Insegurança no campo é em todo o Ceará, diz ex-senador Luiz Pontes

Ele conta que sua fazenda, em Massapê, foi invadida por bandidos que roubaram gado e mataram a tiros a caseira. Um pecuarista revela que largou a atividade por causa da ação dos ladrões de animais

Legenda: Animais bovinos são os preferidos dos ladrões de gado que agem de dia e de noite, evando insegurança às fazendas no Ceará
Foto: Antonio Carlos Alves

Empresário da indústria e da agropecuária, o ex-senador Luiz Pontes pede espaço para dizer que a insegurança nas fazendas do Ceará, ao contrário que informou ontem esta coluna, “não é somente no Sertão Central e na Região Metropolitana de Fortaleza, mas em todo o estado, principalmente na Região Norte”. 

Ele conta que sua propriedade rural, em Massapê, foi invadida “por bandidos do crime organizado muito bem armados, que, além de levarem animais e pertences da casa sede da fazenda, mataram a tiros a caseira, e até agora ninguém foi preso”. 

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Outro empresário – pedindo o anonimato – disse que abandonou a atividade pecuária “exatamente por falta de segurança, pois já não aguentava mais conviver com o roubo do meu gado, algo que acontecia toda semana, de forma impune”. 
 
Hoje, ele diz, “não consigo contratar um vigia sequer para a minha propriedade, pois todo mundo tem medo de ser vítima dos bandidos”. 

A matéria que esta coluna publicou ontem, sexta-feira, 24, sobre o crescimento da insegurança no campo, abriu um debate nas redes sociais. 

Um consultor de empresas escreveu: 

“Se eu que não tenho terra fico indignado com essa escalada de roubo nas fazendas, imagine como fica quem está na propriedade e é vítima da ação dos bandidos. Espero e torço para que a nova administração do governo do Estado faça algo de fato efetivo, mobilizando suas forças policiais, sem o que o medo continuará.”

Há cinco anos, houve uma reunião – repetida dois anos depois pela inconsequência da primeira – que juntou os líderes da agropecuária cearense com o comando do estamento policial do estado, ou seja, os chefes das políticas Civil e Militar. Como acontecera na primeira vez, na segunda houve promessas que também não foram cumpridas.

Entre essas promessas, incluiu-se a instalação de torres (a serem custeadas pelos fazendeiros) em áreas da Chapada do Apodi e de postes para a fixação de câmeras e de antenas para a repetição do sinal da internet, o que melhoraria a segurança e a qualidade das telecomunicações na região. Nada foi feito nesse sentido.
 
O que mais intriga os produtores rurais é a impunidade. Os grupos que praticam o furto de bovinos e caprinos, o assalto às casas das fazendas e o roubo de pertences dos seus moradores agem com a certeza de que não serão perseguidos pela Polícia, e é por esta razão – conforme contam a esta coluna alguns fazendeiros – que esses eventos mantêm uma curva de crescimento.

O ex-senador Luiz Pontes chega a dizer que “a insegurança no campo é hoje um tema que deve ser debatido por toda a sociedade, pois ela é causada pelo avanço das facções do crime organizado, que, depois de dominarem a zona urbana, buscam agora o domínio da zona rural”.

Ele faz uma previsão: “Se o governo e suas polícias não tomarem uma providência rápida e efetiva, as fazendas de produção de alimentos, como o leite, as frutas, as hortaliças, desaparecerão por falta de segurança, e ninguém quer que isto aconteça”.