Empresários analisam os dois primeiros meses da gestão Elmano de Freitas

Há elogios ao governador que montou um time competente para administrar o Complexo do Pecém, mas surgem críticas aos secretários, que recebem mais prefeitos do que seus próprios executivos

Legenda: Para o empresariado, escolha do novo comando do Complexo do Pecém foi decisão correta do governador Elmano de Freitas
Foto: Governo do Ceará / Divulgação

Um grupo de empresários da indústria e da agropecuária analisou ontem os primeiros dois meses da gestão do governador Elmano de Freitas, e as conclusões a que chegou foram 50% a favor e 50% contra. 

A favor contou o esforço do próprio Chefe do Executivo que, na área econômica, montou um time considerado de muito bom nível, a começar pelo comando da CIPP S/A, a empresa que administra o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. 

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O time escolhido para a CIPP, liderado pelo economista Hugo Figueiredo, está inteira e profissionalmente voltado para as questões de interesse da companhia, entre as quais se destacam os projetos estratégicos de mais uma ampliação do porto para adequá-lo às exigências do futuro Hub do Hidrogênio Verde do Pecém. 

O mesmo grupo também elogiou a escolha do secretário do Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho, e dos seus secretários executivos da Indústria, da Agropecuária e do Comércio, além do presidente da Adece. 

Mas, ao longo de sua conversa, os 11 empresários presentes começaram a desfiar o que consideraram pontos contra o secretariado do governador. 

E começaram por questionar o tempo que pelo menos três secretários têm dedicado mais aos seus interesses políticos do que aos assuntos que cabe à sua pasta encaminhar e resolver.  Eles alertaram que algumas secretarias exigem do seu titular dedicação ao serviço em tempo integral, sob pena de não cumprirem as metas que dele espera a sociedade.

Um dos presentes citou nominalmente um secretário que “vem recebendo em seu gabinete mais prefeitos do que os seus próprios auxiliares, atrasando o encaminhamento dos assuntos de interesse do governo”. 

Outro, da mesma área de atuação, a agropecuária, reclamou de outro secretário que “prefere receber prefeitos e vereadores do interior do que tratar, por exemplo, da oferta de água para a irrigação”. 

Um empresário da indústria e da agroindústria contou que o governo estadual está sem pagar há três meses as faturas de empreiteiras que fornecem serviços e produtos à administração estadual. 

Mas alguém ressalvou que, nos primeiros 90 dias de um governo, é isso mesmo o que acontece: 

“O caixa do governo é fechado nesse período, abrindo apenas para a entrada das receitas, até que se construa um colchão de dinheiro suficiente para a renegociação dos contratos, algo em que o empreiteiro sempre sai perdendo”. 

“Ciro Gomes fez isso quando foi prefeito de Fortaleza, e ninguém reclamou. Ele fez isso também quando assumiu o governo do Estado, sendo copiado por Cid Gomes e Camilo Santana, que repetiram o que fizera Tasso Jereissati quando tomou posse pela primeira vez em março de 1987”, lembrou outro empresário categoria cinco estrelas. 
 
Ouviu-se, no mesmo convescote, a opinião segundo a qual “alguns secretários do governador Helmano mostram total desconhecimento da área para a qual foram nomeados, e isto prejudica as empresas privadas que têm interlocução com a pasta e com o seu titular”.  

Mas também se escutou o comentário de que “há uma clara vontade do governador e de vários dos seus auxiliares no sentido de dar continuidade ao que de bom receberam dos seus antecessores, e o que receberam foi um latifúndio de projetos executados e de outros cuja execução carece de poucas e inadiáveis providências, como, por exemplo, o fim da duplicação da CE-155, rodovia que liga a BR-222 ao Porto do Pecém, uma obra que parece interminável e que é essencial ao comércio exterior do estado, pois é por ela que são transportadas as cargas de importação e de exportação do Ceará”. 

A propósito, eis uma informação em primeira mão: as Câmaras Setoriais da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, que havia alguns meses reuniam-se numa sala especial na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), voltarão a reunir-se na Adece, sob cujo pálio estão, legal e tradicionalmente, abrigadas.

A decisão foi tomada em conjunto pelo secretário Salmito Filho, da SDE, e pelo presidente da Faec, Amílcar Silveira.