Ontem, no começo da noite, a Petrobras divulgou seu balanço financeiro relativo ao primeiro trimestre deste ano de 2023. Seu lucro líquido alcançou R$ 38,1 bilhões, um resultado maior do que o esperado pelo mercado, que era de R$ 31,9 bilhões. Esse resultado foi 14,4% menor do que o do primeiro trimestre de 2022.
De janeiro a março deste ano, a Petrobras obteve uma receita de R$ 139 bilhões, ou seja, uma queda de 1,8% em relação à receita do mesmo período do ano passado.
A estatal anunciou também, ontem, que pagará R$ 24,7 bilhões em dividendos aos seus acionistas, o maior dos quais é o governo da União, que, assim, melhorará suas contas.
Desde o fim do ano passado, após a eleição, o presidente Lula vinha sustentando um discurso contra os altos dividendos pagos pela Petrobras, mas, diante da realidade das deterioradas contas públicas e da necessidade de cumprir as metas do novo arcabouço fiscal, Lula já não fala mais nisso.
Nio primeiro semestre deste ano, a Petrobras investiu US$ 2,5 bilhões, o que significou 40,4% a mais do que o investido no mesmo período de 2022. Os investimentos foram feitos no desenvolvimento da produção do polo pré-sal da Bacia de Santos, no desenvolvimento da produção em águas profundas e na área de exploração.
A dívida da Petrobras, que, em 2018, chegou a quase US$ 500 bilhões, estava, no último mês de março, em US$ 37,5 bilhões, uma redução de 6,2% na comparação com março de 2022.
Antes da divulgação dos resultados da Petrobras no primeiro trimestre, a Bolsa de Valores fechou as operações de ontem com alta de 0,75%, aos 108.256 pontos. E o dólar seguiu em queda, fechando cotado a R$ 4,94, com um recuo de 0,24%.
O presidente Lula voltou a criticar a privatização da Eletrobras. Em discurso pronunciado em Salvador, ele disse que “é uma sacanagem” a Lei de privatização da empresa, que, no seu Conselho de Administração, equipara os votos dos acionistas. Assim, o governo da União, que detém 43% do capital da Eletrobras, só tem direito a um voto.
Lula voltou a dizer que seu governo lutará pela reestatização da Eletrobrás, para o que autorizou a Advocacia Geral da União a entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal. Mas essa iniciativa não deverá ter sucesso, porque tanto no Congresso Nacional quanto no STF a opinião é de que se tratou de um caso jurídico perfeito, como já disseram os presidentes da Câmara dos Deputados, Artur Lira, e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco.
O discurso de Lula sobre a reestatização da Petrobras teria, assim, o objetivo de agradar à militância do PT que é contra a privatização. Aliás, Lula aproveitou o pronunciamento de ontem na Bahia para reafirmar, sob aplausos, que não privatizará os Correios e não venderá mais nada da Petrobras.
No mesmo pronunciamento na Bahia, o presidente Lula também renovou suas críticas ao agronegócio, chamando de fascistas os organizadores da Agrishow, maior feira da agropecuária latino-americana que se realiza em São Paulo sempre no mês de maio.
As palavras de Lula contra o setor da economia que mais cresce e gera emprego no país repercutiram mal nos meios político e empresarial, e deverão ter nesta sexta-feira uma resposta da Frente Parlamentar do Agronegócio e de empresários agropecuaristas.
Na próxima votação do novo arcabouço fiscal, na Câmara dos Deputados, Lula e seu governo precisarão dos votos dos parlamentares ligados ao agronegócio para a aprovação da proposta. Mas ministros com gabinetes no Palácio do Planalto já trabalham para amenizar a fala do presidente.
Na Europa, as bolsas de valores abriram nesta sexta-feira em levíssima alta.
As da Ásia, inclusive as chinesas, operaram no modo misto, ou seja, com altas e baixas. No Japão a Bolsa de Tóquio encerrou esta sexta-feira com pequena alta.
E o petróleo do tipo Brent, importado pela Petrobras, está sendo negociado hoje, na Bolsa de Londres, a US$ 74,61, uma redução de 0,49%. Há três semanas, o barril do petróleo era negociado a mais de UDS$ 80.