Incentivos fiscais: investidor do H2V não fugirá do Ceará, diz consultor

Mas a mesma fonte adverte que podem ter sido arranhadas a credibilidade e a fama de cumpridor de contratos que o governo do Ceará construiu ao longo dos últimos 36 anos

Legenda: Empresas com projetos de produção de H2V no Pecém estão vindo ao Ceará não por incentivos fiscais, mas pelo bom negócio
Foto: Divulgação

Um consultor de empresas da área de energias renováveis disse à coluna que a redução de 12% no valor dos incentivos fiscais concedidos pelo governo do Ceará a quem investe aqui “não deverá afugentar as grandes empresas nacionais e estrangeiras a caminho do futuro Hub do Hidrogênio Verde do Pecém”.

Na sua opinião, transmitida sob anonimato, essas empresas estão sendo atraídas não pelo cardápio de incentivos – que  inclui, também, condições especiais de aquisição de terreno na área da ZPE – “mas pela perspectiva de produzir energias renováveis e H2V ao lado de um complexo portuário distante apenas uma semana dos portos da Europa, principal cliente do já chamado combustível do Século 21”.

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Para o consultor, muito dificilmente as 24 empresas que já celebraram Memorando de Entendimento com o governo do Ceará para a construção de unidades industriais produtoras de hidrogênio verde desistirão do investimento.

“Aqui há de tudo – sol abundante para a geração de energia fotovoltaica na terra firme do sertão, 600 quilômetros de costa de baixa profundidade para receber as torres que gerarão energia eólica offshore (dentro do mar) e, de quebra, há um Centro de Excelência de Transição Energética, em fase final de instalação pelo Senai-CE,  que qualificará mão de obra para as empresas que começam a chegar, como a australiana Fortescue”, explicou o consultor, cuja expertise – vale acentuar – foi contratada por uma companhia brasileira da área de energias renováveis.

Mas o próprio consultor fez questão de afirmar que “pode ter sido arranhado o conceito de correto cumpridor de contratos que o governo do Ceará gozava nos mercados internacional e nacional até a última quarta-feira, 15”.

Ele se referiu à aprovação, pelo Legislativo, das medidas propostas pelo Executivo que, entre outras coisas, mudarão o que foi pactuado entre o governo e as empresas que, na geografia cearense, se instalaram aqui, operam aqui e dão emprego aqui a milhares de pessoas na indústria e na agropecuária do estado.

“Essas empresas – algumas das quais estão no Ceará há quase 30 anos, como é o caso da Grendene – foram apanhadas de surpresa, e agora passam a fazer contas para saber o tamanho do que perderão. Como o Ceará está sob nova direção, ergue-se a desconfiança em torno do novo governo, que também está, com o apoio do Legislativo, subindo imposto, ampliando o tamanho da máquina pública, aumentando os gastos e, como resultado, onerando a sociedade”, analisa a mesma fonte.

Raimundo Viana, ex-secretário de Indústria e Comércio nos governos de Ciro Gomes e Tasso Jereissati, gravou um áudio que está circulando em vários grupos sociais no qual, resumidamente e com outras palavras, disse o seguinte a respeito do assunto:

“Foi a credibilidade do governo do Ceará, em suas várias administrações, incluindo as de Lúcio Alcântara, Cid Gomes e Camilo Santana, que atraiu para cá dezenas de grandes e médias indústrias de diferentes setores da atividade econômica, como as de calçados. Trouxemos indústrias de várias partes do mundo, até da China, da Coreia do Sul e do Japão. Ao longo de quase 36 anos, o Ceará cumpriu os contratos que celebrou com a iniciativa privada. Agora, sem qualquer consulta aos interessados, o novo governo estadual rompe esses contratos, num claro sinal de desrespeito ao que foi pactuado pelo Estado. Sim, os contratos foram celebrados com o Estado do Ceará e não com seus governos, é preciso que fiquem bem entendido”.

O primeiro sinal de inconformismo empresarial com essas decisões foi dado na mesma quarta-feira, 15, pela Alvoar Lácteos – empresa nascida da fusão da cearense Betânia Lácteos com a mineira Embaré Lacticínios. Seu próprio CEO, Bruno Girão, celebrou um Protocolo de Intenção com a prefeitura do município baiano de Ribeira do Pombal para a implantação, lá, de uma fábrica de lacticínios.

A Alvoar tem pronto um projeto para a instalação de uma unidade industrial em seu complexo de Morada Nova, no Ceará, para a produção de queijos de vários tipos, incluindo o muçarela. Mas esse projeto – diante das últimas decisões do governo cearense no âmbito tributário – poderá ser postergado ou até transferido para outro estado.

A coluna lembra que o governo da Bahia cobra zero de ICMS da cadeia produtiva do leite.

O governo do estado da Bahia e a Prefeitura de Ribeira do Pombal oferecem à Alvoar incentivos fiscais e até o terreno para a localização de sua fábrica.

Como se nota, o governo baiano, que também é liderado pelo PT, está agressivo na atração de investimentos.

UMA NOTÍCIA PARA OS RICOS DO CEARÁ

Nos próximos dias 7, 8 e 9 de março estarão em Fortaleza os diretores dos hotéis Fasano, Kempinski e ClubMed, entre outros, mais os cônsules da Suíça, África do Sul e Maldivas, além de diretores de grandes companhias de cruzeiros e veleiros incríveis, como a Oceania, a AmaWaterways, e a Scenic, sem falar na Air France. 

Trata-se de um evento inédito que reunirá os cearenses que gostam de viajar e hospedar-se em bons hotéis.

Os organizadores da reunião pretendem juntar os chamados clientes topíssimos para conhecer um pouco mais sobre tendência do turismo e o que há de mais New & High End (novo e sofisticado).

Resumindo: uma reunião exclusiva para convidados Vips. O evento durará três dias, mas cada convidado só poderá participar de um dos dias. 

E já começou a corrida pelos convites.