Ednilton Soárez na AJE: a indústria, a educação e o turismo

A uma plateia de jovens e antigos empresários, ele contou que nasceu em plena II Guerra, trabalhou com Edson Queiroz, foi secretário da Fazenda, ajudou os pais no Colégio 7 de Setembro e hoje comanda o Beach Park

Legenda: Ednilton Soárez fala para os jovens empresários da AJE Fortaleza e conta a eles sua história empresarial
Foto: Geovanne Jinkings

Seria – como realmente foi – uma palestra para os Jovens Empresários da AJE Fortaleza, mas a ela compareceram, também, antigos industriais, como Fernando Cirino e Carlos Prado, que aplaudiram o palestrante e com ele rememoraram fatos remotos e recentes ligados à economia, à política e ao entretenimento do Ceará. 

No centro do palco e da história, Ednilton Soárez, sócio majoritário do Beach Park, o mais importante equipamento turístico cearense, que em 60 minutos tornou pública sua vida empresarial.

Tudo aconteceu ontem, terça-feira, das 12 às 14 horas, no restaurante do piso superior do Ideal Clube. A palestra foi ouvida por um atento auditório, bastante interessado em saber como é “subir na vida com muito trabalho”.

Ednilton Soárez começou prestando uma homenagem à entidade que o anfitrionava: lembrou que a AJE existe graças a uma ideia do professor Kleber Aquino, que nos anos 90 prestou consultoria ao Grupo Marquise, liderando um programa de trainees voltado para jovens universitários. A ideia prosperou e alcançou sucesso: a AJE Fortaleza tem hoje 300 associados. 

Depois, recordou sua infância. Ele nasceu em 1944, “em plena Segunda Guerra, e à noite a cidade dee Fortaleza não podia ligar as luzes para não se tornar alvo das belonaves alemães que costeavam o Nordeste”. 

Na casa em que morava, na Avenida Francisco Sá, havia quintal com fruteiras, e “eu e meus irmãos andávamos de bicicleta na maior tranquilidade; tente fazer isso hoje!” Olhando para os jovens que o escutavam, Ednilton lamentou: “Pena que vocês não disponham dessas facilidades nos dias de agora”.

Ele citou o pai, o professor Edilson Brasil Soárez, que fundou o Colégio 7 de Setembro, “com apenas dois alunos”. Famoso em Fortaleza pela maneira severa com que dirigia seu estabelecimento e impunha a ordem, o respeito aos seus alunos dentro e fora da escola, o professor Edilson “era um homem amoroso com os filhos”. 

“É por isto que eu recomendo a vocês que façam o que puderem fazer pela educação doméstica e escolar dos seus filhos”, disse Ednilton Soárez.

Ele narrou que, “um dia, o Edson Queiroz me convidou para trabalhar com ele, e eu fui”. E começou fazendo a integração da contabilidade das empresas do Grupo Edson Queiroz. Mais tarde, chegou à superintendência do que é hoje o Sistema Verdes Mares. Nessa época, já sem a presença física do seu fundador e diretor, o Colégio 7 de Setembro – dirigido por sua mãe, dona Nila – precisou da gestão de Ednilton. 

“Fui ao Edson e pedi a ele que, em vez de começar meu expediente na empresa às 7 horas da manhã, me permitisse entrar às 9 horas. Edson, eu preciso dessas duas horas para tocar o colégio”, pediu ele, sendo imediatamente atendido. 

Tudo ia bem até que o governador Tasso Jereissati, reeleito com grande votação, convocou-o para o serviço público. 

“O que você anda fazendo?”, indagou o governador, que nem esperou pela resposta: “Você será meu secretário da Fazenda”. E durante oito anos Ednilton Soárez ocupou a Sefaz, chegando a presidente do Conselho Nacional de Administração Fazendária, o Confaz. Na prática, ele foi o chefe dos secretários da Fazenda do país.

“Aprendi muito na Sefaz. Conheci e sofri as necessidades do estado. Uma lição que guardei dessa experiência foi a de que sonegar imposto não é boa alternativa, pois subtrai, entre outras coisas, a comida do policial, do bombeiro e também do presidiário, cuja alimentação é um dever do estado”, disse Ednilton.

Ele contou que há dois anos, de comum acordo com seus irmãos, vendeu o Colégio e a Universidade 7 de Setembro, mas disse que seu filho Henrique está a dirigir os dois estabelecimentos como executivo contrato pelos grupos compradores.

A parte final do seu depoimento foi dedicado ao Beach Park. Ele recordou que foi procurado pelo empresário João Gentil, que tinha a maioria do capital do empreendimento e que lhe confessou: “Preciso de um sócio”. Ednilton é, há algum tempo, o sócio majoritário do Beach Park, detendo 68% do seu capital. 

“O Beach Park é um dos maiores parques aquáticos do mundo”, disse ele aos jovens da AJE e aos antigos empresários da indústria que o ouviam. Pelo parque e pelos três hotéis que o rodeiam na Praia do Porto das Dunas – e que também pertencem ao complexo – passam, anualmente, quase 1 milhão de pessoas procedentes de todos os estados brasileiros e de vários países do mundo.

Ednilton confessou que, durante a pandemia da Covid 19, o Beach Park passou 10 meses fechado, mas, com a ajuda dos bancos, a empresa sobreviveu, recuperou-se e voltou a ter músculos, consolidando sua posição de liderança no setor turístico do Ceará e do Brasil. 

Por que os preços do Beach Park são dolarizados? – perguntou um repórter curioso. 

“Não são dolarizados, mas são o preço justo de um produto com serviços de alta qualidade”, respondeu Ednilton Soárez, citando que o Beach Park tem compromisso com a governança social, ambiental e corporativa, exigindo dos seus fornecedores certificação ISO 9000.
 
Para terminar, respondendo a quem quis saber qual sua perspectiva em relação ao futuro próximo do Brasil, ele disse:

“Estou desanimado. A política e os políticos são necessários no regime democrático, mas o governo há de ter responsabilidade fiscal”. 

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