Fala hesitante de Haddad derruba a Bolsa e sobe o dólar

Mercado não gostou do que disse o ministro da Fazenda, que não sustentou o compromisso do governo com a meta do déficit zero em 2024. O próprio Lula disse que "será muito difícil" zerar o déficit. Preço do petróleo cai. Assaí lucra, mas GPA tem prejuízo

Legenda: Entrevista do ministro Fernando Haddad para explçicar fala de Lula decepcionou o mercado. A Bolsa caiu e o dólar subiu
Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Mais uma vez, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou seu pregão em baixa, ao contrário de suas congêneres norte-americanas que encerraram o dia em alta. O índice Dow Jones, por exemplo, teve seu melhor desempenho nos últimos três meses.

A B3 caiu 0,68%, aos 112.531 pontos e a culpa foi do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, tentando explicar a fala do presidente Lula, segundo quem será muito difícil zerar o déficit do orçamento em 2024, piorou as coisas ao dizer que “não há descompromisso do presidente” com a meta fiscal. 

Haddad deveria ter dito que o presidente Lula está comprometido com a meta de zerar o déficit no próximo exercício.

A hesitação do governo diante da prometida meta de déficit zero em 2024 provocou ontem a reação do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. Ele comentou que o Parlamento tomará providências legislativas para que a meta seja perseguida. 

Essa perseguição poderá facilitada, se os senadores e deputados decidirem reduzir as isenções e os incentivos fiscais que são concedidos a setores da indústria brasileira, como a Zona Franca de Manaus, que há 50 anos goza desse benefício. 

O Brasil deixa de arrecadar, anualmente, R$ 350 bilhões, dinheiro que banca as isenções e os incentivos fiscais. Essa montanha de dinheiro poderia ser aplicada em investimentos na infraestrutura, na saúde, na educação, no saneamento básico e na segurança pública.

O dólar, que não tem nada com isso, aproveitou a confusão de ontem para subir, encerrando o dia cotado a quase R$ 5,05.

Ontem, o preço internacional do petróleo caiu mais de 3%, levando o óleo do tipo Brent, referenciado pela Petrobras, aos US$ 86,35 por barril. Logo que a guerra em Israel começou, esse preço chegou aos US$ 92 por barril.

A causa é a escalada da guerra em Israel, o que aumenta o temor de que o conflito se estenda a outros países do Oriente Médio, onde estão as grandes reservas de petróleo do mundo. Já estão havendo escaramuças entre Israel e o Líbano, em cuja geografia estão as forças do Herzbolah, que são mais numerosas e mais potentes, do ponto de vista bélico, do que o Hamas.

Hoje, começa a reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central. Essa reunião terminará amanhã no final da tarde, depois do fechamento da Bolsa, quando o Copom emitirá uma nota revelando a decisão tomada sobre a taxa básica de juros Selic.

A expectativa é de que a Selic seja reduzida em meio ponto percentual, o que levará a taxa de juros de 12,75% para 12,25% ao ano.  Esta é a aposta quase unânime dos economistas e dos operadores do mercado.

Ontem, foi divulgado o balanço financeiro relativo ao terceiro trimestre deste ano o Grupo GPA, que é o dono das redes supermercadistas Pão de Açúcar e Extra. A empresa teve um prejuízo de R$ 1,28 bilhão. No ano passado, o GPA já havia registrado prejuízo de R$ 244 milhões.

Por sua vez, o balanço do concorrente Assaí registrou lucro de R$ 185 milhões, uma queda de 34,2% em comparação com o lucro do mesmo trimestre de 2022, que foi de R$ 281 milhões. Os juros altos impactaram os resultados do Assaí, que, porém, aumentou sua receita trimestral, que bateu na casa de R$ 17 bilhões.

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