Governo amplia gastos para financiar compra de carros novos

Mais R$ 300 milhões serão usados e isto preocupa porque agrava o quadro fiscal. Chinesa Byd vai construir fábrica de automóveis na Bahia

Legenda: O programa de financiamento de carros até R$ 120 mil ganhará mais R$ 300 milhões do governo
Foto: Kid Júnior / Diário do Nordeste

A Bolsa de Valores brasileira B3 fechou ontem mais uma vez em queda. Foi uma queda de 0,72%, aos 116.681 pontos. O dólar, por seu lado, subiu 1,04% e fechou o dia cotado a R$ 4,85 centavos.

O mercado não gostou do anúncio feito ontem pelo governo, segundo o qual o programa de financiamento para a compra de automóveis “populares” injetará mais R$ 300 milhões, além dos R$ 1,5 bilhão já alocados.  Já foram utilizados quase 90% desses recursos.

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A nova ajuda do governo para a compra de carros com valor até R$ 120 mil vai beneficiar as empresas, e isto significa que as grandes locadoras de automóveis, como a Movida e a Localiza, poderão renovar suas frotas em boas condições de financiamento.  

Para os analistas, essa decisão de injetar mais dinheiro na indústria automobilística ampliará os gastos públicos, pondo ainda mais dificuldades à política fiscal do governo e ao cumprimento das metas do arcabouço fiscal em tramitação no Congresso Nacional.

Realmente, essa decisão só amplia ainda mais os sinais de que o governo não tem compromisso com a austeridade fiscal, ou seja, com a redução de suas despesas, que seguem aumentando em um momento difícil para as contas públicas. Políticas populistas como essa de baratear os carros ditos populares já se mostraram ineficientes em passado recente e durante governos petistas.

A propósito: a empresa chinesa Byd, maior fabricante mundial de automóveis, anunciará no próximo dia 4, terça-feira, que implantará uma fábrica em Camaçari, utilizando-se dos mesmos galpões em que operou a Ford. Ontem, diretores da Byd reuniram-se com o presidente Lula e com o governador da Bahia, acertando os detalhes. A Byd terá incentivos fiscais estaduais e federais.

Voltemos à Bolsa de Valores. Além desses aspectos internos que a fizeram operar em baixa ontem, a B3 também foi influenciada pelas notícias que vieram da China, onde o lucro anual das empresas industriais caiu 12,6%. 

A economia chinesa não está crescendo na força e na velocidade que o mercado previu no início deste ano, e isto repercute no preço das commodities agrícolas e minerais, que têm caído.

Resultado: as ações da Vale, maior exportadora brasileira de minério de ferro para a China, caíram ontem 3,16%.