Energia: entidades empresariais do Ceará pedem conversa com Enel

Em nota divulgada nesta 6ª feira, o Setor Produtivo solicita da Enel "maior flexibilidade na aplicação do reajuste" absurdo de até 32,7% na conta de energia autorizado pela Aneel.

Legenda: As principais entidades empresariais do Ceará querem reunião com a Enel para debater percentual do reajuste da tarifa de energia
Foto: Fabiane de Paula

As entidades empresariais do Ceará, entre as quais a Federação das Indústrias (Fiec) e a Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), estão divulgando nesta sexta-feira, 22, uma nota oficial, abordando o “Reajuste na Tarifa de Energia”.

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A nota afirma: 

“Diante do anúncio de reajuste na tarifa de energia no Ceará, por parte da Aneel, com aumento médio de 24,85%, o Setor Produtivo do Ceará vem a público se manifestar” (sic).

E prossegue:

“Para o Setor, o reajuste implicaria diretamente na perda de competitividade em relação aos demais estados, em virtude dos elevados custos de produção com energia, com forte impacto no cenário econômico local”.

“As instituições aqui representadas se colocam (sic) à disposição da Enel Ceará para entendimentos e informações adicionais ao passo que solicitam maior flexibilidade da concessionária na aplicação do reajuste, visto que o maior percentual de ajustamento indicado pela empresa foi justamente o destinado ao Ceará, 24,85%, com implicação ainda maior para o setor agropecuário (+32,7%). Na Bahia, o reajuste foi de 21,13%; Rio Grande do Norte, 20,36%; Sergipe, de 16,24%, e na Enel do Rio de Janeiro, aprovado em março, de 16,86%" (sic).

“Certos da compreensão das implicações econômicas e sociais, do desenvolvimento do setor produtivo e da geração de emprego e renda, em importante momento de recuperação, reiteramos o interesse no diálogo permanente e numa melhor avaliação da questão. Entendemos ser indispensável que a Enel apresente uma alternativa que reduz o impacto para o Setor produtivo e a sociedade em geral” (sic).

As entidades que assinam a nota poderiam ter assumido uma atitude contundente diante do absurdo da decisão da Aneel, esta sim, responsável pelo reajuste, determinado sem uma só plausível razão técnica, econômica e financeira, pelo menos do conhecimento do distinto consumidor, pessoa física ou jurídica.

Além das imperfeições gramaticais, a nota exibe quase um pedido de desculpas à Enel por importuná-la com a solicitação de “maior flexibilidade da concessionária na aplicação do reajuste”. 

Resumindo: para o Setor Produtivo, o reajuste veio para ficar. Falta, apenas, conversar com a Enel para definir sobre os seus percentuais.

A Enel está, agora, numa posição confortável para negociar um acordo com o Setor Produtivo do Ceará. 

ENERGIA: O BRASIL DE CABEÇA PARA BAIXO

Para que serve e a quem serve a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)? Há três dias, esta coluna fez esta pergunta, que agora, mais do que nunca, busca resposta diante das incríveis decisões da suspeita diretoria da Aneel, que autorizou o aumento de 32%, a partir de hoje, sexta-feira, 22, das tarifas de energia elétrica cobradas dos estabelecimentos rurais do estado do Ceará. 

Está claríssimo que a Aneel não serve aos interesses da sociedade brasileira. Há indícios, também claros, de que a Aneel está a serviço das empresas de geração e distribuição de energia elétrica, numa colusão criminosa que precisa de ser estancada por quem direito. Colusão é um acerto entre as partes para prejudicar terceiros.

Uma agência reguladora, como é a Aneel, tem de atuar na defesa do interesse dos consumidores do serviço de geração e de distribuição de energia elétrica. Não é o que ela tem feito nos últimos aos. Até parece que a Aneel defende o interesse das empresas em detrimento dos interesses dos consumidores. 

O Brasil está de cabeça para baixo. Os organismos que deveriam servir, exclusivamente, o país e sua população mantêm-se de costas para o interesse coletivo, mas de frente para os interesses das corporações públicas e privadas, que hoje mandam e, também, desmandam aqui. 

O quadro deve agravar-se se for bem analisado o discurso dos pré-candidatos a presidente da República.

Um deles já deixou bem claro que, se eleito, revogará a Reforma Trabalhista; outro disse que extinguirá a Lei do Teto de Gastos; e outro prometeu que dará protagonismo ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que, nas palavras do seu próprio líder, tem um exército armado, disposto a enfrentar os empresários do agronegócio, setor que tem, nos últimos 10 anos, garantido o superávit da balança comercial brasileira. 

Resumindo: o caos está rondando o Brasil.

Na democracia, os poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário – têm distintos papéis e tarefas. 

No Brasil, porém, um dos poderes, o Judiciário, entendeu que é seu dever invadir a área de atuação dos outros, principalmente a do Executivo. Por causa disto, o país está, outra vez, diante de uma crise que pode levar a um grave impasse institucional. 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, tem dito e repetido que não cumprirá decisões do Supremo Tribunal Federal que ferirem a independência dos poderes. É meio caminho andado para esse chamado “impasse institucional”, ou seja, para a crise política que poderá levar a Nação a um quadro caótico.

Os empresários, diante dessa situação, mantêm-se com o pé atrás da cautela, suspendendo ou cancelando investimentos, até que a eleição de outubro mostre uma luz no fim do túnel. 

Não há nenhuma dúvida de que o Brasil de 2022 aguarda, com ansiedade e preocupação, o resultado da eleição presidencial. O que todos desejamos é que este grande e rico país se mantenha na trilha da democracia liberal.

CARNE DE FRANGO

Boa notícia para o Brasil! Os Estados Unidos produzem 20,5 milhões de toneladas de carne de frango e consomem 17,2 milhões, exportando os 3,36 milhões. restantes. 

O Brasil, que lidera o mercado mundial dessa proteína, exporta 4,6 milhões de toneladas. 

Com a saída da Ucrânia, outro grande produtor e exportador, o Brasil deverá controlar 35% do mercado mundial da carne de frango.