Maior do mundo, UBS diz que Brasil atrai investimento estrangeiro

Os dois principais executivos do banco suíço estão otimistas com o Brasil, mas querem saber quem será o ministro da Fazenda de Lula. E mais: a bolsa cai, o dólar sobe, e a Rússia nas eleições nos EUA

Legenda: De acordo com os executivos do UBS, o Brasil é bom destino para os investimentos estrangeiros
Foto: José Rodrigues Sobrinho / Diário do Nordeste

Bruno Barino, CEO do banco UBS no Brasil, e Luís Patrice, gerente da instituição no Norte e Nordeste, reuniram-se ontem com empresários cearenses da agropecuária, aos quais expuseram o cenário de curto e médio prazos no Brasil e no mundo. 

O UBS, com sede na cidade suíça de Zurique, é o maior banco mundial em gestão de ativos financeiros, com operações, principalmente, nos Estados Unidos, na China e na Europa. 

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Os dois executivos falaram em off para atentos 20 homens de negócios, mas permitiram que esta coluna revelasse alguns detalhes. 

Um deles é este: quem tem automóvel elétrico na Europa está “passando vergonha” porque, diante da gravíssima crise energética que o velho continente enfrenta hoje, poucos são os que param seus veículos em um ponto de serviço para recarregar sua bateria. 

“Quem ousa fazer isso está confrontando a população que não tem energia para aquecer sua casa”, eles explicaram.
 
Respondendo a uma pergunta de um cotonicultor, os dois executivos do UBS no Brasil disseram que “o câmbio justo, tanto para exportadores como para importadores, é o de R$ 5 por dólar”. 

E desenharam o panorama de como poderá ser o terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, citando, porém, um dado importante: é necessário, primeiro, que se conheçam o nome do futuro ministro da Fazenda e dos que comporão sua equipe. O ministro da Fazenda, “com exceção de Paulo Guedes”, é sempre um relações públicas, alguém que transita e dialoga com o meio político e empresarial, cabendo ao time de auxiliares a tarefa de comandar, na prática, o dia a dia dapolítica econômica.

Barino e Patrice manifestaram-se otimista com relação ao Brasil, “que é e continuará sendo” um país muito atrativo para o investimento estrangeiro, principalmente nas áreas das energias renováveis, do hidrogênio verde e da infraestrutura. 

Eles elogiaram a atuação do ministro da Economia Paulo Guedes, que, no momento certo, bem combinado com o Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto, subiu os juros, um movimento que só mais tarde tomariam os bancos centrais dos EUA e da Europa, que hoje enfrentam problemas de inflação.
 
Na opinião deles, foi por causa das precoces e corretas medidas adotadas por Guedes e sua equipe que o Brasil foi o primeiro a sair da crise, revertendo um PIB negativo para um PIB positivo, que se mantém. 

BOLSA, DÓLAR E ELEIÇÕES NOS EUA

Ontem, aqui no Brasil, foi um dia ruim para o mercado financeiro. A Bolsa de Valores B3 teve uma queda forte de 2,38%, fechando aos 115.342 pontos. E o dólar fechou com alta de 2,19%, cotado a R$ 5,17. 

Houve realização de lucros, evidentemente, mas os analistas explicaram que o principal motivo da queda da bolsa foi a informação de que Henrique Meireles não será o ministro da Fazenda do governo do eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio Meireles disse à imprensa que não recebeu convite de Lula. 

E para entornar o caldo, também não foi bem recebida a notícia de que a cúpula petista está pressionando Lula no sentido de que seja Fernando Haddad o indicado para o lugar hoje ocupado por Paulo Guedes. 

O mercado não gostou da ideia e ajudou a empurrar para baixo o preço das ações na bolsa e a elevar a cotação do dólar.

O mercado também acompanha as tratativas da equipe de transição de Lula, liderada pelo vice eleito Geraldo Alckmin, com o Congresso Nacional, em busca de uma saída legislativa para a questão do pagamento do Auxílio Brasil, que voltará a chamar-se Bolsa Família, cujo valor será de R$ 600 a partir de primeiro de janeiro. Esse aumento só será possível se for furada a Lei do teto de gastos. 

Além disso, há outras propostas em discussão, e todas elas aumentam as despesas do governo e têm alto potencial de provocar inflação e de aumentar a dívida pública. 

Hoje, a relação Dívida-PIB é de 78%, já tendo sido de 90% no auge da pandemia.

Também contribuiu para o mau resultado de ontem uma informação procedente da China, segundo a qual o governo chinês está disposto a manter a política de Zero Covid, ou seja, a política de lockdown permanecerá. Essa política, por exemplo, já fechou mais da metade das fábricas que produzem iPhone, o telefone celular da norte-americana Apple. 

Ora, manter todo mundo em casa reduz a atividade econômica do país, e como é a China que hoje puxa a economia mundial, a manutenção da política de Covid Zero é uma péssima notícia.

Hoje, realizam-se as eleições parlamentares nos EUA. A expectativa, segundo as últimas pesquisas, é de que o Partido Democrata, do presidente Joe Biden, perca a maioria das cadeiras na Câmara dos Deputados e, também, no Senado. 

A poucas horas do início da votação, uma bomba estourou: o empresário russo Yevgeny Prigozhin, muito próximo do presidente Vladimir Putin, disse que os russos interferiram nessa eleição.
 
Ele falou o seguinte, segundo está divulgando hoje o jornal inglês The Guardian: 

“Senhores, nós interferimos, estamos interferindo e vamos interferir.”
E disse mais: “Cuidadosamente, precisamente, cirurgicamente e da maneira que fazemos, da maneira que podemos”.

 Esse empresário russo já foi acusado por um procurador norte-americano de interferir no processo eleitoral dos EUA. Yevgeny é acusado também de interferir nas eleições em todos os continentes. 

Veja a que ponto chegamos. A mais poderosa nação do mundo sendo alvo de interferência estrangeira no seu processo eleitoral. É inacreditável.