De costas para o vandalismo, Bolsa subiu de novo. O dólar caiu

Boas notícias do exterior, como o fim das restrições na China, e da política interna animaram o pregão de ontem da B3. Ações da Petrobras e Vale subiram porque preço do petróleo e do minério aumentou

Legenda: O preço internacional do petróleo subiu impulsionado pelo fim das restrições na China
Foto: Steferson Faria

Para o mercado financeiro, os atos de vandalismo que aconteceram domingo passado, em Brasília, foram muito mais uma violência contra a democracia do que um evento que possa causar prejuízo à economia do país. Os vândalos estão presos, seguem sendo identificados pela Polícia e serão punidos, com o rigor da Lei, pela Justiça. 

Ontem, o mercado deu prova de que não se abalou com aqueles fatos: a Bolsa de Valores B3 subiu pela quinta vez consecutiva e fechou em boa alta de 1,55%, aos 110.816 pontos. O dólar, por sua vez, caiu 1,06%, fechando o dia cotado a R$ 5,20.

A bolsa brasileira foi ontem influenciada por boas notícias vindas do exterior. 

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Nos Estados Unidos, por exemplo, Jerome Power, presidente do Federal Reserve, o Banco Central de lá, falou sobre a economia do país e sua fala não trouxe sinais de que medidas mais duras serão tomadas para combater a inflação, embora ele tenha dito que medidas impopulares poderão vir a ser adotadas, se necessárias, ou seja, se a inflação, que é hoje superior a 8% ao ano, der sinais de que continuará alta.

Além disso, também ajudou a performance da Bolsa B3 ontem a notícia de que a China praticamente retirou todas as restrições impostas pela política de Covid Zero. De acordo com as informações procedentes de Pequim, os novos casos da doença reduziram-se para perto de zero, e isto animou as bolsas asiáticas e da Europa.

Neste momento, a China vive o tradicional e anual Festival da Primavera, período durante o qual centenas de milhões de chineses cruzam o país, viajando de carro, de avião, de barco e de bicicleta. Somente no sábado passado, dia 7, foram registradas 37,7 milhões de viagens dentro da China. 

Ora, se a economia chinesa volta a crescer, o mundo cresce junto, e por causa disto os preços do petróleo e do minério de ferro aumentaram ontem, razão pela qual as ações da Petrobras e da Vale subiram no pregão de ontem da Bolsa de Valores brasileira.

Além desses fatos externos, os operadores do mercado anotam que o governo do presidente Lula ganhou força política depois de haver enfrentado e vencido o desafio do vandalismo de domingo passado em Brasília.

E tanto é assim que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está insistindo em fixar o valor do novo salário-mínimo não em R$ 1.320,00, como anunciado no início do ano, mas em R$ 1.302,00. 

O governo entende que tem hoje popularidade e musculatura política capazes de levá-lo a adotar medidas duras de austeridade fiscal, entre as quais a de cortar o Orçamento deste 2023, que tem hoje um déficit primário (sem incluir as despesas com os juros da dívida) da ordem de R$ 220 bilhões.

Ontem, foi divulgado o IPCA de dezembro, que subiu 0,6%, com o que a inflação de 2022 fechou o ano em 5,79%, índice mais baixo do que o dos países da Europa, mais baixa do que a dos Estados Unidos e muito mais baixa do que o da Argentina cuja inflação está rondando a cada dos 92%.

E uma boa notícia para os idosos: os aposentados do INSS ganharão, a partir deste mês de janeiro, um aumento de 5,79%, que é o índice da inflação medida pelo IPCA, do IBGE. Esse aumento já será pago no próximo dia 25, quando receberão os aposentados cujo provento é igual ao valor do salário-mínimo. 

Os aposentados que ganham mais do que o salário-mínimo receberão a partir do dia primeiro e até o dia 8 de fevereiro.