Governo e Fiec querem Polo de Fertilizantes no Ceará

A amônia, uma das matérias primas do insumo, será produzida pelo Hub do H2V no Pecém. E na mina de Itataia há fosfato, outra matéria prima. E mais: 1) Umidade danifica computadores; 2) Sangue novo na segurança privada; 3) Faec x Enel

Legenda: Entrada da mina de urânio fosfatado de Itataia, em Santa Quitéria, no Sertão Central do Ceará.
Foto: Diário do Nordeste / Kid Júnior

Na adversidade, surgem as oportunidades. 

Neste instante de incertezas que ameaçam a agricultura brasileira, a mais moderna do mundo, mas dependente quase totalmente de fertilizantes importados, principalmente da Rússia e Ucrânia em guerra, o Ceará pode tornar-se, no curto prazo, um polo industrial produtor desse insumo vital para a produção agrícola nacional. 

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Reflitamos: com a implantação do Hub do Hidrogênio Verde no Complexo do Pecém, as empresas já comprometidas em investir nele produzirão amônia como forma de tornar o H2V exportável por navios. 

A amônia é uma das matérias primas que entram no processo de fabricação de fertilizante. Ora, estará aí a oportunidade que surgirá para os ainda poucos fabricantes brasileiros de fertilizantes nitrogenados. 

Alguns dos grandes centros consumidores desse insumo estão localizados em Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia – o Matopiba, a nova e crescente fronteira agrícola do País. 

Deve ser lembrado que a Ferrovia Transnordestina, quando estiver pronta e em operação, ligará o Pecém – via Norte Sul – àqueles estados produtores de soja, milho, algodão e proteína animal.

Detalhe: será Verde o fertilizante cearense, pois produzido com o uso de energias renováveis, solar e eólica onshore e offshore, se, neste caso, a burocracia do Ibama, da SPU e dos ministérios de Minas e Energia, da Marinha e do Turismo não atrasarem a tramitação dos projetos já apresentados, quatro dos quais, de grande porte, serão localizados dentro do mar do Ceará.
 
O Ceará dispõe das condições objetivas – além da amônia do Pecém, haverá o fosfato da mina de Itataia. Estaria faltando, na opinião de fontes empresariais ouvidas por esta coluna, “a disposição do governo do Estado para criar incentivos à atração dos fabricantes de fertilizantes”.

Mas, expedito, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, ergue-se para assegurar que o Ceará “já tem regulamentado por Lei todo o menu de incentivos patrimoniais, fiscais e tributários à disposição de quem quer e quiser investir no Estado, inclusive na produção de fertilizantes”. 

Para começar, ele adiantou que o consórcio formado pela Galvani Fertilizantes e a INB – Indústrias Nucleares do Brasil – já entregou ao Ibama toda a documentação relativa ao EIA/RIMA do empreendimento de exploração da mina de urânio fosfatato de Itaaia, devendo o órgão ambiental promover duas audiências públicas, uma das quais provavelmente em Santa Quitéria, o que é um passo importante para o início da construççao do empreendimento, que terá uma fábrica de fertilizantes. 

O secretário lembrou que a japonesa Sumitomo, que comprou a australiana Nufarm, “que foi a antiga Agripec”, já anunciou ao governo cearense que ampliará sua fábrica de defensivos agrícolas localizada no Distrito Industrial de Maracanaú. A Sumitomo, assim como suas antecessoras, goza do cardápio de incentivos governamentais.

Maia Júnior disse que o Governo do Estado e a Federação das Indústrias (Fiec) estão alinhados no mesmo objetivo: atrair investimentos para o projeto do Hub do Hidrogênio Verde e para a fabricação de fertilizantes.
 
“Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec, tem sido um parceiro e um interlocutor permanente e importante do governo estadual na estratégia de fazer do Ceará um Polo produtor de H2V”, concluiu o secretário Maia Júnior. 
O presidente da Fiec confirma a informação: 

“Estamos trabalhando nisso há um mês, aprofundando os estudos que nos permitirão identificar qual o melhor e mais adequado tipo de fertilizante que deveremos produzir no Ceará”.  

