Consumo de cimento no país cresceu só 1% em maio

Mas o alto endividamento e a inadimplência das famílias e mais os juros altos continuam a pressionar a indústria cimenteira

Legenda: Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento, o setor está desacelerando por causa da inadimplência e dos juros altos
Foto: Elizângela Santos

No último mês de maio, as vendas da indústria do cimento registraram alta de 1%, comparado com o mesmo período do ano passado. Em termos nominais foram comercializadas 5,6 milhões de toneladas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento. 

O alto endividamento e a inadimplência das famílias, a taxa de desemprego em patamares ainda elevados aliada à lenta recuperação dos salários, agravados pelas incertezas econômicas, continuam a afetar o setor.

Veja também


 
Os principais indutores do consumo de cimento continuam desacelerando, em virtude da dificuldade no acesso ao crédito, em meio a taxas de juros elevadas, redução de lançamentos e financiamentos imobiliários e as indefinições com relação ao Minha Casa Minha Vida (MCMV).
 
Os lançamentos imobiliários apontaram queda de 30,2% no primeiro trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado. O recuo foi ainda maior dentro do programa habitacional MCMV, 41,8% menor ante o primeiro trimestre de 2022. A queda das vendas foi de 9,2% no total e -37,1% no MCMV, diminuindo ainda mais os estoques de obras, o que gera efetiva preocupação da indústria do cimento frente a demanda no curto e médio prazo.
 
As vendas de materiais de construção seguem em retração, reflexo da alta taxa de juros e do baixo poder de compra da população, que tem contraído cada vez mais dívidas. Em 2023, a inadimplência2 cresce em ritmo mais acelerado nas famílias da classe média, que ganham entre cinco e dez salários-mínimos mensais. De janeiro a abril, a fatia de inadimplentes nesse grupo passou de 20,4% para 22,6%.
 
Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, os índices de confiança caminham em direções opostas. O do consumidor subiu em maio, alcançando o maior nível desde outubro de 2022. 

A melhora das expectativas para os próximos meses foi disseminada entre as faixas de renda, com exceção das famílias com maior poder aquisitivo que estão mais pessimistas. O alívio da inflação no curto prazo e o aumento do salário-mínimo podem ter influenciado esse otimismo. Porém, o alto endividamento das famílias (48,5%) e o crédito caro ajudam a manter o indicador em patamar baixo e instável.
 
A confiança da construção voltou a oscilar para baixo em maio. O movimento foi generalizado em todos os segmentos, porém mais intenso nas empresas de infraestrutura. Desde outubro do ano passado a confiança tem oscilado entre altos e baixos, reflexo do crédito mais difícil e caro.