pré-fabricadas de concreto utilizadas no revestimento dos túneis) localizada bem ao lado do Cemitério São João Batista, a 50 metros da Estação Chico da Silva.
Ainda falta muito para fique pronta a Linha Leste do Metrô de Fortaleza e sas uas estações: executaram-se até agora apenas 1,3 km dos 7,3 km de sua total extensão.
Iniciada em 2013, paralisada em 2015, relicitada em 2018 e outra vez paralisada em 2021, a obra, agora retomada pela metade (falta o mais importante: as tuneladoras, que estão em manutenção e assim permanecerão até junho), é vital para a mobilidade urbana da quarta maior cidade brasileira, pois os trens do Metrofor transportarão 150 mil passageiros por dia através desse caminho de ferro metropolitano.
Para quem visita os canteiros da obra (os das estações estão 34 metros abaixo da superfície) da Linha Leste, como o fez segunda-feira este colunista a convite da secretária Executiva de Obras e Logística da Seinftrra, Liana Fujita, a impressão que fica é de intenso movimento de pessoas e veículos leves e pesados, algo que mexe com a atividade econômica, pois há uma grande cadeia produtiva envolvida na execução do projeto.
Para este colunista, o empreendimento é uma maravilhosa obra de arte da engenharia cearense, que, para realizá-la, teve de apropriar-se de expertise importada, e de entender e resolver desafiadoras questões técnicas e tecnológicas. Ao longo dos 1.300 metros de túneis já concluídos, o observador mais atento encanta-se com a qualidade do serviço executado.
As aduelas que compõem cada anel de concreto – de 6,90 metros de diâmetro, que é o diâmetro de cada túnel – estão assentados com uma perfeição técnica que impressiona e que atesta o alto padrão da engenharia brasileira.
Quem percorre, como este colunista percorreu, todo o trajeto já concluído entre a Estação Chico da Silva e o ponto onde se encontram as tuneladoras, 34 metros abaixo da Catedral Metropolitana de Fortaleza, sai dessa excursão curado de qualquer sensação de claustrofobia, para o que também ajuda a boa iluminação de todo o percurso.
Na área onde há três anos permanecem estacionadas as duas tuneladoras, os visitantes têm a mesma sensação de tranquilidade, pois o ar que se respira nela é o mesmo da superfície. Além da máquina que escava o solo, cada tuneladora puxa vagões nos quais estão máquinas automáticas que instalam as aduelas para compor cada anel que passa a revestir o pedaço recém perfurado do túnel.
Esta coluna lembra que, como se trata de uma obra pública, o projeto da Linha Leste do Metrofor teve de enfrentar – e ainda enfrenta – as tradicionais e peculiares dificuldades da burocracia brasileira. São, repitamos, apenas 7,3 km de linha férrea, 95% da qual subterrâneos.
A China, sua tecnologia e seus cofres cheios de dinheiro teriam implantado essa obra em 7 meses. Mas aqui não é a China de partido único, de economia centralizada, sem Ibama para cuidar da defesa do meio ambiente. Aqui, quase tudo depende de leis elaboradas exatamente para erguer dificuldades a quem investe – mesmo que o governo seja o investidor, como no caso em tela.
O leitor poderia perguntar a este colunista: você acredita que essa obra será concluída em dezembro de 2026, como promete o Governo estadual? A resposta é um sonoro não, mas deve ser esclarecido que nessa resposta está incluído o preconceito – que é natural, mas não deveria sê-lo – contra empreendimento público.
A mesma indagação a coluna dirigiu à secretária Executiva de Obras da Seinfra, Liana Fujita. Como engenheira, a senhora acredita que em dezembro de 2026 a Linha Leste estará pronta? Sua resposta:
“Sim, acredito, pois o governador Elmano de Freitas, o secretário da Seinfra, Antônio Nei de Souza, e o secretário da Casa Civil, Max Quintino, estão empenhados pessoalmente em garantir os recursos para que se cumpra o cronograma da obra.”
Então, acreditemos.
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