Desertificação da Caatinga cearense causa debate entre empresários
Notícia do secretário Célio Fernando na Cop27 sobre ações do governo para reduzir desertificação no Ceará abre boa polêmica. E mais: 1) O Brasil em NY; 2) Nasa lança maior foguete da história
Na Cop27, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que se realiza no balneário de Sharm el-Sheikh, no Egito – o secretário Executivo da Casa Civil do Governo do Ceará, economista Célio Fernando, abordou – em reunião que juntou representantes de outros estados brasileiros e de países de várias regiões do mundo – a questão da desertificação do bioma Caatinga, que abrange grande parte da geografia cearense.
Segundo Célio Fernando, dos 184 municípios do Ceará, 117 estão enfrentando o problema, que, segundo ele, está sendo minimizado pelas ações do governo estadual, por meio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
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A notícia, divulgada ontem por esta coluna, levantou opiniões de empresários cearenses da agropecuária, que perguntaram, nos grupos sociais da internet, onde essas ações de combate à desertificação estão sendo executadas, pois eles, que lidam diariamente com as questões ligadas ao clima e ao solo, as desconhecem.
“Não conheço qualquer ação de reflorestamento no sertão do Ceará”, disse um pecuarista de categoria cinco estrelas.
Instado pela coluna a manifestar-se sobre o que comentaram os agropecuaristas, o economista Célio Fernando explicou que, na reunião da Cop da qual ele tomou parte na segunda-feira, 14, “não se falou sobre reflorestamento”, adiantando que a Sema tem adotado “uma providência correta”, a de “ampliação das áreas de preservação ambiental”.
Ao longo do dia de ontem, a notícia desta coluna motivou um debate acirrado nos grupos sociais. Um agricultor, que tem ligação também com a indústria, disse:
“Pode ter certeza de que há muita gente com projetos de reflorestamento da caatinga, que só existem no papel, a fim de receber recursos públicos”.
Foi o bastante para que outro grande empresário, com larga experiência na cotonicultura, emitisse sua posição. Ele escreveu e postou na rede social o que se segue:
“Quem fala em desmatamento na caatinga não sabe o que diz. No semiárido todo, acredito que tínhamos mais de 3 milhões de hectares de capoeiras de algodão mocó. Essa área toda hoje é mata. Como é que falam em desmatamento da Caatinga? Vão estudar história e geografia da agricultura no semiárido”, sugeriu.
Ele terminou seu post desta maneira:
“Podem até existir algumas áreas com problemas, mas falar em desmatamento da Caatinga...”
Na verdade, o secretário Célio Fernando não falou em desmatamento, mas em desertificação, um processo que, segundo ele, só não avançou por causa, “exatamente, das ações da Secretaria do Meio Ambiente, ampliando a área de preservação ambiental, isto é, mantendo a vegetação e impedindo o desmatamento”.
Esta é uma questão que, nos próximos quatro anos, ganhará protagonismo, porque a política ambiental, de defesa do meio ambiente, terá mais força nos governos federal e estadual, ambos comandados pelo PT.
É preciso, porém, salientar que, mais rapidamente do que os governos, é a iniciativa privada, são os grandes conglomerados empresariais que estão tornando viável as políticas de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG, na sigla em inglês).
As empresas já entenderam que, do jeito que caminham as coisas, do jeito que os combustíveis de origem fóssil são ainda utilizados em larga escala, principalmente na Europa neste momento de crise energética lá, o futuro do planeta e de seus agora 8 bilhões de habitantes está e estará ameaçado.
O clima do mundo mudou e segue mudando. Ao mesmo tempo em que chuvas torrenciais inundam e causam mortes e destruição em países asiáticos, a falta delas seca as represas e os rios europeus, como aconteceu neste ano, principalmente no Reino Unido e na Itália.
Assim, tudo o que for preciso fazer pelos governos e pelas empresas privadas em defesa do meio ambiente deve ser feito logo.
A ECONOMIA BRASILEIRA EM DEBATE EM NOVA IORQUE
Ontem, tivemos boas notícias do Brasil, mas todas elas produzidas em Nova Iorque, onde se realizou uma reunião promovida pelo Lide, entidade fundada pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, que juntou não só ministros do Supremo Tribunal Federal, mas também grandes economistas.
Os ministros do STF falaram sobre ameaças à democracia brasileira. Os economistas falaram sobre o futuro próximo do Brasil na área econômica.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse, num recado aos economistas ligados ao PT, que o Brasil é uma exceção no mundo, pois fez e vem fazendo, desde o governo de Michel Temer, várias reformas, incluindo a Trabalhista e a da Previdência.
Ele salientou que é preciso persistir no combate à inflação, que dá sinais qualitativos de queda. Mas afirmou que os investidores precisam ter a certeza de que o Brasil tem compromisso com a disciplina fiscal, ou seja, com o controle dos gastos públicos. E para isso serão necessárias mais reformas, como a administrativa.
Campos Neto disse que só um plano de governo coeso, com coerência fiscal, e a continuidade das reformas assegurarão uma trajetória de crescimento sustentável com baixa inflação e juros também baixos.
O também economista Pérsio Arida, que está na equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, disse no mesmo evento que o Brasil precisa avançar no fiscal, isto é, no controle das despesas, e no social, ou seja, na garantia de uma renda mínima para a população desassistida.
Pérsio Arida lembrou que há inúmeros exemplos, também em países ricos, de políticas sociais foram feitas sem responsabilidade fiscal, o que gerou crises macroeconômicas, frustrando as realizações sociais.
E Henrique Meireles, que tem seu nome citado entre os que poderão ser o ministro da Fazenda de Lula, disse que o presidente eleito precisa anunciar logo sua equipe econômica, “para acalmar o mercado”. Ele repetiu Pérsio Arida e afirmou que política social sem política fiscal nunca deu certo.
MAIOR FOGUETE DA NASA LEVA CÁPSULA PARA RODEAR A LUA
Saltemos de um polo para outro, para terminar: na madrugada de hoje, quarta-feira, 16 de novembro, os Estados Unidos mandaram para o espaço o mais poderoso foguete da história: o Artemis 1, projetado e construído pela Nasa, que o lançou de sua base em Cabo Canaveral, na Flórida.
Esse foguete leva a cápsula Orion, que passará 25 dias circundando a Lua. A Orion não leva astronautas, mas três manequins equipados com instrumentos que farão pesquisas sobre a preservação da vida.
Haverá ainda um teste com o Artemis 2 até que, em 2025, seja lançado o Artemis 3 que colocará em órbita a Orion com três homens e uma mulher que pousarão na Lua, repetindo o que fez a Apolo 7 e sua tripulação, em dezembro de 1982.