Na última sexta-feira, durante sua visita à China, o presidente Lula sugeriu que as transações comerciais entre empresas brasileiras e chinesas sejam feitas não em dólar, mas em Yuan, que é a moeda nacional daquele país asiático. Houve reações a favor e contra no Ocidente e no Oriente.
Ontem, domingo, em Washington, durante entrevista à rede de televisão norte-americana CNN, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen foi franca ao dizer que o dólar corre o risco de perder sua hegemonia no comércio internacional por causa das sanções econômicas impostas a outros países, inclusive a Rússia.
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Yellen disse o seguinte: “Há riscos muito sérios quando usamos sanções financeiras atreladas ao dólar. Com o tempo, a ação pode minar a hegemonia da moeda americana, mas essa é uma ferramenta que procuramos usar criteriosamente quando temos o apoio de nossos aliados”.
Sem citar o Brasil e muito menos o presidente Lula, Janet Yellen disse que não vê na Rússia, no Irã ou na China condições para a criação de uma moeda alternativa para substituir o dólar nos negócios de importação e exportação. Na sua opinião, a moeda norte-americana é a única, hoje, capaz de fazer o que faz há anos: assegurar as transações comerciais do mundo.
A secretária Yellen também disse que o Tesouro dos Estados Unidos é o mais seguro, o mais líquido e o mais ativo do mundo, oferecendo aos investidores toda a segurança jurídica, e destacou que são esses fatores fundamentais que tornam o dólar a moeda mais confiável do planeta.
E ontem, em Abu Dabi, nos Emirados Árabes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retorna neste domingo ao Brasil, anunciou, em entrevista à imprensa, que os acordos celebrados com a China na semana passada representarão investimentos de R$ 50 bilhões em vários setores da economia.
Ele também anunciou que o Fundo Soberano de Abu Dabi, o Mubadala Capital, que é o controlador da Refinaria de Mataripe, investirá R$ 12,5 bilhões em obras de ampliação dessa unidade, que se localiza no Recôncavo Baiano.
Lula informou que promoverá, no próximo mês de maio, uma reunião com os governadores a fim de definir quais são as grandes obras prioritárias de cada um. Em seguida, com a relação dessas obras nas mãos, Lula as oferecerá aos investidores de outros países.
Lula disse que o Brasil é um país com estabilidade jurídica e com estabilidade política, e prometeu que será, também, um país com estabilidade econômica.
E disse mais: “Nós garantimos a estabilidade social no país e somos um governo de muita previsibilidade”.
Da comitiva do presidente Lula, na China e em Abu Dabi, fez parte o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.
Hoje, segunda-feira, 17 de abril, finalmente, o governo deverá encaminhar ao Congresso Nacional a proposta do novo arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos. Ao transmitir a informação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que sua expectativa é de que a nova matriz fiscal do governo do presidente Lula seja aprovada ainda neste primeiro semestre.
Não se sabe, ainda, se a mensagem presidencial com a proposta do novo arcabouço fiscal será enviada ao Parlamento antes ou depois do fechamento das operações da Bolsa de Valores B3. Há uma grande curiosidade em torno do texto da proposta, cujo teor deverá ter repercussão imediata – positiva ou negativa – no pregão da Bolsa.
Falando sobre a cobrança de impostos das empresas que vendem pela internet, como é o caso de várias lojas chinesas, o ministro Rui Costa explicou que haverá apenas o cumprimento da Lei, e tanto é verdade que várias empresas da China que vendem para o Brasil já procuraram a Receita Federal para regularizar-se.
Será divulgado às 19 horas de hoje, horário do Brasil, o PIB da China relativo ao primeiro trimestre deste ano. Todas as previsões indicam que o PIB chinês deve ter alcançado, entre janeiro e março, a marca anual de 4,5%, bem mais do que os 3% do trimestre anterior.
Por causa dessa boa expectativa, as bolsas asiáticas fecharam nesta segunda-feira no modo positivo, enquanto as da Europa abriram também em alta.
O preço internacional do petróleo negociado em Londres está caindo levemente na Bolsa de Londres, negociado a US$ 86,22, com queda de 0,1%.