SEGURANÇA PRIVADA GANHA REFORÇO JOVEM

Sangue novo na área da segurança privada no Ceará!

Aos 33 anos de idade, o empresário Israel Fernandes comanda, desde 2016, a KSeg Segurança e Vigilância, com atuação na Região Metropolitana de Fortaleza, prestando serviços de instalação de alarmes e câmeras de segurança, vigilância armada, cercas elétricas, segurança eletrônica e de portaria e zeladoria.

Com 130 clientes – pessoas físicas e jurídicas – a empresa a KSeg está em Fortaleza, Caucaia, Eusébio e Aquiraz, incluindo o Porto das Dunas. 

COM CHUVAS, CUIDADO COM OS COMPUTADORES

Luiz Watanabe, um especialista em hardware, diz a esta coluna que, nesta época de chuvas, a alta umidade do ar provoca defeitos em aparelhos eletrônicos, principalmente em computadores de mesa (os desktops) e impressoras.

Como livrar-se desse problema? Watanabe, dono da LW Informática, que presta assistência técnica à linha de produtos Epson, aconselha, enquanto durar o “inverno” cearense, o reposicionamento dos computadores, instalando-os em lugares mais aquecidos e, ainda, usando desumidificadores, algo fácil de encontrar em supermercados.

Luiz Watanabe adverte que, às vezes, a umidade é tão alta, que danifica a “placa mãe” do computador, peça que une todos os componentes do aparelho e que custa, nas lojas de e-commerce, em torno de R$ 600, sem o frete.  

PRDUTORES DE LEITE CONTRA A ENEL

Hoje, segunda-feira, 28, a Federação da Agricultura do Ceará (Faec) entrará na Justiça com uma ação de indenização contra a Enel Distribuição, acusada pela entidade de responsável por elevados prejuízos materiais e financeiros enfrentados por fazendas de produção de leite bovino em várias regiões do estado.
 
“Nossa paciência esgotou-se”, disse à coluna ontem, o presidente da Faec, Everardo Silveira, que já recebeu a informação de que outras dezenas de pecuaristas tomarão a mesma providência, judicializando suas relações com a Enel.

Ontem, na Fazenda Manoel João, em Abaiara, uma importante granja leiteira do município, o rebanho completou três dias sem ordenha porque, por falta de energia – o que se deu às 9h30min do dia 26 – estão sem funcionar os equipamentos da ordenha mecânica nem os tanques de resfriamento, inviabilizando o armazenamento da produção leiteira.
 
“O gado da nossa fazenda é acostumado à ordenha mecânica e não permite a ordenha manual”, explica – em vídeo exibido nas redes sociais – um dos funcionários da fazenda, cujo proprietário é o agropecuarista José Moreira de Albuquerque Júnior.

A mesma funcionária revelou que, até as 11 horas de hoje, 27, fez 11 ligações telefônicas para o escritório da Enel em Abaiara, pedindo socorro técnica, mas sem sucesso. A falta de ordenha gera mastite bovina e compromete a saúde do animal, afirma, revoltada, a funcionária da fazenda Manoel João.

Em nota, a Enel informou que o fornecimento de energia à Fazenda Manoel João foi normalizado na manhã de domingo.

No mesmo domingo, para agravar o quadro, o presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios do Ceará, José Antunes Mota, dono da fazenda Lagoa da Pedra, despejou no chão cerca de dois mil litros de leite que, colhidos na véspera, se perderam porque, também por falta de energia, não funcionaram seus equipamentos de resfriamento. 

Por meio de uma rede social, Antunes expôs, num linguajar próprio de quem está irritado, seus protestos contra o serviço prestado pela Enel na zona rural de Ibaretama, “onde a falta de energia é constante e os prejuízos, também”.

“Nosso jogo manso com a Enel acabou. Vamos partir agora para jogo duro pela via judicial”, advertiu o presidente da Faec, que já contratou um dos melhores escritórios de advocacia do Ceará.