Um dos cinco polos nacionais de irrigação que o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) implantará no país terá sede no Ceará, segundo prometeu o ministro Waldez Goes ao presidente da Federação da Agricultura e Pecuária, Amílcar Silveira, ao senador cearense Cid Gomes e ao empresário Luiz Roberto Barcelos, presidente da Rede Nacional de Agricultura Irrigada (Renai) e sócio e diretor da Agrícola Famosa, que tem fazenda de produção e exportação de melão em Icapuí, no Leste cearense.
O ministro recebeu terça-feira, 15, em seu gabinete em Brasília, a delegação cearense, com a qual tratou do assunto.
De acordo com Amílcar Silveira, uma equipe de técnicos da Secretaria Nacional de Irrigação do MIDR virá ao Ceará nos próximos dias para conhecer os projetos de irrigação já existentes, todos administrados pelo Dnocs, e prospectar a potencialidade desses ativos que podem mais do que triplicar a produção atual da agricultura irrigada cearense.
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Para a implantação do Polo de Irrigação do Ceará deram-se as mãos a Faec, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), a cuja frente está o deputado Salmito Filho, e o senador Cid Gomes, que está na linha de frente para a viabilização desse projeto.
A Faec e a SDE consideram que os perímetros irrigados estão localizados em áreas rodeadas de bons açudes, hoje cheios, e com bons solos, mas, infelizmente, produzem quase nada em relação ao seu potencial.
“Nossa intenção é mudar esse quadro, ou seja, nosso objetivo é fazer com que – no curto prazo e com providências técnicas, tecnológicas e de ordem financeira – esses perímetros passem a produzir em sua plena capacidade. Diante da grande área total dos vários perímetros irrigados federais, é ridícula a porção que se encontra em produção”, disse à coluna o presidente da Faec.
Hoje, os perímetros irrigados do Dnocs são ineficientes, mas a intenção do MIDR, criando o Polo de Irrigação do Ceará, “é torná-los eficientes, e isto quer dizer fazê-los operar em sua plenitude, e para isto a Faec, a SDE e a iniciativa privada estão juntas no apoio à ideia do ministro Waldez Goes”, ressaltou Amílcar Silveira.
Ele citou que o Perímetro Irrigado de Varjota –no Vale do rio Acaraú, no Norte do estado – será modelo para o Polo de Irrigação do Ceará. Esse perímetro tem área de 3.200 hectares, dos quais apenas 679 estão a produzir.
A gestão do Perímetro Irrigado de Varjota deverá ser transferida do Dnocs para a SDE e a Faec que, em conjunto, investirão na modernização dos seus equipamentos, na severa seleção dos irrigantes, na definição das culturas a serem desenvolvidas, no uso da melhor tecnologia para irrigação e, ainda, na exportação do que for produzido.
“A Faec e a SDE querem fazer do Varjota o perímetro irrigado modelo para a agricultura brasileira e para isto não mediremos esforços”, disse Amílcar Silveira, na opinião de quem o Polo de Agricultura do Ceará “também será modelar”.
O Dnocs tem 32 perímetros irrigados, dos quais 14 se localizam no Ceará. A ideia de transferir a gestão do Perímetro de Varjota para a Faec e a SDE foi aprovada pela direção do Dnocs, pela Secretaria Nacional de Irrigação do MIDR e pelo próprio ministro Waldez Goes.
Amílcar Silveira adiantou que a Faec encaminhará ofício à Adagri (Agência de Defesa da Agropecuária) no sentido de que adote as providências necessárias para que o Perímetro Irrigado de Varjota seja reconhecido como área livre da mosca da fruta, com o que toda a sua produção poderá ser exportada.
“A experiência a ser desenvolvida no Perímetro de Varjota será, em seguida, implementada nos demais perímetros do Dnocs. Por exemplo: não é mais possível que o Perímetro Tabuleiros de Russas, com 14 mil hectares irrigáveis, dos quais 10 mil hectares loteados, só tenha em operação 3.200 hectares. Isto é prova da ineficiência. Nos vamos pedir ao governo que essas áreas não utilizadas sejam devolvidas para que sejam destinadas para quem quer produzir. Ora, se os irrigantes desses perímetros não querem produzir, eles devem devolver suas glebas. Aliás, o senador Cid Gomes apresentará projeto de lei regulamentando o uso dessas áreas, punindo quem, sendo dono das glebas, nada produz nelas”, conluiu AmílcarSilveira.