Na margem Oeste de uma comprida e larga lagoa, a pouco mais de 40 quilômetros da fortalezense Aldeota e encravado na geografia verde de Aquiraz, o Catu Leve é, podemos dizer assim, um Clube de Aviadores e um aeródromo onde pousa e decola o melhor do amor humano e de sua paixão pelos aviões.
Neste sábado, 10, esta coluna conheceu as instalações do Catuleve. Ele nasceu do fim do Aero Clube do Ceará, uma antiga e acreditada escola de pilotagem aérea.
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O Aeródromo Catuleve é hoje, a um só tempo, um muito bem instalado centro de reunião dos apaixonados pela aviação comercial, o melhor do Nordeste brasileiro, e um ponto de encontro obrigatório das famílias que compõem esse pequeno, mas ativo universo dos aeronautas cearenses.
Lá, seguindo um projeto arquitetônico minuciosamente elaborado e executado, há ruas e jardins, no meio dos quais erguem-se os hangares que abrigam dezenas de pequenos aviões, muitos dos quais de propriedade de jovens e maduros amantes cearenses da aviação.
Com vista para a sua perfeita pista de pouso, virgem de buraco e bem-sinalizada, está a agradável e convidativa área de lazer do clube com grande piscina, perto da qual se juntam num só espaço o bar e o restaurante.
É aí que, nos fins de semana, se reúnem as famílias dos aviadores e onde os filhos, sob o aplauso das mães, ouvem os pais contarem incríveis histórias de seus voos, com as mesmas minúcias com que os pescadores e caçadores contam as suas.
O jovem empresário Antônio Melo Júnior, sócio e diretor comercial da rede de lojas Normatel, é um dos assíduos frequentadores do Catuleve.
Ele tem um monomotor de fabricação norte-americana, com quatro lugares, ar-condicionado, aviônica de última geração, cuja velocidade alcança 280 Km/h – o RV 10, que ocupa -- juntamente com um ultraleve biplace (dois lugares, um atrás do outro), também moderno -- um belo hangar do clube.
Hoje, esta coluna também pode ver quão moderno é esse aviãozinho na decolagem e no pouso, e quanto é boa a perícia do piloto Melo Júnior. E observou, ainda, a subida e a descida de várias outras aeronaves do Catuleve, em um vai e vem de alegrias e prazeres de quem tem a aviação como hobby ou como escola para a vida profissional.
Um grande personagem do Catuleve é o famosíssimo Waldonys, sanfoneiro, cantor, poeta, compositor, empresário, paraquedista com mais de 4 mil saltos e piloto de acrobacia aérea.
Hoje, ele não esteve no clube impedido por sua superlotada agenda junina – “ele está fazendo shows pelo Nordeste todo, um dia sim, outro também” -- como explica seu melhor amigo, o jornalista Tom Barros, do Sistema Verdes Mares, que também é piloto aéreo e semanal frequentados do Catuleve.
Waldonys é dono do melhor e mais caro avião do clube. É um turboélice RV4-ER, que faz tudo o que faz uma aeronave da Esquadrilha da Fumaça da FAB.
É desse avião que Waldonys salta para fazer alguns shows em diferentes cidades nordestinas, desde que, naturalmente, esse arriscado evento esteja incluído no contrato de sua apresentação.
Muitas prefeituras do Nordeste já contrataram Waldonys para fazer show aéreo, incluindo acrobacias com ou sem fumaça, e show musical. É o mesmo que juntar a fome de música com a vontade de comer emoção que tem o povo da cidade e do sertão. E com a competência e o profissionalismo de quem executa esses serviços – no Céu e no chão.
O que chama a atenção de quem visita o Catuleve é o zelo com que todo o espaço do clube é cuidado. Tudo limpinho, tudo bem-organizado, como deve ser organizado um equipamento que trata da teoria e da prática da aviação. O responsável por isso é o gerente Tiago do Vale, o único de toda a família do clube que não é piloto.