Está em crise o mundo político. Faltam líderes, faltam estadistas, principalmente no lado Ocidental do planeta.
Hoje, o grande estadista mundial é Xi Jiping, que ganhará, ao final do Congresso do Partido Comunista da China, que se realiza em Pequim, não apenas o terceiro mandato de cinco anos, mas a vitaliciedade. Por quê?
Porque, para os chineses, Xi Jiping é a reencarnação de Mao Tsé-Tung, o grande timoneiro que, em 1949, venceu, com suas tropas, uma guerra civil que deixou milhares de mortos e expulsou de lá o generalíssimo Chiang Kai-shek e seus soldados, que se refugiaram no que é hoje Taiwan, uma ilha no mar da China, reivindicada pelo governo chinês.
No Ocidente, a ausência de líderes é maior e mais preocupante. Os Estados Unidos, por exemplo, têm à sua testa o presidente democrata Joe Biden, que, perto dos 80 anos, cambaleia ao andar e perde-se num palco à procura do lugar por onde entrou, como já mostrou, pelo menos três vezes, as redes de televisão norte-americanas.
Na Europa, havia uma estadista, Angela Merckel, que, após, 15 anos no poder, retomou sua vida doméstica, ao lado do marido, que, ao longo de todos os sucessivos mandatos da esposa, se postou com uma discrição tamanha que era alguém invisível, tal o seu comprometimento com as simples e discretas funções de marido da chanceler.
Havia um estadista no Japão, o ex-premier Shinzo Abe, que, enquanto governou – e governou por vários anos – impôs um estilo sóbrio, mas severo, de liderança. Foi assassinado há poucas semanas por um fanático oposicionista, chamado Tetsuya Yamagami, de 41 anos, que confessou o crime, alegando ser contra uma organização religiosa de que o líder político fazia parte.
Na França, o presidente Emmanuel Macron, mesmo tendo sido reeleito, não consegue conter o avanço dos grupos de imigrantes de origem muçulmana, que estão a impor ao país seus costumes e sua cultura, provocando a ira da direita liderada por Marine Le Pen, ainda sem músculo suficiente para impor sua ideologia ao eleitorado francês.
A menos de 3 horas de trem de Paris, Londres, capital do Reino Unido, que já teve estadistas do porte de Winston Churchill e de Margaret Thatcher, a dama de ferro, está hoje à procura de um primeiro-ministro digno do nome, depois de ter, até recentemente, o hilário Boris Johnson e a brevíssima Liz Truss, que renunciou quinta-feira, 20, por incompetência, após 44 dias de rotundo fracasso. Seu partido, o Conservador, deve anunciar, até o próximo dia 28, o nome de um novo premier.
Na Rússia, onde a democracia nunca teve chance, paira a sombra do presidente ou ditador Vladimir Putin, que, sentado sobre o maior arsenal atômico do mundo, invadiu a Ucrânia, onde suas tropas estão desde fevereiro tentando, até agora sem êxito, impor pela força a tomada de mais de um terço do território ucraniano.
Em Moscou e em outras grandes e médias cidades russas, há manifestações contra o governo de Putin, que já mandou para a cadeia todos os líderes da oposição.
Ontem, antes da conversa do ministro de Minas e Energia do governo brasileiro, Adolfo Sachsida, com empresários e jornalistas cearenses no Hotel Gran Marquise, o professor e economista Raimundo Padilha, discursava para um grupo de atentos ouvintes, falando do alto dos seus quase 90 anos:
“Faltam líderes, faltam estadistas no Brasil e no mundo. A crise que estamos atravessando hoje, aqui e lá fora, tem uma causa: a ausência de estadistas. O único estadista que hoje há é o chinês Xi Jiping. No Brasil, por causa de um erro histórico do ministro da Educação, Jarbas Passarinho - que fez uma lamentável reforma universitária no tempo dos governos militares - a academia deixou de formar líderes. E a consequência disso está aí, à vista de todos, sendo prova este lastimável segundo turno da eleição presidencial” – resumiu Padilha.