Ontem, foi mais um dia positivo para a Bolsa de Valores brasileira B3. Ela fechou o pregão em alta de 0,62%, aos 112.921 pontos. O dólar, por seu turno, que nesta semana chegou à casa dos R$ 5,10, fechou cotado a R$ 5,17, com alta de 0,16.
A Bolsa passou a tarde operando em queda, repercutindo opiniões do presidente Lula, que, durante um evento com reitores de universidades federais e o ministro da Educação, Camilo Santana, no Palácio do Planalto, fez críticas à independência do Banco Central, à política de juros do Copom e, ainda, à cobrança que lhe fazem por responsabilidade fiscal, ou seja, com a política de gastos do seu governo.
As palavras do presidente repercutiram imediatamente, e de forma negativa, junto aos investidores, que podemos chamar, também, de especuladores. Resultado, a Bolsa, que abrira a sessão de ontem apontando para cima, entrou em baixa.
E aí o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que tem gabinete de trabalho no Palácio do Planalto, transmitiu pelas redes sociais a declaração de que o governo Lula não fará qualquer intervenção no Banco Central, que continuará independente para formular e executar a política monetária e cambial do país, mantendo as metas anuais de inflação.
E a Bolsa acalmou, o valor das ações voltou a subir e o pregão encerrou com essa alta de 0,62%.
As ações da Petrobras tiveram ganho de mais de 3% influenciadas por mais notícias procedentes da China, cuja economia dá sinais de recuperação, o que amplia a perspectiva de que o país terá uma demanda maior pelo petróleo, cujo preço internacional, negociado na Bolsa de Londres, subiu ontem 0,49%, negociado a US$ 86,65 por barril.
Subiu também a cotação das ações da Vale, maior produtora e exportadora brasileira de minério de ferro. A Vale foi beneficiada, também, pelas notícias da recuperação da economia chinesa, onde o preço da tonelada do minério de ferro subiu 0,60%.
Enquanto isso, segue a novela em que se transformou o escândalo da Americanas, cujas ações continuam a derreter-se.
Ontem, elas fecharam o pregão da Bolsa valendo apenas R$ 1. No dia 7 de outubro de 2022, uma ação da Americanas valia R$ 20,80. Nessa época, ela era uma empresa sólida, sustentada pelos três principais acionistas, os mais aplaudidos empresários brasileiros – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, cujo patrimônio é estimado em R$ 180 bilhões.
Ontem, a Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, providência que era prevista tendo em vista o insucesso das negociações dos acionistas com os credores, que, na sua quase totalidade, são os grandes bancos. A dívida da Americanas tem o tamanho de uma montanha de R$ 43 bilhões.
Desde ontem e durante os próximos seis meses, a Americanas estará blindada, o que quer dizer que ninguém poderá pedir sua falência ou cobrar dívidas.
Ontem, a Bolsa B3 excluiu as ações da Americanas de todos os seus índices.
Enquanto isto acontece, os mais de 40 mil empregados da Americanas, cujas lojas se espalham por todo o país, seguem apreensivos, sem saber o que lhes acontecerá.
Não há dúvida de que quem vier a assumir o comando da empresa tomará, entre outras medidas, a de demitir parte do seu conjunto de funcionários. Aqui no Ceará, há algumas centenas de pessoas com medo de perder seu emprego na Americanas.