Confirmando informação divulgada quinta-feira, 21, e sexta-feira, 22, com exclusividade, por esta coluna, a gigante australiana Fortescue Future Industries (FFI) revela que “está comprometida com o desenvolvimento de projetos de energia renovável e a indústria de Hidrogênio Verde no Estado do Ceará e no Brasil”.
Segundo a informação aqui veiculada, a Fortescue promoveria hoje, sábado, 23, na sede do Sindicato Rural de Ibaretama, na região do Sertão Central do Cará, uma reunião com proprietários rurais do município, durante a qual o consultor da empresa, Rafael Maia, apresentaria os detalhes do projeto de construção de um megaparque de geração de energia solar fotovoltaica que ocupará uma área de 20 mil hectares, estimada por um consultor em energia ouvido pela coluna.
Toda essa área de terra será locada ou adquirida pela Fortescue – a primeira hipótese é mais viável, diz o consultor.
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A reunião de hoje foi cancelada ontem pelo escritório cearense da Fortescue tão logo a informação desta coluna foi divulgada. A empresa não deu detalhes da decisão, que foi confirmada pelo presidente do Sindicato Rural de Ibaretama, Carlos Bezerra em conversa com seus associados.
Ainda ontem, a assessoria da Fortescue encaminhou a esta coluna uma nota, na qual explica sua posição em torno do assunto, que atrai a atenção do empresariado cearense ligado às energias renováveis.
A íntegra da nota é a seguinte:
“A Fortescue Future Industries (FFI) está prospectando áreas para o desenvolvimento de projetos de energia renovável no Nordeste e outras regiões do Brasil, incluindo o município de Ibaretama e cidades vizinhas. Os projetos em desenvolvimento da empresa estão em fase inicial e atualmente estamos identificando seu potencial, analisando e aprofundando o conhecimento da FFI.
“A Fortescue continuará trabalhando para o desenvolvimento dos futuros projetos na região Nordeste com comprometimento, de forma aberta e transparente, com as comunidades inseridas nas potenciais áreas de interesse.
“A FFI está comprometida com o desenvolvimento de projetos de energia renovável e a indústria de hidrogênio verde no Estado do Ceará e no Brasil.”
A empresa australiana diz, em sua nota, que seu projeto de implantar uma megausina solar fotovoltaica em Ibaretama está “em fase inicial”, mas acrescenta que a área física do empreendimento poderá estender-se, também, à geografia dos municípios vizinhos, que são Ocara, Quixadá, Aracoiaba e Ibicuitinga.
Um consultor em energia, ouvido pela coluna, confirmou que, para a geração de uma potência de 2 GW (gigawatts) – necessária à operação da planta industrial de produção do Hidrogênio Verde no Pecém – o empreendimento da Fortescue deverá ter área de, “no mínimo, 20 mil hectares”.
Ele explicou que essa área, “muito certamente, será alugada pela Fortescue aos seus proprietários a preço de mercado”.
Um empresário do setor de energias renováveis, com projetos de geração solar e eólica no Ceará, surpreendeu-se com a decisão da Fortescue de cancelar a reunião de hoje com os proprietários rurais de Ibaretama. Ele comentou:
“Certamente, com a divulgação da notícia, cresceu o interesse dos donos das terras daquele município, e agora esse interesse também crescerá nos municípios vizinhos, mas isto é muito normal nas relações do empreendedor com os proprietários rurais”.
A notícia foi divulgada por esta coluna com base no convite público, feito pelo Sindicato Rural de Ibaretama, convocando “todos os proprietários rurais do município” para uma reunião neste sábado, 23, às 9 horas, na sede da entidade, com o consultor da Fortescue, Rafael Maia.
A mesma fonte lembrou que o Sertão Central do Ceará tem índice altíssimo de insolação, “razão pela qual, com toda a certeza, se voltou para ela o interesse dos australianos da Fortescue”.
No dia 21 de junho passado, esta coluna noticiou, com base na informação de outro empresário do setor de energias renováveis, que a Fortescue – diante da carência de Linhas de Transmissão (LTs) no Ceará – também estaria disposta, ela mesma, a construir sua própria LT para transportar a energia a ser gerada em Ibaretama para a sua unidade de produção de Hidrogênio Verde no Pecém.
Os australianos desprezariam a participação da Chesf, empresa do Grupo Eletrobras, agora privatizado.