Primeira governadora a visitar a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Izolda Cela quebrou, nesta terça-feira, não apenas um tabu, mas também fincou a pedra fundamental que inaugura as novas relações políticas entre as duas partes.
E mais: diante do presidente da Faec, Amílcar Silveira, e de dezenas de presidentes de sindicatos rurais filiados à entidade, ela se comprometeu a ser a ponte de ligação com a futura gestão do governador eleito Elmano Freitas, que, na opinião do próprio líder dos produtores rurais, “foi eleito é o governador de todos os cearenses, incluindo os agricultores e pecuaristas de todos os tamanhos”.
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Izolda Cela foi pontual: chegou à sede da Faec, na Avenida Eduardo Girão, no bairro do Jardim América, no horário marcado, às 8h30min, e logo foi conduzida à sala de sua presidência, onde ouviu elogios e anotou demandas. Do lado de fora ficaram a imprensa e alguns empresários agropecuaristas que chegaram atrasado.
Para demonstrar que sua visita tinha um caráter político e administrativo, a governadora se fez acompanhar de sua secretária da Fazenda, Fernanda Pacobahyba, que será mantida no cargo no futuro governo, e do seu assessor político Nelson Martins, cotado para ser o chefe da Casa Civil da gestão de Elmano Freitas.
O presidente da Faec foi o primeiro a falar, e elogiou Izolda Cela:
“A senhora nos deu algumas vitórias”, disse Amilcar Silveira, citando o fim da burocracia no processo de outorga de água.
“Antes da senhora, nós tínhamos de esperar até mais de um ano para obtermos a outorga. Agora, em menos de uma semana essa outorga é concedida, e conheço o caso de um produtor que a obteve em 10 minutos, tudo pela internet. É essa mesma rapidez desburocratizante, governadora Izolda, que queremos pedir por meio da senhora para os processos relativos à carcinicultura”, disse Amílcar Silveira sob o estalar de dedos.
O presidente da Faec também destacou “a boa parceria com a Adagri”, mas pediu mais atenção para com a Ematerce, “que carece de mais recursos e de mais gente para dar eficiência ao seu trabalho de prestar assistência rural, que precisa de ser melhorado”.
O agropecuarista José Antunes Mota, que também é presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios, fez um pedidoà governadora e à secretária da Fazenda:
“Nós, industriais, pagamos quinzenalmente ao nosso fornecedor de leite. O supermercado, que comercializa nossos produtos, só nos paga com 30 a 58 dias, mas nós temos de recolher o ICMS a cada 30 dias. Nosso apelo, tendo em vista essas disparidades, é no sentido de que a Sefaz estenda para 60 dias o prazo para o recolhimento do ICMS pelo nosso setor” – expôs Antunes Mota.
A secretária Fernanda Pacobahyba olhou para a governadora Izolda Cela, abriu um sorriso e prometeu analisar o pleito.
O presidente da Faec retomou a palavra e abordou a questão dos perímetros irrigados, sugerindo que o governo do estado assuma a sua gestão, que pertence ao Dnocs. Amílcar Silveira disse que sua entidade está disposta a ajudar o governo no que for possível para que os perímetros de irrigação do governo federal sejam transferidos para a esfera estadual.
Silveira também disse que os agricultores familiares têm hoje uma área agricultável de mais de 700 mil hectares, “não havendo, pois, razão para invasões de terra”.
A Faec – disse ele – também está disposta a ajudar o governo do Estado a implementar projetos que permitam a criação de uma classe média rural, o que poderá ser feito por meio da implementação de atividades empregadoras intensiva de mão de obra, como a carcinicultura (criação de camarão), a apicultura (produção de mel de abelha), a pecuária leiteira, a caprinocultura, a suinocultura, que podem ser desenvolvidas em todas as mais diferentes regiões do Ceará.
A governadora Izolda, com um semblante fechado quando ouvia as demandas, mas com um sorriso quando as respondia, concordou com a ideia de criação de uma classe média rural, considerando-a muito relevante:
“Se tivermos essa ideia como foco do governo e dos produtores, isso terá êxito”, resumiu ela.
A visita de Izolda Cela à Faec terminou com um café da manhã que teve quase 20 produtos – bolos, doces e pães, por exemplo – feitos de caju.
“Mas que delícia”, exclamou a governadora ao provar de cada um dos produtos.