Ao falar ontem para um grupo de empresários da indústria e da agropecuária, o engenheiro Fernando Ximenes, dono da Gram Eollic, empresa especializada em energia elétrica, disse que o Ceará precisa, “e com urgência”, de mais duas distribuidoras, além da Enel, para acabar com o que chamou de “dois robustos vazios energéticos”, que são a Serra da Ibiapaba, no Noroeste, e a Chapada do Apodi, no Leste do estado.
Ouvido com atenção pelo auditório, Ximenes afirmou que tanto a iniciativa privada quanto o setor público “precisam inovar para atender à crescente demanda por energia limpa, principalmente agora com a aproximação das indústrias que produzirão o Hidrogênio Verde”.
Ele lembrou que o Ceará foi o primeiro estado brasileiro a criar o incentivo à energia solar em 2009 – o FIES (Fundo de Investimento à Energia Solar), que depois virou FIEES (Fundo de Investimento à Eficiência Energética Solar) e posteriormente COFIEES (Conselho do Fundo de Investimento à Eficiência Energética Solar) – com R$ 10 milhões no caixa, mas até agora não regulamentado.
Sem essa regulamentação estão sendo prejudicados muitos setores da economia estadual, incluindo os do agronegócio, desde os pequenos agricultores e pecuaristas até os produtores de camarão, que já poderiam ter instalado em suas propriedades sistemas de geração de energia solar fotovoltaica com tecnologia de sua empresa.
É preciso acabar com o mercado cativo de energia, da mesma maneira que é preciso inovar na sua geração. E inovar é produzir energia limpa, como a solar fotovoltaica, que pode ser gerada sobre os telhados das residências nas cidades ou no campo, algo que já se desenvolve com a velocidade do raio em vários cantos do Brasil – o Ceará no meio, como ele explicou.
A tecnologia a que se referiu Fernando Ximenes é de sua autoria e opera de forma independente, ou seja, não tem qualquer ligação com a rede de distribuição da Enel, “estando, pois, desta forma, isenta de tarifas compulsórias e com garantia de despacho e excelente qualidade energética; quem já a instalou está feliz da vida”, comentou ele.
Observando que dobrara a atenção dos empresários que o ouviam, Ximenes aproveitou para subir o tom de sua voz e disse que, diante da iminência da produção do Hidrogênio Verde no futuro Hub do H2V do Pecém, o Ceará terá de, em curtíssimo prazo, “repotenciar suas subestações e, ainda, construir o anel de transmissão, com giga potência, desde o Chapadão do Apodi e desde a Ibiapaba até o Pecém”.
E para mostrar a gravidade do que estava dizendo, Fernando Ximenes pôs mais ênfase no seu discurso e afirmou o que se segue:
“Complementando ações inovadoras, será de extrema importância que o estado do Ceará e seus governantes e engenheiros tomem providências para a instalação de mais duas empresas distribuidora de energia, além da já existente Enel, sem as quais não será possível atender, de forma contínua e eficiente, os dois robustos vácuos energéticos que temos hoje e que são, vale repetir, a Chapada do Apodi e a Serra da Ibiapaba”.
O dono da Gram Eollic não fez qualquer crítica à Enel Distribuição Ceará, mas repetiu que ela, sozinha, não tem condição, hoje, de atender à demanda de sua clientela, principalmente a empresarial, que vem migrando em ritmo de frevo para o Mercado Livre e, também, para a autogeração.
Recentemente, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) revelou que o Ceará já conta com mais de 50 mil conexões de geração própria de energia solar fotovoltaica, instaladas em telhados e em pequenos terrenos da zona rural do estado. É uma tendência que tem crescido em proporção geométrica não só no Ceará, mas em todo o país.