No ano passado de 2022, ao promover a primeira edição do Fiec Summit, um evento técnico focado no futuro Hub do Hidrogênio Verde do Pecém, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará marcou – como esta coluna o disse na época – um gol de placa.
Neste 2023, quando se realizará em outubro a segunda edição desse evento que ganhou importância nacional e internacional, a Fiec poderá ganhar o prêmio Puskas de mais belo gol do ano.
Por quê? Resposta: porque, diante do estrondoso sucesso do Fiec Summit 2022, a expectativa é de que chegue aqui, em 2023, o dobro do público que compareceu ao primeiro evento.
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O otimismo é lastreado em fatos, o primeiro dos quais emerge da informação de que 24 grandes empresas nacionais e estrangeiras, estas em maioria, celebraram Memorandos de Entendimento (MOu na sigla em inglês) com o governo cearense para a implantação de unidades industriais de produção do Hidrogênio Verde.
O segundo fato é a notícia, confirmada, de que mais de 10 projetos de geração de energia eólica offshore estão aguardando a emissão da Licença Ambiental para que possam ser iniciados. O hidrogênio, para ser verde, tem de ser produzido por energias limpas, renováveis, como a eólica e a solar.
Neste particular, há um gargalo: até agora, por culpa da burocracia estatal federal, a geração de energia eólica dentro do mar ainda não foi regulada.
No governo passado, que deu passos relevantes para reduzir a burocracia oficial, houve várias tentativas para acelerar essa regulação, todas, porém, sem êxito.
Agora, sob nova administração, o governo da União ficou maior, e mais ministérios terão de opinar sobre a questão. Teme-se que, por causa do gigantismo da máquina estatal, o início da construção das primeiras usinas eólicas offshore só acontecerá por volta de 2030 – e aí o Chile e a Austrália já deverão estar produzindo e exportando H2V, em forma de amônia, para os insaciáveis mercados da Europa.
Mas esta é uma previsão pessimista. Os otimistas, como esta coluna, acreditam que o presidente Lula e o governador do Ceará, Elmano de Freitas, caminharão juntos com o objetivo de apressar a regulação da produção de energia eólica offshore.
Mesmo preocupado com esse atraso, a Fiec, sob o comando de Ricardo Cavalcante, e a UFC, liderada pelo reitor Cândido Albuquerque, que são parceiros do Palácio da Abolição nessa empreitada do Hub do H2V, decidiram replicar neste ano o sucesso do Fiec Summit 2022, que será oficialmente lançado no próximo dia 30, como a coluna antecipou ontem.
Com a experiência acumulada e com o prestígio que amealhou na idealização e na realização do evento do ano passado, a Fiec já elabora, para a reunião deste ano, a programação técnica e seus temas tecnológicos, já relaciona o time de especialistas – boa parte do exterior – que ministrarão palestras e conferências e as grandes empresas que atuam na área da geração de energias renováveis e da fabricação dos eletrolisadores que separam as moléculas da água.
Neste particular, a EDP Brasil, dona da UTE Pecém 1, tornou-se pioneira na América Latina, ao instalar e operar, no último mês de janeiro, a primeira usina-piloto de produção do H2V.
Joaquim Rolim, coordenador de energia da Fiec, e Jurandir Picanço, um dos mais requisitados consultores brasileiros em energia, estão juntos de novo, sob a coordenação do vice-presidente da entidade, Carlos Prado, e sob a liderança do seu presidente Ricardo Cavalcante, para organizar e realizar a versão 2023 do Fiec Summit, que outra vez terá como foco a produção, o armazenamento e o transporte do Hidrogênio Verde, já batizado mundialmente de “a energia do Século 21”.
Esse evento ganhou dimensões nunca imaginadas pelos seus idealizadores. Por isto mesmo, uma boa ideia será convidar alguns veículos da mídia especializada, brasileiros e estrangeiros, para acompanhar o Fiec Summit 2023, que se realizará em outubro, exatamente quando o governo brasileiro já terá estabelecido a regulação da geração eólica offshore e quando a tecnologia já terá apresentado novas e mais baratas alternativas para a produção do Hidrogênio Verde.
Não é sonho! É a realidade que está chegando. O mundo precisa ser descarbonizado, e o H2V é a solução. O Ceará, na esquina do mapa mundial, tem tudo de que precisam os cientistas e os investidores para produzir a energia do futuro.