Energia: Ceará produz em 2 anos 10% da Usina Itaipu

Na inauguração do Centro de Excelência para a Transição Energética da Fiec, seu presidente Ricardo Cavalcante disse que, na área das energias renováveis, há uma revolução acontecendo no Ceará

Legenda: Presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, ouve explicações do professor do Senai-Ceará sobre como produzir hidrogênio verde
Foto: Egídio Serpa

Nos últimos dois anos, o Ceará ganhou 1,3 GW (gigawatts) de potência instalada de energia eólica e solar fotovoltaica, o que representa quase 10% do que é gerado pela usina Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo, e isto é um exemplo da revolução que se passa no Ceará e no Brasil na área energética. 

Foi o que disse, com outras palavras, o presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, no discurso que pronunciou hoje na inauguração do Centro de Excelência para a Transição Energética Dr. Jurandir Picanço, construído pela entidade no núcleo do Sesi-Senai da Barra do Ceará, em Fortaleza.

Na instalação desse centro – que dispõe da mais alta tecnologia e dos mais modernos equipamentos existentes no mundo para a formação e treinamento de recursos humanos destinados às empresas que operam na área das energias renováveis – foram investidos R$ 30 milhões, metade dos quais doados pela Enel Ceará Distribuição. 

Também contribuíram para a sua instalação e operação a Agência de Cooperação Alemã (GIZ), a gigante dinamarquesa Maersk, por meio de sua divisão Maersk Trainning, a Siemens Energy, a B&Q, a Sou Energy, a Makro e a Aeris, uma das maiores fabricantes de pás do planeta, com fábrica no Complexo do Pecém.

Realizada ao lado do complexo de ensino e de recreação do Sesi-Senai – do qual se destaca o conjunto de piscinas onde crianças e jovens, todos filhos de industriários recebiam aulas de natação – a solenidade de inauguração do Centro de Excelência para a Transiçaão Energética Jurandir Picanço reuniu, além do homenageado, empresários, diretores e funcionários do Sistema Fiec, além da presidente da Enel, Márcia Sandra, e de representantes das empresas nacionais e estrangeiras parceiros do empreendimento, que se impressionaram com as informações e os comentários contidos no discurso de Ricardo Cavalcante.

O presidente da Fiec anunciou que os projetos de parques eólicos e solares em construção no Ceará prometem entregar, ainda neste ano de 2024, mais 1 GW. “Estamos apenas começando. Ainda há muito por vir”, disse ele.

“Diante do universo de possibilidades que se abrem à nossa frente, precisamos estar preparados. Este equipamento que ora entregamos à comunidade industrial cearense e à sociedade brasileira, o Centro de Excelência para a Transição Energética Jurandir Picanço, é fruto de um esforço coletivo, que envolveu todo o Sistema Fiec e seus parceiros. 

Ricardo Cavalcante fez questão de detalhar a contribuição que cada empresa parceira concedeu para a implantação do Centro de Excelência:

“Desse valor (R$ 30 milhões investidos no empreendimento), cerca de R$ 15 milhões vieram da nossa parceria com a Enel, que instalou, junto ao Senai Ceará, um Centro de Treinamento Avançado, voltado para a capacitação de profissionais que trabalham com geração, transmissão e distribuição de energia. 

“R$ 3 milhões vieram de uma importante parceria que firmamos com a maior agência de cooperação internacional da Alemanha, a GIZ. Esses recursos têm como foco o desenvolvimento de programas e projetos voltados especificamente para a produção de hidrogênio verde. A parceria com a GIZ possibilitou ao Senai Ceará ser o primeiro do país a ter instalado e em funcionamento um laboratório de hidrogênio para formação profissional dentro do projeto H2Brasil. 

“O curso ofertado pelo laboratório é pioneiro no paı́s, e permite acesso a conhecimento abalizado em segurança aplicada ao armazenamento e distribuição de hidrogênio verde, além da realização por parte dos alunos de pesquisas avançadas e geração de inovação no setor. 

“Outros R$ 12 milhões vieram de parcerias estratégicas que firmamos com outras importantes organizações nacionais e internacionais, entre as quais destaco:

“A Maersk Training, cuja parceria vem possibilitando ao Senai Ceará a oferta de cursos técnicos e de segurança, certificados pela Organização Eólica Global (GWO) entidade sem fins de lucro que pertence aos líderes mundiais na produção de turbinas eólicas. Segundo a própria GWO, participar desses treinamentos significa estar preparado para atuar em qualquer lugar do mundo, com a certeza de conviver em um ambiente de trabalho livre de lesões na indústria de turbinas eólicas. Outra parceria virtuosa foi a firmada com a Aeris, que possibilitou a instalação, em nosso laboratório, de equipamentos essenciais, a exemplo de uma pá eólica em tamanho real. A empresa também capacitou e qualificou todos os professores do curso de reparador de pás eólicas, com o propósito de garantir que os alunos do Senai Ceará saiam preparados para entregar o que há de melhor às usinas onde vierem a trabalhar. 

“As demais parcerias incluem a Sou Energy, que doou inúmeras placas solares; a Siemens, com forte atuação em automação de linhas; e a Makro Engenharia, no suporte logístico. Mas quero destacar, também, a parceria que temos com a B&Q, do meu amigo Luís Carlos Queiroz, que tem investido fortemente junto ao Senai na capacitação de sua equipe, e com presença constante em nossos editais de inovação.”

Ricardo Cavalcante fez, então, referência ao engenheiro Jurandir Picanço, que dá nome ao Centro de Excelência para a Transição Energética da Fiec, chamando-o de o mestre dos mestres e decano da energia no Ceará “e uma das sumidades do setor em todo o país”. 

Picanço recebeu uma placa de homenagem da Fiec e do Sindicato da Indústria de Energia pelos grandes serviços que ele tem prestado ao desenvolvimento da área energético no Ceará e no país.

Após a cerimônia, acompanhado do primeiro vice-presidente da Fiec, Carlos Prado, e das demais personalidades presentes ao evento, Ricardo Cavalcante liderou uma visita às instalações do Centro de Ecxeclência, onde várias turmas de alunos ouviam aulas teóricas e práticas dos professores. 

A confortável sala em que era ministrado o curso sobre a produção do hidrogênio verde – a primeira a ser visitadas – dura 80 horas. Esse curso custa ao aluno R$ 1mil. Durante as 80 horas de aula, os alunos aprendem teoria e prática para o que dispõem de equipamentos de última geração, os mesmos que existem em centros semelhantes nos EUA e na Europa. E com a vantagem de que o certificado a ser conferido aos que concluírem o curso conterá a certificação internacional, com o qual o seu portador poderá ser admitido em qualquer empresa do mundo. 

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