Em uma área de 50 hectares, que serão 100 nos próximos três anos, Henrique Aragão, um maranhense que há 50 anos migrou para o Ceará, desenvolve, desde 2014, um projeto sustentável de cultivo de mogno africano, das variedades Khaya Senegalensis e Khaya Grandfolíola, que se adaptaram perfeitamente ao solo, à altitude de 900 metros e à temperatura média de 19 graus de Viçosa do Ceará, no Noroeste do estado, bem na divisa com o Piauí.
É lá, pertinho do céu, que, licenciada pelo Ibama, sua empresa Ouro Verde Agroflorestal, dirigida por ele e pelo filho e sócio Davi, une o útil ao agradável: ao mesmo tempo em que investe numa cultura de demorada maturação – 10 anos, no mínimo – mas de elevado e garantido retorno financeiro, ela assegura o permanente reflorestamento de uma área que, até 2014, sofria os efeitos da degradação ambiental. Hoje, essa área é uma bela e crescente floresta verde, graças à tecnologia da integração floresta-lavoura.
O projeto inicial de Henrique Aragão, o Ouro Verde I, ocupa 30 hectares. As primeiras mudas de mogno africano – desenvolvidas pela própria Ouro Verde e hoje comercializadas para produtores de outros estados – perderam-se por causa da estiagem que castigou o Ceará na época do plantio.
Previdente, ele perfurou um poço de 80 metros de profundidade que lhe dá uma vazão de 5 mil litros por hora, mais do que suficiente para a irrigação, por gotejamento, de todas as 20 mil árvores do projeto.
Henrique Aragão – que é autodidata, tendo aprendido tudo sozinho, sem qualquer assistência técnica – foi além: abriu um buraco no chão, revestiu-o com uma geomembrana e o transformou em um tanque com capacidade de 500 mil litros de água, onde cria os peixes – tilápias e tambaquis – que mineralizam a água usada na irrigação. Tudo inteligente e ambientalmente correto.
Outro tanque semelhante “está em vias de ser instalado para atender ao aumento da produção”, ele revela.
Há cinco anos, Aragão e Davi iniciaram, na mesma área de Viçosa do Ceará, o projeto Ouro Verde II, que traz como novidade o sistema agroflorestal. Serão mais 50 hectares, dos quais 20 já plantados de mogno africano, consorciado com outras culturas. O projeto terá 10 mil árvores de mogno africano, 20 mil de café arábica, 3 mil de bananas, 500 de tâmaras, 500 de cacau e 3 mil de açaí.
A Ouro Verde, que é pioneira na produção de tâmaras no Ceará, tem viveiros de mudas que, anualmente, produzem até 500 mil mudas das plantas que ela cultiva.
A empresa de Henrique Aragão e do filho Davi também é sócia de dois projetos de plantio de mogno africano e tâmaras. O primeiro, localizado na geografia do município cearense de Itarema, tem área de 150 hectares, 15 dos quais já plantados, e o segundo, em Monsenhor Gil, no Piauí, tem área de 250 hectares, 12 deles já cultivados. Estes dois empreendimentos – informa Henrique Aragão – estão abertos à participação de quem queira investir neles. Ele lembra que o investimento tem alto e garantido retorno, mas é demorado.
“A Ouro Verde – cujo site é ouroverdeagroflorestal.com.br – já realizou alguns projetos de plantios de mogno africano e tamareiras para outros produtores, sendo responsável pela distribuição e plantio de mais de 200 mil mudas e pela implantação de mais de 120 hectares cultivados dessa maravilhosa árvore”, acrescenta Aragão.
Quanto custa investir na produção de mogno? – indagou a coluna. A resposta de Aragão, em detalhes, foi a seguinte:
“O investimento para o plantio de 1 hectare de mogno africano, com sistema de irrigação, seguindo todos os protocolos de adubação e manejo, fica entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, dependendo da região onde será implantado o projeto. A estimativa de retorno financeiro de 1 hectare de mogno africano fica na faixa de R$ 600 mil a R$ 800 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão em 15 anos, se forem obedecidos todos os protocolos de adubação e manejo da cultura.”
Mas Henrique Aragão transmite uma observação importante, bem adequada aos tempos atuais:
“Além do retorno financeiro, existe o trabalho de auxílio à natureza, tão necessário nos dias de hoje. Esse trabalho, no nosso caso, se faz na restauração de áreas degradadas com os plantios de mogno africano e tamareiras. Uma árvore de mogno africano (Khaya spp.) com 10 anos de vida pode sequestrar 249,60 quilogramas de CO2. O sequestro de carbono varia conforme o crescimento e as condições ambientais, mas o mogno africano é conhecido por sua capacidade de absorver uma quantidade significativa de CO2.”
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