Engenheiro especializado em energias renováveis – é dono da Gram Eollic, empresa que projeta e instala projetos de geração eólica e solar – o engenheiro cearense Fernando Ximenes concorda com esta coluna sobre o longo tempo que passará até que se implante o primeiro projeto de geração de energia eólica offshore (dentro do mar) – por volta de 2030.
“Quando iniciei falando de energia eólica offshore no Brasil, chamaram-me de doido, e fui estudar todo o litoral brasileiro, principalmente as áreas submarinas e os ventos no mar. Depois de tudo, cheguei às seguintes conclusões:
“Infelizmente tudo no Brasil é lento. Tramitar a regulamentação eólica offshore no Brasil levará ainda muito tempo, por isto as negociações com investidores pararam. O licenciamento ambiental é só uma derivada. Antes de o governo regulamentar a eólica offshore no Brasil, terá de aprovar no Congresso Nacional a Portabilidade Livre de Energia Elétrica e a regulamentação para a implantação da Portabilidade.
“Só depois disso deverá vir a regionalização do custo de energia, após o que deve aprovar e regulamentar mecanismos para a exportação de energia e a legislação e regulamentação dos projetos de geração eólica offshore, incluindo as cessões do uso de áreas marítimas”.
De acordo com Fernando Ximenes, “será necessária a realização de novo mecanismo de “businnes” para o setor energético brasileiro, e não leilões específicos para a geração eólica offshore”.
Na sua opinião, “estão equivocados aqueles que dizem que o custo de um projeto eólico dentro do mar custará uma montanha de dinheiro semelhante a US$ 15 bilhões por GW”.
Ele explica que, “dependendo da distância da costa, um GW de eólica offshore custará, apenas, entre U$$ 1,3 bilhão a 1,5 bilhão, de acordo os cálculos que fizemos”.
Ele respira e sentencia:
“Se um projeto eólico offshore custar U$ 15 bilhões por GW, a energia eólica offshore no Brasil virará utopia.”
E conclui:
“Já temos tecnologia para fazer energia eólica offshore com o mesmo custo comparado da energia eólica onshore. Porém, precisamos, com urgência, de regulamentar a energia eólica offshore no Brasil oferecendo toda a segurança jurídica aos investidores, caso contrário, iremos ficar a só ver navios no mar brasileiro. E segurança jurídica é algo escasso aqui”.